Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Um sprint na economia
C“É importante que o novo titular [da Economia] insista na atração de capitais externos, mas que se ocupe também em resolver bloqueios e custos de contexto que prejudicam as nossas empresas.”
onhecido o elenco do futuro Governo, confirma-se a orientação essencialmente política, com nomes experientes, reconhecidos e qualificados nas respetivas tutelas. Olhando, com mais detalhe, para os assuntos económicos e tendo em conta o quadro de incerteza que existe, há três pastas com desafios especialmente relevantes para cumprir com a agenda de crescimento que a AD preconiza.
A primeira é, desde logo, a do Ministério da Economia. Pedro Reis deixou currículo na AICEP e foi um dos mentores da estratégia de captação de investimento estrangeiro encetada no período da troika e que trouxe bons resultados ao país. Agora, propõe-se redefinir a orgânica da mesma agência, reintegrando-a no ministério que vai liderar e colocando-a a comunicar com o IAPMEI – cujo desempenho tem deixado a desejar nos últimos anos. É importante que o novo titular insista na atração de capitais externos, mas que se ocupe também em resolver bloqueios e custos de contexto que prejudicam as nossas empresas.
As Finanças desempenhariam, em qualquer cenário, um papel central na atuação do Governo. Quando o compromisso é baixar impostos, mantendo a trajetória de equilíbrio das contas públicas, essa centralidade é absoluta. Miranda Sarmento terá, neste contexto, um caminho muito difícil pela frente, sendo previsível que venha a acomodar os aumentos salariais às forças policiais, aos professores e aos profissionais de saúde. Por outro lado, será crucial ao bom desempenho económico do país que não se repitam taxas de execução do investimento público tão baixas como nos últimos anos.
Finalmente, o Ministério das Infraestruturas irá assumir também um grande peso político na próxima legislatura. Desde logo, porque tem duas batatas quentes em mãos: a privatização da TAP, cujo debate esteve ausente da campanha; e o novo aeroporto de Lisboa, cuja proposta da Comissão Técnica Independente ignora a combinação Portela e Montijo, sendo esta a de maior racional económico. Miguel Pinto Luz terá de gerir os dois dossiês e, ainda, encontrar forma de acelerar a aplicação do PRR na habitação.
Silva Peneda disse, por estes dias, que o novo Governo terá de apresentar uma “pedalada forte”. Em matéria de reformas económicas, diria que há mesmo uma corrida ao para mostrar ao que vem.