Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Transforma­ção digital é o novo rei Midas

- BRUNO CONTREIRAS MATEUS Jornalista

Afórmula da Coca-Cola é mantida em segredo há mais de 130 anos – é a alma do negócio, como dirão alguns –, mas não quer dizer que a sua produção tenha parado no tempo. A verdade, é que evoluiu bastante nos últimos anos. A transforma­ção digital chegou à indústria para marcar a entrada de uma nova revolução, que perante a globalizaç­ão ajuda a manter elevados níveis de competição face aos concorrent­es e a fábricas do mesmo produto noutras geografias, potencia exportaçõe­s e torna cada vez mais ambiciosos os objetivos de sustentabi­lidade. É preciso inovar, acelerar neste motor da economia.

A Coca-Cola Europacifi­c Partners, que na Península Ibérica está em Espanha, Portugal e Andorra, é um exemplo de uma empresa que usou a transforma­ção digital, através da automação, da otimização das linhas de produção e da sustentabi­lidade para se defender como maior engarrafad­or independen­te por receitas da Coca-Cola Company (como pode ler na reportagem nesta edição). As vantagens, como se percebe, não são apenas para as empresas, estendem-se a toda a sociedade.

Mas para isso é preciso fazer mais investimen­to na digitaliza­ção dos serviços públicos. Ainda na edição passada do Dinheiro Vivo, João Dias, presidente da Agência para a Modernizaç­ão Administra­tiva (AMA), reforçava a ideia, num artigo de opinião, que é necessário e premente facilitar os serviços públicos e a sua relação com os cidadãos, promovendo a digitaliza­ção e melhorando todos os processos inerentes. No balanço dos cinco anos do portal ePortugal, o presidente da AMA destacava que já estão disponívei­s informaçõe­s sobre mais de 2000 serviços públicos para cidadãos e empresas, contando já com 630 mil utilizador­es registados. Claro que os números revelam uma pegada de sucesso, mas estão longe ainda do caso da Estónia, onde 99% dos serviços públicos estão online, destaca ainda.

A transforma­ção digital, não nos esqueçamos, inclui a aquisição de competênci­as pelos trabalhado­res. A aposta na formação e reconversã­o de quadros e na inclusão nos cursos de ensino secundário e universitá­rio de áreas como blockchain, inteligênc­ia artificial (IA), data science, cloud, cibersegur­ança, e até ética associada ao uso da tecnologia, é fundamenta­l para se alinhar a sociedade às empresas e setor público na digitaliza­ção.

Nas conclusões do novo Forecast Corporate Affairs 2024 “Ativismo corporativ­o para um ano difícil”, da LLYC, Marlene Gaspar, diretora-geral da consultora em Corporate Affairs e Marketing e coautora do estudo, é bastante elucidativ­a em relação ao esforço que as empresas têm de fazer perante os desafios de hoje: “É imprescind­ível que os CEO ampliem a sua presença social para se alinharem melhor com o contexto atual. A transforma­ção da geopolític­a numa questão económica, o impacto disruptivo da IA e a crescente polarizaçã­o destacam a necessidad­e de uma nova abordagem empresaria­l que reflita estes novos tempos. Caso contrário, as empresas correm o risco de sofrer o afastament­o dos seus clientes, colaborado­res e da sociedade em geral”. Sem transforma­ção digital será difícil atrair e reter talento, ganhar mercado e clientes, e manter-se resiliente.

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