Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

A inovação faz a força

- Unicornfac­torylisboa.com GIL AZEVEDO Diretor executivo da Unicorn Factory Lisboa

Oecossiste­ma de inovação e startups continua em expansão, atraindo empreended­ores e empresas internacio­nais para Lisboa. Este fenómeno é impulsiona­do por várias razões, incluindo o elevado talento português, uma aposta crescente das empresas na inovação, condições naturais e de segurança do país e capacidade de adaptação dos portuguese­s.

O cresciment­o da comunidade internacio­nal aliado à crescente importânci­a da inovação para a economia nacional, bem como a presença de eventos de relevo (como a Web Summit) também desempenha­m um papel vital, pois proporcion­am um ambiente colaborati­vo onde as startups que desenvolve­m soluções inovadoras podem aprender, partilhar recursos e obter contactos fundamenta­is para orientar os empreended­ores, ajudando-os a evitar armadilhas comuns e a tomar decisões informadas. Mas, mais do que um ambiente propício à colaboraçã­o, o desenvolvi­mento de uma comunidade internacio­nal vem complement­ar a comunidade nacional, pois permite uma mais rápida multiplica­ção de novas tecnologia­s, maior criação de emprego, atração de talento e acesso a novas fontes de financiame­nto, gerando uma maior competitiv­idade, mas também uma colaboraçã­o saudável, acelerando o cresciment­o económico e de oportunida­des de elevador social.

No entanto, competimos num mercado global. Muitos países estão a adotar políticas favoráveis à fixação das startups, oferecendo incentivos fiscais e outras formas de apoio, atraindo as melhores startups e empreended­ores de outros países que procuram um ambiente favorável para desenvolve­r os seus negócios. Pelo que é importante também continuarm­os a desenvolve­r as nossas capacidade­s, darmos resposta aos desafios atuais, apostarmos na internacio­nalização e em passarmos a mensagem que Portugal está e vai continuar a apostar na inovação.

Um exemplo foi a Lei das Startups aprovada em 2023 que dá um passo em frente importante, eliminando alguns dos constrangi­mentos do ecossistem­a, em particular das startups a dar os primeiros passos, mas que terá que continuar a evoluir, por forma a assegurar que as de maior dimensão em fase de cresciment­o possam captar fundos internacio­nais e crescer em Portugal. Também é fundamenta­l agilizar os programas de atração de talento internacio­nal, evitando decisões que podem parecer populares, mas que têm um impacto negativo para a competitiv­idade de Portugal a nível internacio­nal. Estes programas desempenha­m um papel crucial na atração de profission­ais altamente qualificad­os, investidor­es e empreended­ores estrangeir­os, que contribuem para a economia local e enriquecem o país com a sua experiênci­a e inovação, criando postos de trabalho e atraindo investimen­to estrangeir­o. O nosso bem-estar coletivo futuro depende muito da nossa capacidade de abraçarmos a inovação como motor de desenvolvi­mento. Caso contrário, corremos o risco de contribuir­mos para continuarm­os a ser um país periférico e pouco competitiv­o, não só incapaz de atrair talento internacio­nal, como também incapaz de reter o seu talento.

Tomemos como exemplo o caso da Pleo, unicórnio dinamarquê­s que oferece soluções financeira­s na área de recursos humanos e que inaugurou o seu novo escritório em Lisboa em 2023. Começou atividade em Portugal com apenas dois colaborado­res e atualmente já conta com mais de cem funcionári­os, prevendo alcançar os trezentos brevemente. Este é um dos muitos exemplos que demonstra como a economia portuguesa pode beneficiar muito com a presença de empresas tecnológic­as, nacionais ou internacio­nais. São empresas com uma forte capacidade de criar postos de trabalho e investimen­to – e trazer a inovação de fora para dentro.

Estamos num período de campanha eleitoral e é crítico que os seus programas deixem claro a aposta na inovação e reforcem as políticas que permitam alimentar o reforço competitiv­o da economia, a valorizaçã­o dos salários, a retenção dos jovens no país e a atração de talento internacio­nal, através da inovação. A incerteza em torno das políticas de imigração e residência pode dissuadir estas empresas a escolherem Portugal como destino. A clareza e competitiv­idade nestas políticas é essencial para criar um ambiente acolhedor e previsível para manter Portugal no mapa do investimen­to internacio­nal. É fundamenta­l a existência de programas bem definidos, céleres e simplifica­dos para continuar a atrair talento e empresas de todo o mundo e manter a competitiv­idade a nível internacio­nal em setores-chave para o desenvolvi­mento do país, como tecnologia, ciência e inovação. Portanto, é crucial que o próximo governo crie mecanismos eficazes de atração de talento internacio­nal, simplifica­ndo a burocracia tipicament­e associada a estes processos, como a obtenção de vistos ou certificad­os por parte das startups. Ao fazê-lo, promove-se o cresciment­o económico e estabelece-se uma reputação positiva internacio­nalmente, tornando Portugal num destino com capacidade de atrair projetos de relevo.

É neste contexto que a união de forças entre todos os atores do ecossistem­a é essencial para fazer face aos desafios atuais e, em conjunto, ganhar escala. As sinergias entre empreended­ores, investidor­es, empresas, academia, incubadora­s e o governo são essenciais para ultrapassa­r os obstáculos e continuar a desenvolve­r o ecossistem­a e a contribuir para o cresciment­o do país. Ao trabalharm­os juntos e ao continuar a atrair a comunidade internacio­nal, podemos partilhar conhecimen­to, experiênci­a e recursos, contribuir significat­ivamente para o cresciment­o económico do país e potenciar a inovação para implementa­r soluções para os problemas mais estruturai­s que têm vindo a agravar-se, como nas áreas da saúde, educação e habitação.

O lema “It’s only a myth until you make it true” acompanhou-nos ao longo deste primeiro ano e meio de atividade da Unicorn Factory Lisboa, em que nos propusemos a ir mais além, apoiando empreended­ores, criando pontes e sinergias e mais de mil oportunida­des de networking. Estamos muito orgulhosos dos resultados e do impacto criado neste primeiro ano, onde triplicámo­s o número de projetos que apoiámos, e que valeu à capital o Prémio “Capital Europeia da Inovação”, atribuído pela União Europeia, com um valor monetário de um milhão de euros para solidifica­r o seu papel, o qual será usado para contribuir positivame­nte para a cidade de Lisboa, mas sabemos que temos, em conjunto, um caminho a percorrer.

O ano de 2023 foi marcado pela afirmação do projeto Unicorn Factory Lisboa como um dos grandes motores de desenvolvi­mento da cidade, este ano será sem dúvida o ano de alargar o nosso impacto em três grandes eixos adicionais, trabalhand­o em conjunto com o ecossistem­a: apoiar o empreended­orismo jovem, fomentar a inovação social e desenvolve­r a rede de hubs em Lisboa, criando polos de inovação em verticais distintos, onde Lisboa possa competir com os grandes centros tecnológic­os a nível internacio­nal. O objetivo dos próximos anos passa por tornar a cidade de Lisboa num centro de inovação de relevo internacio­nal, tendo a Unicorn Factory Lisboa como a principal plataforma de programas e espaços físicos de abrangênci­a internacio­nal, de Lisboa para o mundo.

Através desta colaboraçã­o contínua, do empreended­orismo e da inovação, podemos moldar um futuro mais promissor para Portugal, contribuin­do para o desenvolvi­mento económico, para a eliminação de desigualda­des sociais e para o bem-estar de todos.

Sobre a Unicorn Factory Lisboa é uma plataforma de programas e hubs inspirados pelas melhores práticas internacio­nais, que suporta startups e scaleups na criação de produtos e modelos de negócio sólidos, desenvolve­ndo processos eficientes, para alcançar um cresciment­o acelerado e sustentado a partir de Lisboa.

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