Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Impressora 3D garante casas em 20 dias a preços acessíveis
Havelar construiu uma casa modelo com 90 metros quadrados para apresentar ao mercado. Solução está despertar muito interesse.
A primeira casa construída em Portugal com recurso a uma impressora 3D é um T2 com 90 metros quadrados. Esta tecnologia, de origem dinamarquesa, chegou ao país pelas mãos da Havelar para responder à crise habitacional do país. A solução importada pela empresa de Vilar do Pinheiro garante elevada rapidez de execução e preços acessíveis. Em menos de 20 dias, assegura, o sonho torna-se realidade. São 18 horas para imprimir a estrutura (não são contínuas) e duas semanas de montagem, num modelo misto de construção off-site (em fábrica) e on-site (local da obra), explica Rodrigo Vilas-Boas, um dos fundadores da Havelar. O custo de um T2 também é apelativo: 150 mil euros.
A casa modelo é a materialização de um projeto que ganhou forma no início do ano passado pelas mãos do empresário José Maria Ferreira (proprietário da Ecosteel), Patrick Eichiner, especialista do setor imobiliário, e do arquiteto Rodrigo Vilas-Boas. Esta semana, foi apresentado ao mercado, mas já atraiu “várias manifestações de interesse”, nomeadamente de municípios, adianta Eichiner sem, contudo, identificar os potenciais clientes. No entanto, garante, essas demonstrações “já permitem dizer que vamos ter um projeto de escala já este ano”. É esse o objetivo da Havelar, construir comunidades residenciais, com 50/60 casas, para promotores públicos e privados, e proprietários de terrenos. O cliente particular não está na esfera do negócio.
Para José Maria Ferreira, a Havelar tem “um desafio muito grande, que é a democratização da arquitetura”. A ideia “não é só construir uma casa a preços acessíveis, é também ter projetos bonitos que superem o conceito de habitação social”. Vilas-Boas garante que o sistema 3D permite “liberdade de desenho” e flexibilidade construtiva. Como exemplo, a Havelar tem dois esquissos de moradias, um da autoria do arquiteto português Aires Mateus e o outro do ateliê japonês Kengo Kuma and Associates. A impressora adquirida à Cobod está apta para edificar estruturas até três pisos e 50 casas por ano, mas o desenvolvimento do negócio pode ditar a compra de mais robôs. A Havelar detém a representação exclusiva da Cobod em Portugal.
Os fundadores desta nova empresa estão convictos de que a automação da construção é o futuro do setor. Como apontam, responde à crónica falta de mão-de-obra, já que reduz em 60% a necessidade de trabalhadores, e é 70% mais rápida do que o método tradicional. Também pode constituir uma solução para mitigar os problemas ambientais desta indústria, já que produz menos 80% de resíduos e pode vir a incorporar materiais locais, num caminho para o carbono zero. Segundo Eichiner, a Havelar já contabiliza um investimento acumulado de cinco milhões de euros e tem uma equipa de dez colaboradores.
Atualmente, há 75 impressoras da empresa dinamarquesa espalhadas por 35 países. Segundo Henrik Lund-Nielsen, fundador da Cobod, o primeiro edifício construído com estes robôs surgiu em 2017, em Copenhaga. Três anos depois, esta tecnologia chegou à Bélgica e, desde aí, conquistou mercados como os EUA, Japão, Indonésia, Arábia Saudita, Canadá... Lund-Nielsen sublinha a capacidade da impressora em construir edifícios residenciais, industriais e comerciais personalizados. Para o empresário, “este é o início da construção robotizada. Os robôs vão pintar, isolar, vão assumir muitas mais funções. Construir será mais fácil e económico”.