Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Augusta Labs Descobridores de novas ferramentas de Inteligência Artificial
Faz a ponte entre a IA e as empresas, reduzindo risco e custos de aplicação da tecnologia para resolver problemas. O resultado é a poupança de horas em tarefas rotineiras e o aumento da produtividade.
Têm 23 anos. Rodrigo e João conheceram-se miúdos no Porto e embora tenham escolhido percursos académicos diferentes, uma coisa os uniu no ano passado: criaram a Augusta Labs, uma startup que faz a ponte entre Inteligência Artificial (IA) e as empresas. A ideia parte de duas premissas: que a IA vai revolucionar a forma como vivemos e como fazemos tudo; e que as empresas não vão conseguir adotá-la à mesma velocidade a que ela é inovada. “Então surge a necessidade de haver um intermediador, uma empresa ou um grupo de pessoas que traz, de facto, essa inovação para as empresas e a implementa”, explica o cofundador João Cerejeira.
E a forma como o estão a fazer é através de projetos específicos para resolver um determinado problema que existe numa empresa, focando-se na questão principal – “para o que é que aquela empresa está a olhar naquele momento que éo game changer ?”. A Augusta Labs depois tenta resolver o problema utilizando a IA. “Ao mesmo tempo” – prossegue João –, “temos projetos que acabam por ser não direcionados, mas uma simples transformação. Tal como se falava antes em transformação digital, agora há uma transformação em AI, que é simplesmente varrer os processos de uma empresa e ir injetando AI onde faz sentido, tendo grandes incrementos em termos de produtividade”.
Mas a ambição não se fica por aqui. A Augusta Labs quer lançar produtos próprios de IA, que, por natureza, são muito mais escaláveis. “Já estamos a trabalhar nesse sentido e até estamos a desenvolver uma primeira versão, um MVP [Minimum Viable Product, que no fundo é uma versão de teste de um projeto], que surge fruto do nosso contexto. Nós temos a capacidade de ver primeiro quais são exatamente as necessidades das empresas, estamos a ter imenso contacto comercial”, explica João, revelando a visão que têm para um futuro que inclua serviços e produtos.
Ao mesmo tempo, estão todos os dias a pesquisar que ferramentas é que existem, que capacidade é que a IA já tem de impactar as empresas. Assim vão construindo a Augusta Labs, com um portefólio de clientes que será um grande acelerador de qualquer produto que desenvolvam e com os quais podem experimentá-lo até conseguirem um ajuste desse produto ao mercado (product-market fit)e concluir, então, se é viável ou não.
“Procuramos as melhores e novas ferramentas de IA que podem ajudar os nossos clientes, é isso que fazemos. E depois também temos uma componente em que, em função de um problema para o qual ainda não há uma solução out of the box que o resolva bem, então nós vamos criá-la”, resume o cofundador Rodrigo Fernandes. “Estamos numa fase de crescimento exponencial, temos muitos clientes, muita exposição, muitos novos projetos a chegar.”
Fundada em setembro de 2023, fruto do investimento destes dois amigos, a Augusta Labs, atualmente com seis colaboradores, caminha com o objetivo de faturar 400 mil euros este ano.
Nascida na rua Augusta, em Lisboa, a mais central, onde Rodrigo e João alugaram um apartamento quando chegaram à capital, a startup assume uma cultura muito própria destes jovens que se querem dedicar inteiramente ao seu projeto e da vontade de partilharem o espaço com aqueles que valorizam esta visão.
Rodrigo formou-se em Direito e Gestão, na Católica, mas o seu lado autodidata na internet foi o que vingou. Cedo juntou-se à equipa que trabalha diretamente com Virgílio Bento, CEO e fundador da Sword Health, a startup portuguesa que mais depressa se tornou um unicórnio (empresas valorizadas em mais de mil milhões de dólares), que viria a abandonar para ser o próprio Rodrigo a empreender, mas ficando sempre com Vi (como trata Virgílio Bento) como um mentor. “Ele é um dos melhores empresários portugueses e acho que nós temos potencial para sermos também dos melhores empresários em Portugal, então há um fit”, confessa Rodrigo ao revelar que já têm “coisas interessantes” para fazerem juntos.
João Cerejeira, que começou por entrar no curso de Medicina, acabou por se formar em Economia e iniciar a carreira na consultora McKinsey, onde adquiriu as competências que lhe valem hoje a aplicação neste negócio. “Eu, o Rodrigo e mais um amigo, sempre tivemos o intuito de criarmos algo especial. Nós sempre quisemos ter muito impacto no mundo, criar empresas e viver uma vida um bocadinho diferente do normal.”