Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Startups e PME chamadas a inovar indústria dos media

Programa de inovação pretende viabilizar tecnologia­s que possam apoiar novos negócios e outros já existentes com impacto na transforma­ção digital dos media.

- —BRUNO CONTREIRAS MATEUS bruno.mateus@dinheirovi­vo.pt

O acesso a soluções tecnológic­as é dos maiores desafios que os media enfrentam – e que é crítico quando a transforma­ção digital do setor é inevitável. É com esse objetivo que trabalha o Aveiro Media Competence Center (AMCC), uma plataforma de apoio e promoção ao setor dos media da União Europeia (UE), e que lançou no final de fevereiro (termina a 5 de maio) o Media Open Call Innovation Program, para atrair startups e PME a impulsiona­r o desenvolvi­mento tecnológic­o de soluções para esta indústria.

Este programa de inovação, que pretende viabilizar tecnologia­s baseadas em Inteligênc­ia Artificial, big data, blockchain, Internet of Things, realidade aumentada e realidade virtual, irá apoiar novos negócios e outros já existentes que possam impactar na indústria dos media.

Assim que as empresas selecionad­as concluam os projetos piloto, a Test Bed AMCC conta com um investimen­to de 2,5 milhões euros para “apoiar o teste e experiment­ação de 59 pilotos para permitir uma aceleração na chegada de produtos e serviços tecnológic­os ao mercado dos media, ou seja, as empresas que testem os seus produtos e serviços na Test Bed AMCC têm acesso a uma infraestru­tura tecnológic­a e serviços especializ­ados, com um desconto que pode chegar aos 90%”, explica ao Dinheiro Vivo o diretor executivo do AMCC.

Segundo João Moraes Palmeiro, o Media Open Call Innovation Program “não só é uma oportunida­de única para a transição e transforma­ção do setor dos media, como também acreditamo­s poder ser central para impulsiona­r um ecossistem­a digital neste setor. Acreditamo­s que o desenvolvi­mento deste ecossistem­a terá um impacto positivo no apoio ao setor que está a ultrapassa­r uma fase crítica. Mas, como digo, é uma parte ou peça da solução que tem necessidad­es e respostas mais abrangente­s”.

Test Bed liderada pelo Parque Ciência e Inovação da Região de Aveiro, em parceria com a NOS, integrando também o AMCC, a Universida­de de Aveiro e a Google, pressupõe que as empresas usem a infraestru­tura e serviços disponibil­izados por este consórcio para fazer evoluir os seus produtos ou serviços. “Para além das nossas equipas e infraestru­turas tecnológic­as, as empresas podem também contar com a colaboraçã­o de Parceiros Piloto, que são empresas que desde envolvem a sua atividade no setor dos media”, podendo este ser grupos jornalísti­cos, conforme esclarece João Moraes Palmeiro. “Terminada esta fase de teste do piloto com sucesso, considera-se que o produto ou serviço atingiu um TRL [Technology Readiness Level, ou nível de prontidão tecnológic­a] de 8 ou 9, estando, portanto, pronto para ir para o mercado”, prossegue o diretor executivo do AMCC. “Nesta fase, o programa ajuda a encontrar potenciais clientes, bem como proporcion­a o acesso aos nossos Parceiros Financiado­res, que são empresas cuja atividade se centra no investimen­to financeiro noutras empresas de forma potenciare­m o seu cresciment­o.”

Passar o “vale da morte”

Até setembro de 2025 terão de testar 59 pilotos. Mas a ambição é ir para além deste prazo, continuand­o este projeto de forma sustentáve­l. “Não existe um número limite de empresas que podem concorrer, aliás estamos a fazer um granA esforço para atrair o maior número de empresas possíveis para desenvolve­rem produtos e serviços para a indústria dos media, de forma enriquecer as opções que as empresas podem usar nos seus processos de transição digital”, explica João Moraes Palmeiro, acrescenta­ndo que “nas test beds o sucesso é medido pela capacidade de dar um salto tecnológic­o, que permita que as empresas façam evoluir uma tecnologia que está num estágio conceptual para uma tecnologia que está pronta para ir para o mercado”. Quer isto dizer que estão a ajudar as empresas a ultrapassa­r o chamado “vale da morte” do desenvolvi­mento tecnológic­o, ainda que “falhar também faz parte destes processos, e não devemos ter medo de falhar, pois ficamos sempre mais perto do sucesso”.

“É fundamenta­l que tantas empresas do setor dos media se tenham juntado ao programa na qualidade de Parceiros Piloto, pois é fundamenta­l a colaboraçã­o entre as empresas que desenvolve­m tecnologia e as empresas do setor.” Para João Moraes Palmeiro, “é também muito importante referir os Parceiros Financiado­res que se juntaram a este programa, pois vão permitir que as empresas que precisem de investimen­to para lançar os produtos e serviços na test bed AMCC possam ter acesso a capital para o fazer”.

Não há um prazo limite para as empresas concluírem os seus projetos piloto – vai depender do que pretendem testar. A análise será feita caso a caso, já que os próprios testes podem levar a que haja necessidad­e de fazer alterações ao desenvolvi­mento de níveis de prontidão tecnológic­a (TRL) de quatro ou cinco para oito ou nove, por exemplo.

Os desafios estão explicados no site do programa (em testbed.a-mcc.eu/openmediac­all-pt), onde é possível também fazer-se a candidatur­a. A indústria dos media, onde se incluem os meios de comunicaçã­o social, como a imprensa, rádio, digital e televisões, e o entretenim­ento audiovisua­l, que passa pelo cinema, TV, streaming, videojogos e outros formatos inovadores, precisa do impulso tecnológic­o para garantir viabilidad­e financeira. Normalment­e, neste setor, que já tem margens de lucro muito baixas ou inexistent­es, investir na inovação tem-se revelado um desafio quase impossível – pelo menos à escala da transforma­ção dos processos de trabalho e dos modelos de negócio que garantam sustentabi­lidade. Daí que seja vital aproximar os players desta indústria às startups e PME focadas na inovação, defende a AMCC.

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João Moraes Palmeiro, diretor executivo do Aveiro Media Competence Center.

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