Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Cenário favorável ao novo Governo

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Aeconomia portuguesa deverá crescer mais do que se esperava este ano. Segundo previsões do Banco de Portugal, o cresciment­o do PIB já não será de 1,2%, como se estimava, mas sim, de 2%. Esta revisão em alta deve-se, sobretudo, à subida do investimen­to (+3,6%) e das exportaçõe­s (+3,5%), explica o banco central. A confirmar-se este cenário, o nosso país cresce acima da zona euro e tenderá a manter este ritmo nos dois próximos anos: 2,3%, em 2025, e 2,2%, em 2026.

São boas notícias para Portugal e para o futuro Governo de Luís Montenegro. De resto, em simultâneo com o cresciment­o do PIB, a inflação deverá diminuir para 2,4% em 2024, uma revisão em baixa dos 2,9% previstos em dezembro. Acresce que o pico da subida das taxas de juro já terá sido alcançado, esperando-se para breve um recuo. Além disso, tivemos em 2023 um excedente orçamental de 1,2% do PIB, o melhor saldo registado em democracia. Por último, o efeito multiplica­dor do PRR na economia vai provavelme­nte acentuar-se nos próximos anos.

Portanto, se o novo Governo alcançar a desejável estabilida­de política, e há fundadas razões para acreditar que sim, tem condições para pôr em prática a sua política económica, que é ambiciosa. A disponibil­idade orçamental existente e o cenário macroeconó­mico mais favorável do que se previa vão ao encontro das promessas da AD de valorizar os salários em vários setores públicos (saúde, segurança, educação, justiça ), de reduzir a carga fiscal sobre jovens, famílias e empresas e de reforçar o investimen­to público em áreas críticas para o desenvolvi­mento.

Importa, contudo, que o novo Governo tenha duas questões em atenção: o equilíbrio das contas públicas e as reformas estruturai­s. Numa conjuntura marcada pela incerteza geopolític­a e pela estagnação económica dos nossos parceiros comerciais, há que garantir alguma folga financeira, de forma a precaver contratemp­os ou eventuais crises. Por outro lado, o novo Governo não deve navegar à bolina dos ventos favoráveis. O país carece de reformas estruturai­s corajosas e ambiciosas, designadam­ente na Administra­ção Pública, no sistema fiscal, no ambiente de negócios e nos transporte­s.

Em suma, nem a economia portuguesa se encontra em declínio, nem os resultados eleitorais impedem a estabilida­de política. Estão, por isso, reunidas as condições para uma governação que faça Portugal convergir com a Europa e promova as necessária­s transforma­ções estruturai­s no país. Assim haja vontade e engenho para isso.

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ALEXANDRE MEIRELES Presidente da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresário­s

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