Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

HISTÓRICO GRANDE BANCA LUCROU QUASE 12 MILHÕES POR DIA EM 2023

Resultado líquido dos seis maiores bancos a operar em Portugal ascendeu aos 4,3 mil milhões de euros. Política de juros altos permitiu melhorar níveis de rendibilid­ade e encaixar 9,6 mil milhões por via da margem financeira. Lucro da Caixa foi o mais elev

- Texto: Mariana Coelho Dias mariana.dias@dinheirovi­vo.pt

Num ano em que o cenário macroeconó­mico continuou a fazer-se de incertezas e desafios, os seis maiores bancos a operar em Portugal conseguira­m manter-se resiliente­s e alcançar resultados históricos. Impulsiona­dos pelas altas taxas de juro, o BPI, Caixa Geral de Depósitos (CGD), Millennium BCP, Montepio, Novobanco e Santander reportaram, em conjunto, lucros de 4,33 mil milhões de euros em 2023, o que representa uma melhoria de quase 69%(1,76 mil milhões) face aos 2,57 mil milhões de euros registados no ano anterior. Contas feitas, foram 11,88 milhões de euros por dia.

Tal como tem sido habitual, o banco do Estado encabeçou a lista dos ganhos, ao atingir um resultado líquido recorde de 1,29 mil milhões de euros, que supera em 51% aquelas que tinham sido as melhores cifras até então – 856,3 milhões em 2007. Em termos homólogos, o cresciment­o situou-se nos 53%, ou seja, a CGD lucrou mais 448 milhões de euros do que em 2022. Já o Santander, também à semelhança do passado, apresentou o maior lucro da banca privada: 894,6 milhões de euros, resultante­s de um acréscimo de 326,1 milhões, ou 57%, em termos percentuai­s.

O Millennium BCP, por sua vez, protagoniz­ou a maior subida. O banco liderado por Miguel Maya mais do que quadruplic­ou os ganhos, passando de 197,4 milhões de euros, em 2022, para 856 milhões no ano passado, o que não só traduz uma avanço de 334%, como também significa o terceiro melhor resultado entre as seis instituiçõ­es. O Novobanco, surge em seguida, com lucros de 743,1 milhões de euros, que refletem uma evolução de 33% relativame­nte aos 560,8 milhões obtidos no anterior exercício.

No caso do BPI, a variação anual do resultado líquido rondou os 42%, tendo a instituiçã­o pertencent­e ao espanhol CaixaBank encaixado 524 milhões de euros. O Montepio conseguiu igualmente lucrar em 2023, embora os 28,4 milhões de euros alcançados se tenham situado 16% abaixo dos 33,8 milhões verificado­s no período homólogo. Acontece que o mais pequeno dos seis bancos viu o resultado ser prejudicad­o pela venda do Finibanco Angola – sem este impacto, na ordem dos 116,1 milhões, os ganhos históricos seriam de 144,5 milhões de euros.

Altos juros rendem 9,6 mil milhões

Estes resultados acompanhar­am uma melhoria generaliza­da da rendibilid­ade das instituiçõ­es, com os rácios que medem a capacidade de retorno para o acionista a situarem-se entre os 16% e os 23,4% – os banqueiros preveem, contudo, que estes indicadore­s baixem já em 2024, na sequência do movimento de descida dos juros.

Facto é que os valores observados na margem financeira provam que a política monetária vigente até então continuou a influencia­r os números: a diferença obtida entre os juros cobrados nos empréstimo­s e os juros pagos nos depósitos permitiu às seis maiores instituiçõ­es bancárias a operar no país encaixarem um total de 9,68 mil milhões de euros, um avanço de 3,9 milhões (+68%) face a 2022.

Nesta ótica, a Caixa foi a que mais beneficiou da subida das taxas de juro, com 2,86 mil milhões de euros recebidos em 2023 por esta via (+104% do que no exercício transato), seguindo-se o Millennium BCP com 2,82 mil milhões (+31%) e o Santander, com 1,49 mil milhões. Logo atrás, surge o Novobanco, ao embolsar 1,14 mil milhões de euros (+83%), o BPI, com 948,9 milhões, e o Montepio, com 408,1 milhões de euros (+62%).

Por outro lado, as comissões cobradas pelos seis maiores bancos do país aos seus clientes durante o ano passado geraram uma receita acumulada de 2,39 mil milhões de euros, sofrendo um decréscimo de cerca de 51 milhões de euros (-2%) face ao ano anterior, em resultado do abrandamen­to da nova produção de crédito e das alterações legislativ­as que impedem a cobrança em determinad­os serviços relacionad­os com os empréstimo­s à habitação. Ainda nesta rubrica, foi o Millennium o que mais saiu a ganhar (664,6 milhões), sucedendo-se a instituiçã­o liderada por Paulo Macedo (565 milhões) e o Santander (457 milhões).

Depósitos emagrecem

Fruto de uma tendência iniciada já em 2022, a carteira total de crédito das referidas instituiçõ­es conheceu um ligeiro aumento de 0,2%. Em termos consolidad­os, o stock detido pelos bancos BPI, CGD, Millennium BCP, Montepio, Novobanco e Santander passou de 220,8 mil milhões de euros, no final de dezembro de 2022, para 221,3 mil milhões, no fim do ano passado. Neste grupo, só o BPI e o Santander é que apresentar­am cresciment­os, ambos na ordem dos 3%.

De igual modo, os depósitos de clientes não escaparam ao emagrecime­nto, registando uma baixa conjunta de 2%: os cofres dos seis bancos somaram 264,4 mil milhões de euros em poupanças no ano passado, o que compara com os 270,1 mil milhões do período homólogo. Enquanto o Santander registou a maior quebra (-8,5%), o Millennium BCP e o Montepio foram os únicos a conhecer subidas, de 2,6% e 1,9%, respetivam­ente.

Saem 514 trabalhado­res

No final de 2023, os seis maiores bancos em Portugal contavam com menos 33 balcões e 514 trabalhado­res. A CGD (-270), o Montepio (-183) e o BPI (-141) foram os que mais reduziram o número de colaborado­res – o Novobanco, por seu turno, foi o único a aumentar o pessoal, com o saldo a apontar para as 119 pessoas.

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