Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Responder à instabilid­ade com diálogo

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Opaís prepara-se para ter um novo Governo, saído de umas eleições muito participad­as e disputadas. Foi uma bonita festa da democracia, com a abstenção em território nacional a registar o valor mais baixo desde 1995, depois de uma campanha eleitoral vibrante e com urbanidade.

O exemplo de participaç­ão cívica do último domingo iria, no entanto, ser ensombrado pelo difícil cenário de governação ditado pelos resultados eleitorais. A fragmentaç­ão partidária do Parlamento não permite vislumbrar, por ora, uma solução governativ­a maioritári­a, o que representa um desafio complexo para o nosso sistema democrátic­o.

Governar sem maioria absoluta parlamenta­r não é impossível nem está condenado ao insucesso. Mas a instabilid­ade vai possivelme­nte marcar os próximos meses de governação, incluindo o debate do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025). E isto acontece numa altura em que a economia global está, também ela, a viver um momento de grande volatilida­de e incerteza, fruto das convulsões geopolític­as.

Os agentes económicos dão-se mal com o que não conhecem ou não conseguem prever. Tendem a adiar decisões, a abandonar investimen­tos, a retrair consumos, a conter despesas em situações de instabilid­ade política. O resultado é um decréscimo da atividade económica e, consequent­emente, uma menor criação de valor, riqueza e emprego.

Mas é possível controlar ou mitigar a instabilid­ade que um Governo minoritári­o necessaria­mente acarreta. Para tanto, quer o Executivo quer a oposição devem revelar abertura política, capacidade negocial e espírito conciliado­r. Parece-me essencial acertar posições e estabelece­r compromiss­os no que toca, por exemplo, à execução do PRR, à consolidaç­ão orçamental, à redução da fiscalidad­e, à valorizaçã­o dos rendimento­s e à pacificaçã­o de setores como a saúde, a educação e a segurança interna.

Neste pressupost­o, é muito importante que o OE2025 seja aprovado e o país possa, assim, usufruir de um instrument­o fundamenta­l para garantir estabilida­de aos agentes económicos e promover a atividade empresaria­l. Acresce que a rejeição do Orçamento pelo Parlamento levará, certamente, à queda do Governo e à marcação de novas eleições, agravando o clima de instabilid­ade política.

Um Governo minoritári­o não tem de ser sinónimo de conflito ou inação. É possível promover o desenvolvi­mento do país com diálogo e entendimen­to democrátic­o no Parlamento. O interesse nacional assim o exige.

“Um Governo minoritári­o não tem de ser sinónimo de conflito ou inação. É possível promover o desenvolvi­mento do país com diálogo e entendimen­to democrátic­o no Parlamento. O interesse nacional assim o exige.”

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ALEXANDRE MEIRELES Presidente da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresário­s

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