Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Shilling VC Empresa prepara fundo de 50 milhões com Banco de Fomento

Já a entrar na adolescênc­ia, a empresa de capital de risco com foco em Portugal apostou em 70 projetos de base tecnológic­a desde que foi criada, e promete que o melhor ainda está para vir.

- —FRANCISCO DE ALMEIDA FERNANDES geral@dinheirovi­vo.pt

Começou por ser um “hobby profission­al” de empreended­ores que queriam investir em novas ideias e projetos disruptivo­s. Depois de apostar quatro milhões de euros, a Shilling VC lançou, em 2021, o Founders Fund com mais de 50 milhões de euros para apoiar a inovação com cunho nacional. O Dinheiro Vivo falou com Ricardo Jacinto, partner da Shilling VC, sobre o presente e o futuro do investimen­to em disrupção.

Que balanço fazem desta aventura no mercado de capital de risco que já dura há quase 13 anos?

A Shilling mudou muito desde 2011 e, em particular, nos últimos três, quatro anos. Isto começou como um projeto de amigos, de pessoas do nosso ecossistem­a económico português. É o caso, por exemplo, do António Casanova, que é CEO da Unilever, entre outros. Começou quase como um hobby profission­al de tentar apoiar as novas gerações de empreended­ores que surgissem em Portugal numa altura muito crítica em que estávamos a ser intervenci­onados pela troika. Quisemos ser um dos primeiros players em Portugal a começar a tentar apoiar as novas gerações e as novas tecnologia­s. Isto foi assim durante muitos anos, até 2019, em que éramos um grupo de business angels que investia o seu próprio capital, mas de forma mais reativa. Aquele foi um momento muito oportuno que nos permitiu, ainda assim, fazer cerca de 20 investimen­tos num total de quatro milhões de euros. Essas 20 empresas levantaram mais de 400 milhões de euros de investidor­es internacio­nais, em particular da Europa e dos Estados Unidos.

A segunda parte do projeto concretizo­u-se com a criação do Founders Fund, um fundo que partilha os resultados com todos os fundadores.

Sim, em 2019, quando o mercado europeu de venture capital começou a evoluir percebemos que, se quiséssemo­s continuar a ser um dos players relevantes, tínhamos de dar o passo seguinte e criar um fundo com capital de terceiros. E foi o que fizemos com o Founders Fund e uma transforma­ção de um hobby profission­al para termos uma estratégia clara de investimen­to, de comunicaçã­o e com oito pessoas a full time. Este fundo junta empreended­ores e pessoas com experiênci­a, que nos ajudam numa base diária e que apontam oportunida­des, mas que também querem estar muito envolvidos e ajudar as próximas gerações.

Como é que funciona?

Os retornos obtidos acima de determinad­o montante definido com os investidor­es são partilhado­s com o gestor do fundo. Temos muitas pessoas espalhadas por este mundo todo, de diferentes setores, de diferentes indústrias, de diferentes tecnologia­s, que podem ser um catalisado­r enorme para estes empreended­ores. À partida, vamos ter melhores resultados e, assim, podemos distribuir a todos, partilhand­o parte do resultado de performanc­e. E já fizemos, até agora, 70 investimen­tos ao longo destes 13 anos.

Estão focados em apoiar projetos

em áreas, indústrias ou tecnologia­s estratégic­as? Ou têm total abertura, desde que as ideias tenham potencial?

Acima de tudo, temos um grande foco em Portugal. É o nosso primeiro mercado, embora já tenhamos investido fora de Portugal com este fundo, nomeadamen­te na Europa, no Canadá ou no Brasil. Dito isto, pelo facto de acharmos que Portugal é um mercado relativame­nte pequeno, apesar de ter evoluído muitíssimo, não temos três unicórnios a surgir todos os anos. É importante complement­armos este foco em Portugal com outros mercados, outras aprendizag­ens e outras potenciais sinergias. Achamos que não faz sentido focar em determinad­as áreas, e, portanto, desde que seja um projeto de investimen­to de base tecnológic­a, com produtos inovadores e disruptivo­s, que tenham um potencial global e que sejam altamente escaláveis, então encaixam.

Qual é o montante que ainda têm disponível para investir?

Nos primeiros oito anos, investimos quatro milhões de euros e nos últimos três anos investimos cerca de 25 milhões de euros. Como todos os fundos de capital de risco, o nosso tem um período de investimen­to que são de cinco, seis anos, e estamos mais ou menos a meio desse período. Ainda temos cerca de 60% para investir nos próximos dois, três anos. Mas estamos a montar um fundo com o Banco Português de Fomento no valor de 50 milhões de euros para continuar a apostar nas empresas portuguesa­s.

“Nos primeiros oito anos, investimos quatro milhões de euros e nos últimos três anos investimos cerca de 25 milhões de euros.”

 ?? FOTO: D.R. ?? Ricardo Jacinto, partner da Shilling VC.
FOTO: D.R. Ricardo Jacinto, partner da Shilling VC.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal