Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Como a IA é chave para inovar os negócios
Todas as tecnologias novas têm o potencial para mudar vidas. Mas há algumas que ao longo da minha vida sobressaem por terem sido tão mágicas e especiais: o computador pessoal e a democratização da informática da qual o meu querido ZX Spectrum era tão bom exemplo, a World Wide Web que a meio da minha licenciatura veio democratizar o acesso à informação, e por fim o smartphone, que junta as duas coisas colocando-nos a todos um computador pessoal no bolso com acesso a toda a informação do mundo.
A Inteligência Artificial é a próxima grande mudança – uma tecnologia que pode vir a ser tão transformadora para o mundo como a descoberta do fogo ou da eletricidade.
Em 2023, após uma década de progressos significativos no seu desenvolvimento, a Inteligência Artificial (IA) irrompeu finalmente na discussão pública, expandindo o nosso conceito das possibilidades, desafiando a forma como abordamos muitas tarefas e desencadeando intensos debates. Se 2023 foi o ano em que o mundo começou a experimentar a IA, 2024 é o ano que irá traçar o rumo do impacto que esta terá na sociedade nas próximas décadas.
Isto torna este ano um momento de oportunidade urgente. Se o mundo o fizer corretamente, a IA ajudar-nos-á nas tarefas quotidianas, bem como nos nossos desafios mais ambiciosos e imaginativos, permitirá a inovação e a prosperidade e irá beneficiar as pessoas em todo o mundo, incluindo aqui em Portugal. Para isto, temos de trabalhar de forma proativa e coletiva para concretizar os benefícios da IA, enfrentar os seus desafios e riscos e governá-la de forma que gere confiança.
A nível mundial, o valor do potencial económico da IA foi estimado entre 17 e 25 mil milhões de dólares. Parte deste benefício económico será o resultado de empreendedores e empresas de todas as dimensões a aproveitarem a IA para inovação, criação e serem mais produtivos.
Aqui em Portugal, nenhuma tecnologia atual tem um maior potencial para impulsionar a competitividade do nosso país do que a IA. Num novo relatório encomendado pela Google, a Public First concluiu que a IA generativa poderá aumentar a dimensão da economia portuguesa em 15 mil milhões de euros (ou o equivalente a 8% do Valor Acrescentado Bruto ou 6% do Produto Interno Bruto) e poupar, em média, mais de 80 horas por ano a cada trabalhador – o equivalente a duas semanas de trabalho. O desafio histórico do nosso país em relação à produtividade é bem conhecido: ao ajudar a focar os Portugueses em tarefas mais produtivas e criativas, a IA pode acelerar o crescimento económico e, por sua vez, a trazer progressos nos desafios sociais.
Embora a IA possa ser uma oportunidade transformadora para a economia portuguesa, o facto de garantir que as ferramentas certas estão disponíveis para as grandes e pequenas empresas será crucial para garantir que maximizamos as suas oportunidades. O estudo da Public First mostra que 86% dos trabalhadores em Portugal pensam que as ferramentas
“Este é um daqueles momentos mágicos de aceleração de tecnologia de que nos vamos lembrar bem no futuro, como nos lembramos do nosso primeiro computador pessoal, das primeiras experiências com a internet ou do nosso primeiro smartphone.”
generativas de IA os vão ajudar a ser mais produtivos, sendo que este valor sobe para 91% por parte dos trabalhadores de escritório. Ao implementar a IA nas empresas para ajudar na monitorização preventiva dos riscos e na melhoria das competências dos trabalhadores em matéria de cibersegurança, Portugal poderia mitigar 690 milhões de euros de riscos de cibersegurança.
Para as empresas a IA é uma oportunidade histórica para elevar a nossa capacidade de competir internacionalmente: só estando na frente desta revolução é que podemos continuar o nosso caminho de transição digital que tanto impacto positivo tem tido no empreendedorismo e na exportações nacionais.
Hoje só é possível ver empresas digitais portuguesas a exportar para mercados como os Estados Unidos devido à escala e eficiência que a IA consegue imprimir às suas operações, especialmente no marketing digital. Empresas como a Bizay, Indiecampers, B-Parts, Hey Harper, entre tantas outras, conseguem competir nos Estados Unidos em grande parte devido a essas ferramentas de automatização.
Por exemplo, o relatório estima que a Pesquisa e os Anúncios da Google apoiaram em 400 milhões de euros em exportações para a economia portuguesa no último ano e que, com base no tempo poupado, em média, a um trabalhador pela Pesquisa Google e pelo Google Workspace, os serviços Google produzem uma melhoria de 11,6 mil milhões de euros por ano na produtividade dos trabalhadores para a economia de Portugal.
Mas, tal como o mundo fez com os avanços tecnológicos anteriores, precisamos de navegar pelas complexidades sociais de como a IA vai fazer evoluir o mercado de trabalho. Se o conseguirmos fazer corretamente, a IA oferece uma via para ajudar as pessoas, dinamizar as nossas economias e expandir a prosperidade partilhada. Mas precisamos de abordar cuidadosamente as questões relacionadas com a inclusão e a requalificação, com foco na forma como a IA pode complementar, em vez de substituir, a capacidade humana.
A cada transição digital, adquirir novas competências é absolutamente vital, e com a IA não vai ser diferente. Por isso, é por vezes bom lembrar que o valor da Google para a sociedade portuguesa é imprescindível: todos os anos, as competências digitais que as pessoas aprendem através da Pesquisa Google impulsionam a economia em Portugal em 2,3 mil milhões de euros. Além disso, 79% dos utilizadores utilizam a Pesquisa Google para aprender uma nova competência e continuar a sua aprendizagem ao longo da vida, e 40% para procurar um novo emprego no último ano.
Este é um daqueles momentos mágicos de aceleração de tecnologia de que nos vamos lembrar bem no futuro, como nos lembramos do nosso primeiro computador pessoal, das primeiras experiências com a internet ou do nosso primeiro smartphone. Se trabalharmos juntos, a IA tem o potencial para nos ajudar a construir uma sociedade melhor, mais justa e mais saudável – e para apoiar a competitividade e o crescimento inclusivo. Cabe-nos a todos fazer com que isto aconteça: trabalhar com ousadia, com responsabilidade e em conjunto.