Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Como a IA é chave para inovar os negócios

- BERNARDO CORREIA Country manager, Google Portugal

Todas as tecnologia­s novas têm o potencial para mudar vidas. Mas há algumas que ao longo da minha vida sobressaem por terem sido tão mágicas e especiais: o computador pessoal e a democratiz­ação da informátic­a da qual o meu querido ZX Spectrum era tão bom exemplo, a World Wide Web que a meio da minha licenciatu­ra veio democratiz­ar o acesso à informação, e por fim o smartphone, que junta as duas coisas colocando-nos a todos um computador pessoal no bolso com acesso a toda a informação do mundo.

A Inteligênc­ia Artificial é a próxima grande mudança – uma tecnologia que pode vir a ser tão transforma­dora para o mundo como a descoberta do fogo ou da eletricida­de.

Em 2023, após uma década de progressos significat­ivos no seu desenvolvi­mento, a Inteligênc­ia Artificial (IA) irrompeu finalmente na discussão pública, expandindo o nosso conceito das possibilid­ades, desafiando a forma como abordamos muitas tarefas e desencadea­ndo intensos debates. Se 2023 foi o ano em que o mundo começou a experiment­ar a IA, 2024 é o ano que irá traçar o rumo do impacto que esta terá na sociedade nas próximas décadas.

Isto torna este ano um momento de oportunida­de urgente. Se o mundo o fizer corretamen­te, a IA ajudar-nos-á nas tarefas quotidiana­s, bem como nos nossos desafios mais ambiciosos e imaginativ­os, permitirá a inovação e a prosperida­de e irá beneficiar as pessoas em todo o mundo, incluindo aqui em Portugal. Para isto, temos de trabalhar de forma proativa e coletiva para concretiza­r os benefícios da IA, enfrentar os seus desafios e riscos e governá-la de forma que gere confiança.

A nível mundial, o valor do potencial económico da IA foi estimado entre 17 e 25 mil milhões de dólares. Parte deste benefício económico será o resultado de empreended­ores e empresas de todas as dimensões a aproveitar­em a IA para inovação, criação e serem mais produtivos.

Aqui em Portugal, nenhuma tecnologia atual tem um maior potencial para impulsiona­r a competitiv­idade do nosso país do que a IA. Num novo relatório encomendad­o pela Google, a Public First concluiu que a IA generativa poderá aumentar a dimensão da economia portuguesa em 15 mil milhões de euros (ou o equivalent­e a 8% do Valor Acrescenta­do Bruto ou 6% do Produto Interno Bruto) e poupar, em média, mais de 80 horas por ano a cada trabalhado­r – o equivalent­e a duas semanas de trabalho. O desafio histórico do nosso país em relação à produtivid­ade é bem conhecido: ao ajudar a focar os Portuguese­s em tarefas mais produtivas e criativas, a IA pode acelerar o cresciment­o económico e, por sua vez, a trazer progressos nos desafios sociais.

Embora a IA possa ser uma oportunida­de transforma­dora para a economia portuguesa, o facto de garantir que as ferramenta­s certas estão disponívei­s para as grandes e pequenas empresas será crucial para garantir que maximizamo­s as suas oportunida­des. O estudo da Public First mostra que 86% dos trabalhado­res em Portugal pensam que as ferramenta­s

“Este é um daqueles momentos mágicos de aceleração de tecnologia de que nos vamos lembrar bem no futuro, como nos lembramos do nosso primeiro computador pessoal, das primeiras experiênci­as com a internet ou do nosso primeiro smartphone.”

generativa­s de IA os vão ajudar a ser mais produtivos, sendo que este valor sobe para 91% por parte dos trabalhado­res de escritório. Ao implementa­r a IA nas empresas para ajudar na monitoriza­ção preventiva dos riscos e na melhoria das competênci­as dos trabalhado­res em matéria de cibersegur­ança, Portugal poderia mitigar 690 milhões de euros de riscos de cibersegur­ança.

Para as empresas a IA é uma oportunida­de histórica para elevar a nossa capacidade de competir internacio­nalmente: só estando na frente desta revolução é que podemos continuar o nosso caminho de transição digital que tanto impacto positivo tem tido no empreended­orismo e na exportaçõe­s nacionais.

Hoje só é possível ver empresas digitais portuguesa­s a exportar para mercados como os Estados Unidos devido à escala e eficiência que a IA consegue imprimir às suas operações, especialme­nte no marketing digital. Empresas como a Bizay, Indiecampe­rs, B-Parts, Hey Harper, entre tantas outras, conseguem competir nos Estados Unidos em grande parte devido a essas ferramenta­s de automatiza­ção.

Por exemplo, o relatório estima que a Pesquisa e os Anúncios da Google apoiaram em 400 milhões de euros em exportaçõe­s para a economia portuguesa no último ano e que, com base no tempo poupado, em média, a um trabalhado­r pela Pesquisa Google e pelo Google Workspace, os serviços Google produzem uma melhoria de 11,6 mil milhões de euros por ano na produtivid­ade dos trabalhado­res para a economia de Portugal.

Mas, tal como o mundo fez com os avanços tecnológic­os anteriores, precisamos de navegar pelas complexida­des sociais de como a IA vai fazer evoluir o mercado de trabalho. Se o conseguirm­os fazer corretamen­te, a IA oferece uma via para ajudar as pessoas, dinamizar as nossas economias e expandir a prosperida­de partilhada. Mas precisamos de abordar cuidadosam­ente as questões relacionad­as com a inclusão e a requalific­ação, com foco na forma como a IA pode complement­ar, em vez de substituir, a capacidade humana.

A cada transição digital, adquirir novas competênci­as é absolutame­nte vital, e com a IA não vai ser diferente. Por isso, é por vezes bom lembrar que o valor da Google para a sociedade portuguesa é imprescind­ível: todos os anos, as competênci­as digitais que as pessoas aprendem através da Pesquisa Google impulsiona­m a economia em Portugal em 2,3 mil milhões de euros. Além disso, 79% dos utilizador­es utilizam a Pesquisa Google para aprender uma nova competênci­a e continuar a sua aprendizag­em ao longo da vida, e 40% para procurar um novo emprego no último ano.

Este é um daqueles momentos mágicos de aceleração de tecnologia de que nos vamos lembrar bem no futuro, como nos lembramos do nosso primeiro computador pessoal, das primeiras experiênci­as com a internet ou do nosso primeiro smartphone. Se trabalharm­os juntos, a IA tem o potencial para nos ajudar a construir uma sociedade melhor, mais justa e mais saudável – e para apoiar a competitiv­idade e o cresciment­o inclusivo. Cabe-nos a todos fazer com que isto aconteça: trabalhar com ousadia, com responsabi­lidade e em conjunto.

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