Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Startups e PME chamadas a inovar indústria dos media
Programa de inovação pretende viabilizar tecnologias que possam apoiar novos negócios e outros já existentes com impacto na transformação digital dos media.
O acesso a soluções tecnológicas é dos maiores desafios que os media enfrentam – e que é crítico quando a transformação digital do setor é inevitável. É com esse objetivo que trabalha o Aveiro Media Competence Center (AMCC), uma plataforma de apoio e promoção ao setor dos media da União Europeia (UE), e que lançou no final de fevereiro (termina a 5 de maio) o Media Open Call Innovation Program, para atrair startups e PME a impulsionar o desenvolvimento tecnológico de soluções para esta indústria.
Este programa de inovação, que pretende viabilizar tecnologias baseadas em Inteligência Artificial, big data, blockchain, Internet of Things, realidade aumentada e realidade virtual, irá apoiar novos negócios e outros já existentes que possam impactar na indústria dos media.
Assim que as empresas selecionadas concluam os projetos piloto, a Test Bed AMCC conta com um investimento de 2,5 milhões euros para “apoiar o teste e experimentação de 59 pilotos para permitir uma aceleração na chegada de produtos e serviços tecnológicos ao mercado dos media, ou seja, as empresas que testem os seus produtos e serviços na Test Bed AMCC têm acesso a uma infraestrutura tecnológica e serviços especializados, com um desconto que pode chegar aos 90%”, explica ao Dinheiro Vivo o diretor executivo do AMCC.
Segundo João Moraes Palmeiro, o Media Open Call Innovation Program “não só é uma oportunidade única para a transição e transformação do setor dos media, como também acreditamos poder ser central para impulsionar um ecossistema digital neste setor. Acreditamos que o desenvolvimento deste ecossistema terá um impacto positivo no apoio ao setor que está a ultrapassar uma fase crítica. Mas, como digo, é uma parte ou peça da solução que tem necessidades e respostas mais abrangentes”.
Test Bed liderada pelo Parque Ciência e Inovação da Região de Aveiro, em parceria com a NOS, integrando também o AMCC, a Universidade de Aveiro e a Google, pressupõe que as empresas usem a infraestrutura e serviços disponibilizados por este consórcio para fazer evoluir os seus produtos ou serviços. “Para além das nossas equipas e infraestruturas tecnológicas, as empresas podem também contar com a colaboração de Parceiros Piloto, que são empresas que desde envolvem a sua atividade no setor dos media”, podendo este ser grupos jornalísticos, conforme esclarece João Moraes Palmeiro. “Terminada esta fase de teste do piloto com sucesso, considera-se que o produto ou serviço atingiu um TRL [Technology Readiness Level, ou nível de prontidão tecnológica] de 8 ou 9, estando, portanto, pronto para ir para o mercado”, prossegue o diretor executivo do AMCC. “Nesta fase, o programa ajuda a encontrar potenciais clientes, bem como proporciona o acesso aos nossos Parceiros Financiadores, que são empresas cuja atividade se centra no investimento financeiro noutras empresas de forma potenciarem o seu crescimento.”
Passar o “vale da morte”
Até setembro de 2025 terão de testar 59 pilotos. Mas a ambição é ir para além deste prazo, continuando este projeto de forma sustentável. “Não existe um número limite de empresas que podem concorrer, aliás estamos a fazer um granA esforço para atrair o maior número de empresas possíveis para desenvolverem produtos e serviços para a indústria dos media, de forma enriquecer as opções que as empresas podem usar nos seus processos de transição digital”, explica João Moraes Palmeiro, acrescentando que “nas test beds o sucesso é medido pela capacidade de dar um salto tecnológico, que permita que as empresas façam evoluir uma tecnologia que está num estágio conceptual para uma tecnologia que está pronta para ir para o mercado”. Quer isto dizer que estão a ajudar as empresas a ultrapassar o chamado “vale da morte” do desenvolvimento tecnológico, ainda que “falhar também faz parte destes processos, e não devemos ter medo de falhar, pois ficamos sempre mais perto do sucesso”.
“É fundamental que tantas empresas do setor dos media se tenham juntado ao programa na qualidade de Parceiros Piloto, pois é fundamental a colaboração entre as empresas que desenvolvem tecnologia e as empresas do setor.” Para João Moraes Palmeiro, “é também muito importante referir os Parceiros Financiadores que se juntaram a este programa, pois vão permitir que as empresas que precisem de investimento para lançar os produtos e serviços na test bed AMCC possam ter acesso a capital para o fazer”.
Não há um prazo limite para as empresas concluírem os seus projetos piloto – vai depender do que pretendem testar. A análise será feita caso a caso, já que os próprios testes podem levar a que haja necessidade de fazer alterações ao desenvolvimento de níveis de prontidão tecnológica (TRL) de quatro ou cinco para oito ou nove, por exemplo.
Os desafios estão explicados no site do programa (em testbed.a-mcc.eu/openmediacall-pt), onde é possível também fazer-se a candidatura. A indústria dos media, onde se incluem os meios de comunicação social, como a imprensa, rádio, digital e televisões, e o entretenimento audiovisual, que passa pelo cinema, TV, streaming, videojogos e outros formatos inovadores, precisa do impulso tecnológico para garantir viabilidade financeira. Normalmente, neste setor, que já tem margens de lucro muito baixas ou inexistentes, investir na inovação tem-se revelado um desafio quase impossível – pelo menos à escala da transformação dos processos de trabalho e dos modelos de negócio que garantam sustentabilidade. Daí que seja vital aproximar os players desta indústria às startups e PME focadas na inovação, defende a AMCC.