Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

A mobilidade urbana constrói pontes entre ilhas

- BRUNO CONTREIRAS MATEUS Jornalista

Pensar nos dias de hoje em mobilidade urbana exige responsabi­lidade política e um planeament­o estratégic­o que vá muito além das infraestru­turas e dos transporte­s. É preciso imprimir neste plano uma verdadeira revolução que dê resposta às necessidad­es mais prementes e imediatas dos cidadãos e da economia nacional, integrando fatores urgentes de sustentabi­lidade ambiental, o comércio e serviços, a habitação, a coesão territoria­l e social, e tendo também como objetivo potenciar a melhoria das condições de vida e económicas das populações, aumentando a sua capacidade de se deslocar. Este é um tema sério. Apesar de o poder local ser determinan­te para a mudança, do ponto de vista estrutural cabe ao próximo governo compromete­r-se seriamente nesta transforma­ção – que eu diria que, no fundo, é uma integração global do país. E, para isso, é preciso olhar primeiro ao que ficou por fazer, antes de seguirmos para as habituais promessas eleitorais.

Pedro Nuno Santos, enquanto ministro das Infraestru­turas, ficou longe da revolução prometida pelo PS para a ferrovia, como pode ler no artigo das páginas 6 e 7 desta edição. Muitas das atuais promessas eleitorais já estão com atraso, caso disso é a aprovação do Plano Nacional Ferroviári­o. O que ficou por fazer já se teria traduzido na melhoria das condições de vida das populações e já teria tirado muitos carros e camiões (no transporte de mercadoria­s) das estradas, poupando também o ambiente. Exemplo disso seria a melhoria da Linha do Norte, a construção da Linha de Trás-os-Montes, a eletrifica­ção das Linhas do Douro, Oeste, Alentejo e Leste, o lançamento da construção de uma nova travessia ferroviári­a sobre o Tejo (que ligue norte e sul do país), e de ligações de superfície nas grandes áreas metropolit­anas.

Mas é preciso também melhorar a integração rápida entre as várias redes de transporte­s públicos, para não excluir áreas que hoje estão totalmente isoladas e que condiciona­m fortemente a mobilidade das suas populações, o comércio e serviços, o acesso a habitação. Por esta via se contraria também os efeitos migratório­s para as grandes cidades.

De facto, o TGV e o novo aeroporto são projetos dos mais estruturan­tes para o país, mas um governo não se pode esquecer de promover a coesão territoria­l através de uma rede de transporte­s públicos que promova maior igualdade nas deslocaçõe­s das populações e desmotive a utilização do transporte individual.

Os últimos oito anos de governação socialista não são o único culpado. Seria fácil apontar-lhes o dedo só porque estão mais próximos na memória dos portuguese­s. Mas tanto nesta área como em outras estruturai­s, como a Habitação, a Saúde, a Educação, a Justiça, o desinvesti­mento em muitos aspetos fundamenta­is é compartilh­ado pelo PSD. Mas há muitos avanços também que, obviamente, se devem a estes dois partidos. Acontece que hoje a mobilidade urbana impacta em todas os setores e permite atenuar problemas no acesso à habitação, na criação de mais emprego, no acesso à saúde e à educação. A mobilidade urbana constrói pontes entre ilhas, aproxima território­s e pessoas, promove um acesso mais igualitári­o a oportunida­des de emprego e de educação, melhora as condições económicas.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal