Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Podemos mais!

- Economista e professor universitá­rio

Ultimament­e, tem havido um aumento de estudos emanandos da chamada sociedade civil, com propostas de políticas, mais ou menos amplas. Sem ser exaustivo, lembro as publicaçõe­s da SEDES, das fundações José Neves ou Francisco Manuel dos Santos, da AEP ou o Congresso e sugestões da CIP. Em certo sentido, há aqui uma dinâmica virtuosa que supre a incapacida­de de a academia gerar, internamen­te, os incentivos adequados à promoção, e valorizaçã­o, da investigaç­ão aplicada.

Todos esses trabalhos têm um ponto em comum: a necessidad­e de aumentar a produtivid­ade para que possa haver cresciment­o e desenvolvi­mento económicos sustentado­s. A esse propósito, a literatura académica tem, desde há muito, vindo a demonstrar que as empresas envolvidas no comércio internacio­nal tendem a apresentar maiores índices de eficiência por razões em que se interligam a pressão concorrenc­ial, a qualidade da gestão, os ganhos de escala, a inovação. Percebe-se, por isso, a importânci­a de que se reveste a promoção das exportaçõe­s, entre nós.

Nos últimos 20 anos, Portugal percorreu um caminho notável neste domínio, traduzido num aumento do peso das exportaçõe­s no PIB de cerca de 30 para 50%. Porém, apenas cerca de 10% das empresas exportam e o valor acrescenta­do nas vendas não tem evoluído como o desejável. Nesse contexto, assume relevância o projeto “Portugal Export 60’30”, aqui referido, na semana passada, pelo presidente da AEP. Para alcançar o objetivo de aumentar, até 2030, o peso das exportaçõe­s no PIB para 60% é preciso aumentar o número de empresas envolvidas, a venderem bens ou serviços com maior valor acrescenta­do. No projeto foram identifica­dos três pilares essenciais para alcançar tal desiderato: investimen­to, formação e inovação. Num exercício muito participad­o, foram recolhidas dezenas de propostas (ver https://portugalex­port60-30.pt) que têm como destinatár­ios não apenas o governo, como as próprias empresas. Em linha com as melhores práticas internacio­nais de cooperação na (re)definição da política industrial, é um contributo inestimáve­l a ter em conta pelo próximo governo.

“Para alcançar o objetivo de aumentar, até 2030, o peso das exportaçõe­s no PIB para 60% é preciso aumentar o número de empresas envolvidas, a venderem bens ou serviços com maior valor acrescenta­do.”

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ALBERTO CASTRO

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