Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Bensaude Hotels atinge receita recorde de 45 milhões de euros
O maior grupo hoteleiro dos Açores teve um ano histórico impulsionado pelo crescente apetite dos turistas norte-americanos. Em curso está um investimento de cinco milhões e a aposta na expansão do portefólio.
“2023 foi o nosso melhor ano de sempre”. A frase, que tem sido comum aos vários empresários do turismo, é também replicada por Jorge Aguiar, administrador executivo do Bensaude Turismo que detém o maior grupo hoteleiro dos Açores. A Bensaude Hotels Collection registou um aumento das receitas, no ano passado, de 10% para 45 milhões de euros, “um resultado histórico”, sublinha o responsável. Os lucros totais ainda não estão apurados, mas também aqui as perspetivas são de recorde. Das parcelas da soma constam um aumento global do preço médio por noite de 20%, face a 2022, e o crescente apetite do mercado norte-americano, que cresceu 45% em 2023.
Os turistas dos Estados Unidos superaram, em valor e pela primeira vez, o mercado nacional na operação do grupo, uma vez que pagaram “preços mais interessantes”. Já os turistas do Canadá cresceram 32% e, no mapa europeu, a Bélgica destacou-se com uma subida de 29%. O aumento dos proveitos permitiu ao grupo, que detém sete unidades nos Açores e uma em Lisboa, compensar o peso dos custos com a eletricidade, que dispararam 60%. “O tarifário da eletricidade nos Açores está a ter um peso enorme, mas temos conseguido acomodar esses aumentos. Temos conseguido melhorar a eficiência energética com investimentos em energias limpas, parques fotovoltaicos e sistema de aquecimento de águas através da energia terminal”, explica o administrador. Este ano, o Bensaude Hotels Collection vai investir cinco milhões de euros em renovações nas várias unidades e na abertura da Casa de Chá da Lagoa das Furnas, no Parque Terra Nostra.
Em vista está também a expansão do portefólio no arquipélago. “Estamos a avaliar possibilidades numa lógica de qualificação do destino. Não contamos construir hotéis de 150 quartos. Os Açores não precisam disso, mas sim, de unidades que complementem e que façam crescer o destino, mas numa lógica de valor”, explica o administrador. No território continental, as perspetivas são mais tímidas uma vez que “existe um aquecimento muito expressivo do mercado imobiliário nas principais cidades”.
Grupo hoteleiro quer apostar em novas unidades mais pequenas que valorizem os Açores.
Low-cost são essenciais nos Açores
Sobre a conectividade aérea na região, o empresário destaca que os Açores têm registado “uma grande procura por parte de companhias internacionais na época alta” e defende que é preciso, em termos de promoção, “passar à fase seguinte” e estender as ligações aos meses de menor procura. O cenário, diz, já está a ganhar forma e há já transportadoras aéreas a antecipar as suas operações em dois meses para abril e maio, um passo “importante”, denota.
Jorge Aguiar acredita que o serviço das companhias aéreas low-cost são estruturais no turismo local e assume que o encerramento da base da Ryanair em Ponta Delgada já está a ter impacto. “Num destino tão sazonal como o nosso, em que 44% das vendas são feitas em três ou quatro meses do ano, é evidente que a Ryanair faz falta. E já se sente isso, creio que os números de janeiro já darão conta do impacto desta redução dos voos”, aponta.
Recorde-se que a easyJet também deixou de voar para Ponta Degada em 2017 e, apesar das ligações da TAP e da SATA, o administrador da Bensaude Turismo acredita que há outras vantagens competitivas nas transportadoras de baixo custo. “As low-cost têm uma rede de distribuição brutal, que colocam o nosso destino em portais com milhões de lugares por mês, e isso é um canal de distribuição muito forte. Em segundo lugar, também introduzem competitividade de preço no mercado, permitindo uma maior atração também do destino. Mas acredito que está a ser feito trabalho neste sentido, de criar condições de atração destas companhias”, explica.
Já sobre as infraestruturas aeroportuárias, relembra a dependência da região à Portela. “A principal porta de entrada nos Açores não é o aeroporto de Ponta de Delgada, mas sim o aeroporto de Lisboa”. Desta forma, defende, é urgente que seja encontrada uma solução para os constrangimentos no aeroporto da capital e que seja célere. “É preciso pragmatismo e encontrar, pelo menos, uma ou duas soluções intermédias, práticas e facilmente acionáveis, com base na infraestrutura que o país já tem. Sem querermos coisas extraordinárias a curto-médio prazo, que só acontecerão num prazo de 10 anos”, diz.
Sobre os próximos meses, a postura é otimista. “Se não acontecer nenhum cataclismo, diria que 2024 se prepara para ser ano também muito interessante e com bons números”.