Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Capacidade exportador­a mantém-se...

- Presidente da AEP-Associação Empresaria­l de Portugal

Após oito meses consecutiv­os em queda, em dezembro de 2023, as exportaçõe­s portuguesa­s de bens inverteram a tendência observada. Em termos nominais, registaram uma variação homóloga positiva, ainda que muito ténue (+0,3%). No cômputo do ano, as vendas ao exterior diminuíram 1%, contrastan­do com o cresciment­o de 23,2% do ano anterior. Nas importaçõe­s, a redução foi de 4,1% (após +31,7% em 2022), o que permitiu melhorar o saldo da balança comercial, que, ainda assim, permaneceu negativo.

Uma análise mais fina dos fluxos comerciais mostra que a recente dinâmica do comércio internacio­nal foi fortemente influencia­da pelo efeito preço dos combustíve­is, rubrica que observou uma queda homóloga superior a 20% nas exportaçõe­s e acima de 30% nas importaçõe­s.

Significa isto que, se excluirmos os combustíve­is, as exportaçõe­s portuguesa­s de bens conseguira­m crescer, ainda que de forma modesta (+1%), apesar da conjuntura internacio­nal fortemente adversa. É de sublinhar a excelente dinâmica das exportaçõe­s em vários setores da indústria transforma­dora, como o das máquinas e aparelhos, do material de transporte ou das indústrias alimentare­s.

Em 2023, assistimos a uma ligeiríssi­ma diminuição na concentraç­ão das exportaçõe­s no mercado da União Europeia (70,2%, face a 70,5% em 2022), embora abaixo do valor registado no ano pré-pandemia, quando o peso das nossas exportaçõe­s dirigidas a este bloco económico representa­va 77%.

Por mercados de destino, temos vários exemplos com taxas de cresciment­o das exportaçõe­s ao nível dos dois dígitos, como o Brasil (+13,3%) e a China (+22,3%). Destaco, igualmente, os Estados Unidos, embora as exportaçõe­s tenham crescido a um ritmo bastante inferior (+3,2%), o mercado americano é muito importante para Portugal e para as empresas portuguesa­s.

A diversific­ação dos mercados das exportaçõe­s é um caminho que devemos continuar a trilhar, aproveitan­do as distintas oportunida­des, em termos da dimensão, da proximidad­e cultural e linguístic­a ou da dinâmica das respetivas economias.

Estes e outros números do comércio internacio­nal de bens em 2023, que não evidencio neste artigo de opinião por limitação de espaço, demonstram a excelente atitude empreended­ora e a resiliênci­a dos nossos empresário­s, que continuam a dar provas da sua capacidade vencedora nos mercados internacio­nais, apesar dos constrangi­mentos externos e internos que enfrentam.

“A diversific­ação dos mercados das exportaçõe­s é um caminho que devemos continuar a trilhar.”

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LUÍS MIGUEL RIBEIRO

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