Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Fintech apoia startups portuguesas num universo que já captou mais de mil milhões de euros
Estratégia passa também por estimular novas empresas a crescer no setor financeiro. Multinacional vê em Portugal “boa matéria-prima”.
A Visa vai continuar a apoiar startups e scaleups portuguesas que acrescentem inovações tecnológicas ao setor dos serviços de pagamentos, com uma segunda edição do Visa Innovation Program Europe (VIPE), a realizar no país este ano.
A primeira edição decorreu nos últimos seis meses de 2023, em Portugal e Espanha, com a multinacional a apoiar o crescimento de oito fintech (quatro portuguesas).
“O nosso grande objetivo é acelerar o desenvolvimento e a adoção de soluções inovadoras nos pagamentos de serviços, ajudando as fintech a expandir e a desenvolver negócios”, afirmou ao Dinheiro Vivo Gonçalo Santos Lopes, country manager da Visa em Portugal, à margem de um evento que decorsetor reu na última terça-feira e que assinalou o fim da primeira edição do VIPE.
Segundo Gonçalo Santos Lopes, a Visa, que está em Portugal há 54 anos, está a trabalhar para “o crescimento do sistema de pagamentos e para melhorar a segurança e a comodidade dos pagamentos”. É nesse âmbito que surge o VIPE.
O foco, depreende-se da conversa com o gestor, é garantir o futuro do setor de pagamentos apoiando e estreitando laços com o ecossistema nacional de startups, sobretudo com fintech – empresas que desenvolvem e aplicam ferramentas digitais ao setor financeiro.
“Só no ano passado, e isto é um dado da Portugal Fintech, as fintech portuguesas angariaram 65 milhões de euros”, lembra o responsável. Aliás, o último reporte da Portugal Fintech indica que o levantou mais de 1,1 mil milhões de euros desde que a entidade mede a operação deste tipo de empresas.
Portugal “não é tão desenvolvido como o Reino Unido e a Alemanha” nesta área, mas o country manager da Visa Portugal considera que os investidores estão “cada vez mais atentos” ao país. “Temos boa matéria-prima”, realçou, notando que “tem havido um esforço de promoção da inovação [portuguesa]” por parte de quem legisla, das entidades reguladoras e das entidades privadas. “Se podem fazer mais? É óbvio que podem, mas temos de ter noção das dificuldades que o país atravessa”, disse, sublinhando que a Visa com o VIPE procura dar uma ajuda.
E o que é fundamental para as fintech vingarem? “O que se procura a nível global é a escalabilidade das soluções. É o maior desafio”.
E, nesse campo, com base na primeira edição do VIPE, o gestor afirmou que as empresas acompanhadas “têm essas condições e um modelo de negócio interessante, que pode ser aplicado em toda a Europa pelo menos”.
O VIPE prevê para as empresas selecionadas acesso à rede de companhias parceiras da multinacional norte-americana, bem como formação, sessões de mentoria e contacto com investidores.
Na primeira edição do VIPE foram selecionadas as portuguesas Coverflex, Fraudio, Holywally e Goscore. Em Espanha, foram admitidas a TOQIO, Dedomena AI, Reveni e Dogood People. Houve 111 candidaturas. O VIPE surgiu em 2019 e tem decorrido em Itália, Grécia, Chipre, Malta, Turquia, além de Portugal e Espanha, com parceria da Fintech Solutions e da Hackquarters.
Na primeira edição do VIPE em Portugal e Espanha houve 111 candidaturas. Oito startups foram selecionadas, quatro de cada país.