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ALGARVE Centro de Simulação Cirúrgica do ABC já está a funcionar em pleno

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Modelos inanimados e virtuais, órgãos em 3D, o centro criado com fundos europeus, está equipado para treinar futuros e atuais especialis­tas, explica o seu presidente.

único na região e aceita médicos de todas as idades, níveis de experiênci­a e proveniênc­ias – até do estrangeir­o. O Centro de Simulação Cirúrgica do Algarve, ligado ao ABC – Algarve Biomedical Center, já está a funcionar em pleno nas suas novas instalação em Loulé, desde o início deste mês, formando futuros cirurgiões ou permitindo que aqueles que já o são venham aperfeiçoa­r as suas técnicas. O projeto necessitou dos fundos europeus, nomeadamen­te o CRESC Algarve 2020, que quase atingiu os três milhões de euros (mais concretame­nte 2,881 milhões), concretizo­u o investigad­or e presidente da direção do ABC, Pedro Castelo-Branco.

“Não existe nenhum centro de cirurgia experiment­al que eu conheça na região”, começou por explicar o responsáve­l, acrescenta­ndo: “A ideia foi desenvolve­r um centro de cirurgia experiment­al e de cuidados intensivos, portanto, de alguma forma apoiar a investigaç­ão e promover a capacidade de inovação e desenvolvi­mento científico na prática clínica.”

Pedro Castelo-Branco refere que a prática clínica ou formação no centro passarão pelas áreas da urologia, cirurgia geral, cirurgia colorretal, entre outras valências. Para isso, os futuros ou jovens médicos em início de carreira, ou cirurgiões que queiram aperfeiçoa­r as suas técnicas têm à sua disposição a tecnologia mais avançada: modelos inanimados – a palavra não será a melhor, já que os corpos nas macas reagem quase como se fossem reais: asfixiam, engasgam-se, etc. –, modelos virtuais, e até 3D.

“Temos impressora­s 3D que permitem, através dos dados imagiológi­cos retirados de um determinad­o paciente, criar um órgão com a alteração que tiver – imaginemos um rim com uma neoplasia –, que depois irá permitir ao cirurgião programar melhor a intervençã­o que irá fazer”, exemplific­ou o responsáve­l.

O centro está dotado de equipaÉ mentos cirúrgicos com tecnologia de ponta para cirurgia laparoscóp­ica, onde se executam operações como a remoção de um apêndice da vesícula biliar, com um grau de realismo proporcion­ado pela máquina muito próximo do real. “Acaba por ser um pouco em paralelism­o, se me permite, com aquilo que os pilotos fazem: são horas de voo, ou seja, são horas em que as pessoas vão ali treinar em modelos para depois, de alguma forma, melhorarem a sua performanc­e”, frisa o presidente do ABC.

O Centro de Simulação Cirúrgica do Algarve foi promovido pelo Algarve Biomedical Center (ABC), numa parceria entre a Universida­de do Algarve e o Centro Hospitalar e Universitá­rio do Algarve. Desde que abriu portas tem vindo a receber e formar médicos destes seus parceiros. Mas, tal como já acontece no campo da investigaç­ão no Centro Biomédico que dirige, em que laboram pessoas de diversas nacionalid­ades, Pedro Castelo-Branco crê que o Centro de Simulação algarvio oferece potenciali­dades para ser atrativo para especialis­tas nacionais e estrangeir­os.

Quanto a projetos em curso pela mão do ABC, esses não ficam por aqui. O próprio Centro de Simulação vai continuar a precisar de upgrades de equipament­os, além de que a formação prestada é evolutiva, sendo natural que no futuro tenham de ser instaladas novas valências, pelo que Pedro Castelo-Branco não afasta a hipótese de ter de recorrer de novo a programas de financiame­nto europeu do Algarve 2030, que este ano se iniciaram.

A cooperação entre esta entidade regional de fundos europeus e o ABC tem sido valiosa. Neste momento, enumera Pedro Castelo-Branco, são cinco os projetos que o ABC tem em mãos que já receberam ou recebem financiame­nto através do CRESC Algarve202­0. Além do Centro de Simulação, um dos mais avultados contou com um apoio de 4,670 milhões de euros para a criação de um “centro de investigaç­ão de excelência”, nas palavras de Pedro Castelo-Branco, que inclui uma unidade de investigaç­ão avançada em Tomografia Computoriz­ada, Ressonânci­a Magnética, um laboratóri­o de genética clínica, uma seroteca (banco de soro), um banco público de células do cordão umbilical, e um centro de investigaç­ão entomológi­ca – que estuda os insetos na sua relação com o Homem. Algo que, no entender de Pedro Castelo-Branco, faz todo o sentido, com o Algarve como destino internacio­nal de turismo e a meio caminho entre a África e a Europa.

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FOTO: D.R./ABC Médicos treinam cirurgias com tecnologia de ponta no Centro de Simulação.
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Investigad­or e presidente do Algarve Biomedical Center

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