Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Transformação digital é o novo rei Midas
Afórmula da Coca-Cola é mantida em segredo há mais de 130 anos – é a alma do negócio, como dirão alguns –, mas não quer dizer que a sua produção tenha parado no tempo. A verdade, é que evoluiu bastante nos últimos anos. A transformação digital chegou à indústria para marcar a entrada de uma nova revolução, que perante a globalização ajuda a manter elevados níveis de competição face aos concorrentes e a fábricas do mesmo produto noutras geografias, potencia exportações e torna cada vez mais ambiciosos os objetivos de sustentabilidade. É preciso inovar, acelerar neste motor da economia.
A Coca-Cola Europacific Partners, que na Península Ibérica está em Espanha, Portugal e Andorra, é um exemplo de uma empresa que usou a transformação digital, através da automação, da otimização das linhas de produção e da sustentabilidade para se defender como maior engarrafador independente por receitas da Coca-Cola Company (como pode ler na reportagem nesta edição). As vantagens, como se percebe, não são apenas para as empresas, estendem-se a toda a sociedade.
Mas para isso é preciso fazer mais investimento na digitalização dos serviços públicos. Ainda na edição passada do Dinheiro Vivo, João Dias, presidente da Agência para a Modernização Administrativa (AMA), reforçava a ideia, num artigo de opinião, que é necessário e premente facilitar os serviços públicos e a sua relação com os cidadãos, promovendo a digitalização e melhorando todos os processos inerentes. No balanço dos cinco anos do portal ePortugal, o presidente da AMA destacava que já estão disponíveis informações sobre mais de 2000 serviços públicos para cidadãos e empresas, contando já com 630 mil utilizadores registados. Claro que os números revelam uma pegada de sucesso, mas estão longe ainda do caso da Estónia, onde 99% dos serviços públicos estão online, destaca ainda.
A transformação digital, não nos esqueçamos, inclui a aquisição de competências pelos trabalhadores. A aposta na formação e reconversão de quadros e na inclusão nos cursos de ensino secundário e universitário de áreas como blockchain, inteligência artificial (IA), data science, cloud, cibersegurança, e até ética associada ao uso da tecnologia, é fundamental para se alinhar a sociedade às empresas e setor público na digitalização.
Nas conclusões do novo Forecast Corporate Affairs 2024 “Ativismo corporativo para um ano difícil”, da LLYC, Marlene Gaspar, diretora-geral da consultora em Corporate Affairs e Marketing e coautora do estudo, é bastante elucidativa em relação ao esforço que as empresas têm de fazer perante os desafios de hoje: “É imprescindível que os CEO ampliem a sua presença social para se alinharem melhor com o contexto atual. A transformação da geopolítica numa questão económica, o impacto disruptivo da IA e a crescente polarização destacam a necessidade de uma nova abordagem empresarial que reflita estes novos tempos. Caso contrário, as empresas correm o risco de sofrer o afastamento dos seus clientes, colaboradores e da sociedade em geral”. Sem transformação digital será difícil atrair e reter talento, ganhar mercado e clientes, e manter-se resiliente.