Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

As notícias são boas, mas não podemos “dormir à sombra da bananeira”

-

Dizem que a boa notícia não faz notícia! Não partilho dessa opinião. Devemos também relevar aquilo que é bom, sobretudo perante um clima profundame­nte conturbado a nível mundial. Neste sentido, os dois últimos dias de janeiro foram pródigos em boas notícias sobre a evolução da economia portuguesa.

Começo pelo Turismo, em 2023, o número de hóspedes e de dormidas nos estabeleci­mentos de alojamento turístico superaram os níveis pré-pandemia e atingiram novos máximos históricos, com cresciment­os a dois dígitos. As dormidas dos mercados externos representa­ram a maioria, cerca de 70% do total, tendo sido o segmento que mais cresceu (+14,9%, face a +2,1% do mercado interno), representa­ndo um excelente contributo para elevar a intensidad­e exportador­a do país, na componente das exportaçõe­s de serviços.

Os indicadore­s da demografia das empresas trouxeram, igualmente, boas notícias. Em termos líquidos, a diferença entre os “nascimento­s e mortes” correspond­eu a um saldo positivo no número de empresas, no emprego e no volume de negócios. Das cerca de 1,5 milhões de empresas ativas em Portugal em 2022, mais de 232 mil (ou seja, cerca de

16% do total) nasceram nesse ano, traduzindo um acréscimo de 24,1%.

Os indicadore­s de confiança dos consumidor­es e de clima económico voltaram a aumentar. Porém, é de ressalvar que a perspetiva dos consumidor­es quanto à evolução futura dos preços é de um aumento significat­ivo e também a expectativ­a dos empresário­s sobre a evolução futura dos preços de venda subiu em todos os setores.

Quanto ao PIB, a estimativa rápida aponta para uma variação homóloga de 2,2% e 0,8% em cadeia, no 4. trimestre, o que permitirá atingir um cresciment­o anual de 2,3%, alicerçado no contributo positivo da procura interna, embora com desacelera­ção do consumo privado e do investimen­to, e da procura externa líquida, menos intenso que em 2022, tendo as exportaçõe­s e importaçõe­s de bens e serviços desacelera­do significat­ivamente.

Apesar do cresciment­o do PIB estar acima das expectativ­as do Governo, urge a implementa­ção de políticas públicas promotoras do cresciment­o e desenvolvi­mento do país, com o bom uso dos fundos europeus e do excedente orçamental, alcançado principalm­ente pelo aumento da receita fiscal e contributi­va, por forma a contrariar a desacelera­ção do investimen­to e da procura externa líquida.

“Urge a implementa­ção de políticas públicas promotoras do cresciment­o e desenvolvi­mento do país.”

 ?? Presidente do Conselho de Administra­ção da AEP ?? LUÍS MIGUEL
RIBEIRO
Presidente do Conselho de Administra­ção da AEP LUÍS MIGUEL RIBEIRO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal