Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
TUMO Programa educativo que une tecnologia e criatividade quer abrir em Lisboa
Primeiro espaço funciona em Coimbra e a intenção é levar o conceito para a capital. Falta o apoio da autarquia local, que o responsável pede que seja rápido.
Abriu em Coimbra, no início do ano letivo atual, mas agora o objetivo é levar o conceito para Lisboa. Dão-se pelo nome de TUMO, são centros de tecnologias criativas que ajudam jovens a desenvolver o autoconhecimento e a sua frequência, além de gratuita, prima pela inclusão social.
“Os candidatos são escolhidos pela ordem em que se inscrevem, com uma exceção. Queremos maximizar o impacto social e atrair os alunos que venham de meios mais desfavorecidos da cidade”, diz Pedro Santa Clara, o mentor do projeto em Portugal.
O TUMO de Coimbra conta já com mil alunos e a previsão é que, no próximo ano letivo, o número chegue aos 1500. Para Lisboa, explica Pedro Santa Clara, a previsão é a mesma, mas para que o centro avance é preciso que a autarquia da capital apoie o projeto, e tal ainda não sucedeu. “É crítico termos o apoio da câmara municipal, o que ainda não conseguimos assegurar”, lamenta. “Falta uma decisão da câmara sobre o apoio ao projeto TUMO, que eu espero que possa ser em breve e que todos os todos os partidos que compõem a câmara de Lisboa possam ver o impacto que um
“Queremos maximizar o impacto social e atrair os alunos que venham de meios mais desfavorecidos da cidade.”
destes pode ter numa cidade como esta”, apela, recordando que Lisboa recebeu o título de Capital Europeia de Inovação, por parte da Comissão Europeia.
O aval urgente da autarquia lisboeta é fundamental para que o projeto possa estar operacional em setembro próximo. Até porque a ligação à câmara iria facilitar o processo de atração e seleção de alunos. Dando o exemplo do TUMO de Coimbra – que a edilidade local
apoiou desde o início – foi mais fácil com este suporte trabalhar junto das escolas com ação social e junto das instituições que acolhem jovens, por exemplo.
Mas, afinal, como funciona o TUMO? O projeto nasceu na Arménia, em 2011, e já está em 10 países, entre os quais França e Alemanha. Os alunos – jovens entre os 12 e os 18 anos – passam quatro horas por semana no TUMO a aprender as áreas que eles escolhem, entre música, fotografia, cinema, animaprojeto
—PEDRO SANTA CLARA, mentor do TUMO em Portugal.
ção, programação, design gráfico, robótica, desenvolvimento de jogos. “Vão evoluindo ao seu próprio ritmo e podem chegar tão longe quanto quiserem”, frisa o mentor.
A aprendizagem é feita com uma mistura de autoaprendizagem, acompanhada por monitores, em que os alunos vão fazendo uma série de tarefas – desafios – que vão tendo pessoalmente, para se prepararem para chegar aos workshops dados por especialistas em cada uma das áreas em que eles vão desenvolver projetos e que ficam no seu portefólio. “Hoje em dia, quase 70% dos jovens na Arménia passam pelo TUMO, e essa passagem transformou essa geração”, detalhou o responsável.
Os jovens estudantes começam por escolher quatro áreas ou vão avançando com quatro sequencialmente. Mas, se assim preferirem, podem “andar de umas para as outras e depois se quiserem ficar lá os anos todos podem acabar por fazer todas as áreas”, explica Santa Clara. “E esse fator, que pode parecer um pormenor, mas a escolha ser do aluno faz toda a diferença na aprendizagem”.
Frequentar o TUMO é totalmente livre de encargos, para os alunos. No entanto, o centro de Coimbra conta com parceiros que financiam o seu funcionamento. Destes, Pedro Santa Clara espera que alguns se juntem ao projeto em Lisboa. Para acompanhar os adolescentes, o centro da cidade do conhecimento conta com uma equipa de 34 pessoas dedicadas a garantir o funcionamento do centro e o acompanhamento aos jovens (learning coaches, workshop leaders e equipa de gestão). Para Lisboa, o recrutamento ainda não abriu, uma vez que, primeiro, é preciso garantir o apoio camarário.