Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Gastos das famílias nos supermercados cresceram 3,6% em fevereiro, acima da inflação
As vendas do retalho alimentar totalizaram 1961 milhões de euros em janeiro e fevereiro, mais 69 milhões face ao período homólogo. Em cada 100 euros gastos, 46 são em marcas brancas.
As vendas do retalho alimentar cresceram 3,6% em fevereiro, comparativamente a igual período de 2023, situando-se acima da inflação desse mesmo mês (2,1%). No acumulado de janeiro e fevereiro, o crescimento homólogo foi de 3,3% para 1961 milhões de euros, mais 69 milhões do que no ano passado. A quota de mercado de marcas da distribuição, as chamadas “marcas brancas”, continua a crescer e vale já 46,1% do total da fatura no supermercado.
Os dados são do estudo Scantrends da Nielsen e mostram que, no período em análise, só os grandes supermercados reforçaram a sua posição. Ou seja, o mercado como um todo cresceu 3,3% à boleia do aumento de 7,9% das vendas dos grandes supermercados, compensando, assim, as quebras de 3,2% nas mercearias e comércio mais tradicional, de 1,7% nos hipermercados e de 0,4% nos pequenos supermercados de proximidade.
Não admira, por isso, que mais de metade das compras para o lar sejam feitas nos grandes supermercados e nas cadeias de discount, que reforçaram o seu peso em relação ao ano passado: nos primeiros dois meses do ano, este segmento de mercado representou 53,6% do total gasto pelas famílias, contra os 51,3% de há um ano. Todos os restantes perderam quota: os hípers são agora responsáveis por 21,4% das compras totais, os pequenos supermercados pesam 15,4% e as mercearias e lojas de retalho especializado valem 9,5%.
Quanto às várias categorias de produtos, destaque para o crescimento de 7% nos gastos com congelados e com bebidas não alcoólicas e para os 5% mais pagos por artigos de mercearia. Os laticínios e a higiene do lar estão em linha com o ano passado e os gastos com be
bidas alcoólicas e com artigos de higiene pessoal cresceram 3%.
Dos 1961 milhões de euros gastos no retalho alimentar nos dois primeiros meses do ano, 42,7% foram para artigos de mercearia (837,3 milhões de euros), 18,2% para laticínios (356,9 milhões) e 7,4% para congelados (145,1 milhões de euros). No caso dos laticínios, foram 1,8 milhões de euros a menos do que no arranque de 2023.
Significativo foi o crescimento do peso das marcas brancas na fatura total dos consumidores. Valem já 46,1% do valor gasto, contra os 44,4% de há um ano. Na alimentação esse crescimento foi ainda mais notório: os artigos de marca da distribuição na mercearia valem 52,5%, dois pontos percentuais acima do período homólogo; 47,6% nos laticínios (mais 1,6 pontos percentuais) e 63% nos congelados (1,7 pontos percentuais mais). Nos restantes artigos, destaque para a categoria de higiene do lar, na qual a quota de marcas brancas passou dos 41,9% em janeiro e fevereiro de 2023 para 46,2% este ano.
Uma performance que atesta o menor poder de compra das famílias portuguesas, a braços com a inflação alta e a subida das taxas de juro. Ainda recentemente, a Deco Proteste divulgou o seu mais recente barómetro, no qual revelava que três em cada quatro famílias portuguesas têm dificuldades em pagar as suas contas, sendo que 7% se encontravam numa “situação crítica”.
Já os dados da evolução de preços do cabaz essencial e do cabaz do IVA que a Deco Proteste monitoriza semanalmente desde janeiro de 2022 mostram que o cabaz de 63 produtos essenciais custava, esta semana, 231,94 euros, mais 5,95 euros do que há um ano (+2,63%), mas 6,42 euros abaixo do que custava na semana passada (-1,74%). Comparativamente a janeiro de 2024, e depois de uma subida na segunda semana, correspondente ao fim do IVA zero e à reposição do imposto, os preços têm vindo a sofrer ajustamentos em baixa, atingindo esta semana o valor mais baixo de 2024.