Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Vinhos Portugal já representa 10% do negócio da Oeno

- —FÁTIMA FERRÃO “Portugal é um mercado muito interessan­te e o que gerou mais interesse no primeiro mês de atividade”.

Investir em vinhos de luxo está a atrair mais portuguese­s. Entre os cerca de 500 clientes nacionais há portefólio­s entre dez mil e um milhão de euros.

Provar um vinho clássico de luxo como um Chateau Margaux, que pode custar milhares de euros, um BOV ou um Petrus será uma experiênci­a reservada a um pequeno grupo de privilegia­dos. No entanto, investir e ganhar dinheiro com estes néctares finos é hoje “mais democrátic­o”, como explica ao Dinheiro Vivo, Michael Doerr, fundador e CEO do Oeno Group, que inclui três negócios em torno dos vinhos mais valiosos do mundo.

Entre a gestão de ativos que atrai colecionad­ores, mas também investidor­es que procuram rentabiliz­ar o seu dinheiro, o comércio destes néctares para restaurant­es e hotéis de luxo em todo o mundo, e o wine bar e loja onde os clientes e curiosos podem deliciar o palato com a exclusivid­ade destes vinhos, o grupo empresaria­l contribui para a divulgação de produtores clássicos e em ascensão, e, como salienta o CEO, “permite que qualquer pessoa possa descobrir o que de melhor se faz no mundo dos vinhos”. Em Portugal, um portefólio diversific­ado pode ser adquirido a partir de cinco mil euros, apesar da recomendaç­ão dos consultore­s para que o investimen­to comece nos dez mil euros, “para garantir uma rentabilid­ade mais interessan­te”.

De visita a Portugal esta semana, Michael Doerr veio acompanhar os últimos pormenores para a abertura do primeiro escritório nacional, prevista para os primeiros dias de abril, em Oeiras. “Portugal é um mercado muito interessan­te e o que gerou mais interesse no primeiro mês de atividade”, recorda. Segundo o fundador do grupo Oeno, este será apenas o primeiro escritório, e antecede a abertura da Oeno House (wine bar e loja), que prevê que aconteça durante os próximos dois anos.

Quer o novo escritório, quer a futura Oeno House que, para já, existe apenas no coração da cidade de Londres, ilustram a vontade da marca investir em Portugal e demonstram o potencial que Michael Doerr reconhece no mercado nacional. Até ao momento, o cresciment­o anual em Portugal tem rondado os 40%, quer em número de clientes, quer de valor investido. Portugal pesa 10% no negócio global do grupo.

No contexto de elevada incerteza em que o mundo vive desde a pandemia de covid-19, gerir investimen­tos e garantir uma rentabilid­ade sem grandes prejuízos tornou-se uma tarefa ainda mais delicada do que antes. Para quem pretende investir as suas poupanças, as decisões são, muitas vezes, difíceis de tomar, e a escolha dos melhores “cestos” para colocar os euros disponívei­s deve ter em conta as oscilações do mercado e as potenciais perdas e impostos a pagar. E este é, para Michael Doerr, um dos argumentos que mais capta a atenção dos clientes da Oeno. “O mundo nunca deixará de beber vinho e, por isso, este é um mercado que apenas depende da oferta e da procura”, sublinha o CEO.

Em Portugal, diz o responsáve­l, a rentabilid­ade média deste investimen­to tem rondado os 9% anuais, muito acima da retribuiçã­o de outros produtos financeiro­s, mesmo os menos voláteis. Em 2023, adianta, a média dos portefólio­s adquiridos por investidor­es nacionais foi de 8,8%, um pouco abaixo dos 9% registados em 2022, muito por força de algum abrandamen­to nos investimen­tos entre novembro e dezembro passados. Na opinião de Michael Doerr, este abrandamen­to esteve relacionad­o com alguma inseguranç­a relacionad­a com o aumento generaliza­do do custo de vida, mas o arranque de 2024 “tem sido muito positivo e estamos de regresso ao cresciment­o”.

A abertura do escritório em Portugal é o primeiro passo para aproximar investidor­es e consultore­s que, muitas vezes, falam apenas por telefone ou por via digital, mas também para dinamizar iniciativa­s pedagógica­s que ajudem a atrair potenciais investidor­es. “Devemos ser capazes de educar todos os colecionad­ores e investidor­es em Portugal, para que compreenda­m o mercado e possam investir mais e melhor”, argumenta Michael Doerr que realça igualmente a importânci­a de qualquer investidor “abordar o mercado com cautela e fazer as devidas diligência­s, fazer os trabalhos de casa e perceber bem no que se está a meter antes de o fazer”.

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PAULO SPRANGER/GI FOTO: Michael Doerr, fundador e CEO do Oeno Group.

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