Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Só 52% das empresas do setor do turismo em Portugal têm website
Centro NEST promove ações para familiarizar as PME do turismo com as novas tecnologias. E há muito trabalho pela frente.
Numa época em que a grande maioria das pessoas anda agarrada ao telemóvel e é nos dispositivos tecnológicos que pesquisam destinos de férias, reservam viagens de avião e alojamento, alugam carro, procuram e adquirem experiências, apenas 52% das empresas do setor do turismo em Portugal têm um website. Roberto Antunes, diretor executivo do NEST - Centro de Inovação do Turismo, revela ainda que nem 2% utiliza ferramentas tecnológicas na sua atividade.
O setor apresenta “algum atraso face a outras atividades económicas” e existe inclusive uma enorme discrepância entre empresas, diz. O negócio da aeronáutica é, por exemplo, “super digitalizado”, mas, depois, “há empresas que nem website têm”. O NEST tem “muito trabalho para fazer e esse trabalho tem de ser focado nas PME”, sublinha o responsável. Nesse caminho, tem vindo a desenvolver um conjunto de ações para “ajudar as PME a ter metodologias para trabalhar em inovação” e também a diagnosticar “onde podem ou têm oportunidades de inovar”.
Criado em 2019 como associação privada sem fins lucrativos, o NEST encontrou na pandemia a oportunidade para chegar às empresas do turismo. Como adianta Roberto Antunes, a paragem forçada do turismo devido à covid-19 foi “um momento para conectar com as empresas. Fizemos mais de 100 webinars desde essa altura e registou-se mais de 40 mil visualizações do curso de marketing digital, que é uma das grandes carências do setor do turismo”. A pandemia “forçou a introdução de soluções digitais, desmistificou a tecnologia, quebrou barreiras”, frisa. A partir daí, verificou-se um “crescendo na adoção de ferramentas tecnológicas”, mas “isto é uma viagem”.
Para impulsionar esse percurso, o NEST está a coordenar o Polo de
Inovação Digital InnovTourism DIH, que visa ser um ponto de apoio às PME na sua capacitação tecnológica. Segundo Roberto Antunes, este projeto, que implica um investimento anual de um milhão de euros, financiado a 75% pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), está prestes a arrancar com uma oferta de serviços para o setor melhorar os processos e produtos, utilizando tecnologias digitais. O menu integra consultoria para obtenção de financiamento, capacitação de recursos humanos e apoio ao desenvolvimento de negócios e construção de estratégias.
Este balcão, que tem financiamento assegurado por um período de sete anos, pretende responder à necessidade das empresas com soluções como inteligência artificial, realidade aumentada e realidade virtual, modelagem e simulação, internet of things, blockchain, big data, biometria e mobilidade. Outra das apostas é atuar em áreas onde exista insuficiência do mercado, tendo sido identificadas matérias como o turismo
inteligente, desmaterialização de processos, comunicação de marca e produto ou plataformas colaborativas.
Também prestes a arrancar encontra-se o Centro de Incubação de Base Tecnológica, que ficará sediado no campus da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril. Segundo Roberto Antunes, o centro servirá de “escritório para instalar startups” e, em simultâneo, afirmar-se como uma âncora de inovação junto dos mais de dois mil estudantes que frequentam o campus.
Em conjunto com o Turismo de Portugal e a Confederação do Turismo de Portugal, o NEST está ainda envolvido na agenda mobilizadora do PRR “Acelerar e transformar o turismo”, que agrega 44 entidades e um investimento de 150 milhões de euros, 18% dos quais já executados. O NEST é o projeto-âncora da iniciativa Turismo 4.0, tem sede na Covilhã, e conta com a ANA-Aeroportos, BPI, Brisa, Google, Microsoft, BCP, NOS e o Turismo de Portugal como fundadores.