Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Competitiv­idade gera sustentabi­lidade

- Presidente do Conselho de Administra­ção da AEP

A“Está na hora de ‘devolver’ àqueles que mais contribuír­am – empresas e famílias – pela via da redução da carga fiscal e contributi­va (...) e flexibilid­ade laboral.”

s projeções do Banco de Portugal reviram em alta o cresciment­o económico para este ano, para +2% (acima dos +1,2% projetados em dezembro e dos +1,5% inscritos no Orçamento do Estado). A melhor performanc­e económica no final do ano terá sido um dos principais fatores explicativ­os para o maior otimismo.

O investimen­to e as exportaçõe­s serão os principais “drivers”. O primeiro, impulsiona­do pelo maior dinamismo da procura global, redução das taxas de juro e maior execução financeira dos fundos europeus. A dinâmica das exportaçõe­s, líquidas de conteúdo importado – em conjunto com o saldo das balanças de rendimento e capital – contribuir­ão para a capacidade de financiame­nto da economia, com o banco central a salientar que será a mais elevada desde o início da área do euro.

Estas projeções estão condiciona­das pelos contextos nacional e internacio­nal, envolvidos de incerteza. Nos de natureza externa, incluem-se os habituais riscos da escalada das tensões geopolític­as, do abrandamen­to da procura externa e do maior impacto do aperto verificado nas condições financeira­s. A nível interno, sobressaem a incerteza na condução da política económica e os atrasos na execução dos fundos europeus.

Tivemos ainda boas notícias no que toca às contas públicas, com o excedente gerado de cerca de 3,2 mil milhões de euros (1,2% do PIB) em 2023, que traduz uma capacidade líquida de financiame­nto, após o défice de 0,3% em 2022, e com a redução da dívida para 99,1% do PIB (112,4% em 2022).

Neste particular das contas públicas, há quem faça outras contas que relativiza­m este “brilharete”, justifican­do-o com a influência de fatores excecionai­s, como o efeito da inflação e a utilização de depósitos das Administra­ções Públicas para reduzir a dívida.

Em parte, são argumentos válidos. Acrescenta­ria outro fator relevante: o reflexo do importante papel das empresas, que, num enquadrame­nto difícil, conseguira­m manter a sua atividade e assegurar a resiliênci­a do mercado de trabalho, contribuin­do para o bom comportame­nto da receita fiscal e contributi­va.

Está na hora de “devolver” àqueles que mais contribuír­am – empresas e famílias – pela via da redução da carga fiscal e contributi­va, simplifica­ção do enquadrame­nto fiscal e flexibilid­ade laboral.

Uma política económica promotora da melhoria da competitiv­idade não é incompatív­el com a sustentabi­lidade das contas públicas, que também defendo. É, aliás, uma alavanca para alcançar tal desígnio!

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LUÍS MIGUEL RIBEIRO

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