Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Revolution Hope Imagination Iniciativa ajuda artistas a lançarem-se lá fora
Evento dedicado à cultura portuguesa dá a conhecer artistas nacionais e promove-os no estrangeiro. Iniciativa acontece de 14 a 23 deste mês, passa por 14 cidades, onde acontecem palestras, workshops e showcases.
A sexta edição do RHI – Revolution Hope Imagination realiza-se de 14 a 23 deste mês e tem, como desde o seu início, a missão de colocar Portugal – mais concretamente a nossa cultura – nas bocas do mundo.
O RHI nasceu da vontade da atriz e jornalista portuguesa Ana Miranda, que depois de se ter mudado para Nova Iorque percebeu que o conhecimento que ali existia sobre o nosso país era muito limitado. “Chegou a uma altura neste meu percurso em que eu olhava e via que não existia nada sobre o Portugal contemporâneo, apenas o Portugal das pessoas que emigraram há muito tempo para cá”, recordou, ao Dinheiro Vivo.
A ideia de mostrar o “seu Portugal” ao mundo não a abandonava e “sempre que encontrava algum representante do governo português dizia-lhe que tínhamos de ter aqui um espaço para apresentar a cultura portuguesa”.
Da ideia “megalómana” de Ana Miranda (como, lembra, muitos adjetivaram a sua ambição) nasceu em 2011 o Art Institute, em Nova Iorque, que agora organiza o RHI. A intenção inicial era começar com um festival de curtas metragens portuguesas e a partir daí Ana decidiu fazer um site maior, um portal ao qual deu o nome de Art Institute. O festival de curtas metragens arrancou, foi um sucesso, e o trabalho avançou. “Em três meses estávamos a fazer mais do que tinha sido feito nos últimos anos”, orgulha-se a artista, revelando que, antes da pandemia, o Art Institute fazia um total de 123 dias de eventos por ano, em 38 países, com um orçamento de 120 mil dólares (cerca de 111 mil euros).
Foi assim que nasceu o RHI, que já leva seis edições. “O RHI nasce exatamente do facto de não podermos internacionalizar todos os artistas do país. Então, o que é que começámos a fazer? Criámos um evento super descentralizado – na minha ótica, é o evento mais descentralizado que acontece em Portugal,
independentemente de ser sociedade civil ou não – porque acontece em todo o país”, detalha Ana Miranda. Como é impossível levar todos os artistas nacionais ao estrangeiro, através do RHI são os programadores que vêm a Portugal ver os artistas, que assim têm uma maior oportunidade de reconhecimento. “Oferecer a oportunidade às pessoas de darem um impulso à sua carreira internacional foi sempre o grande conceito do evento”, garante a mentora.
Vários participantes das edições anteriores conseguiram ter a sua carreira internacionalizada, com
A sexta edição do RHI será mais dedicada às artes plásticas, embora as outras áreas também possam participar nos trabalhos.
atuações no estrangeiro em palcos grandes. “Todos me dizem que atuar lá fora tem uma repercussão muito grande nos trabalhos que conseguem em Portugal”, revelou Ana Miranda, exemplificando os casos de Surma, Moullinex, Churky, Ap The Rapper, Ricardo J.Martin, Dança em Diálogos, Karyna Gomes, Guarda-Rios ou Marcelo Magdalene.
Esta edição do evento, que vai passar por 14 cidades onde vão decorrer as palestras, workshops ou showcases, vem com uma novidade. “Este ano estamos a dar uma especial atenção às artes plásticas”. “Vêm muitos curadores da área” e, precisamente por isso, o RHI está a escolher os artistas que possam ter interesse no evento. Uma exposição de artes plásticas não é coisa de pouca monta e, por isso, Ana Miranda quis esperar até poder ter um evento mais dedicado à área. “Agora, nós já temos possibilidade para o fazer e é a grande aposta deste ano – não descurando as outras que podem vir na mesma, porque as palestras são transversais –, mas há realmente aqui um foco, principalmente nos showcases”, sublinha, louvando os apoios que o evento tem e frisando que as autarquias também fazem parte de logística e dão algum suporte.
A partir de dia 14, o RHI vai estar em Cascais, Torres Vedras, Alcobaça, Funchal, Leiria, Loulé, Faro, Torres Novas, Évora, Nazaré, Vidigueira, Braga, Porto e Lisboa.