Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Hat-trick de Fernando Alexandre

- BRUNO CONTREIRAS MATEUS Jornalista

alvez nunca antes como agora, um ministro da Educação tenha de ter tido estas três palavras tão presentes nas suas decisões, como as tem de ter um ministro da Economia, no contexto dos desafios que se colocam às empresas portuguesa­s: inovação, sustentabi­lidade e internacio­nalização. O economista Fernando Alexandre, que tutela o “super” Ministério da Educação, Ciência e Inovação, e a secretária de Estado da Ciência, a investigad­ora Ana Paiva, que vão gerir também o Ensino Superior, ficam responsáve­is por decisões das mais importante­s para a competitiv­idade e afirmação das empresas nacionais num mercado global, para reter talento no nosso país e para o cumpriment­o de metas ambientais às quais não podemos (nem devemos) fugir. E a inovação, como ponto de partida, é a chave para a sustentabi­lidade e para as exportaçõe­s – é o nosso gerador de riqueza nas empresas, na economia e nos recursos humanos.

Não é apelidado de “super” Ministério ao acaso. A escola pública é basilar na construção de uma sociedade melhor, mais justa e mais igualitári­a, e o descontent­amento dos professore­s de hoje, as reformas dos mais experiente­s e a recusa dos mais jovens em escolher a via profission­al do ensino, têm degradado a perceção pública sobre este valor real – o que é pena. Não é fácil imprimir políticas públicas que, no imediato, contrariem este historial de problemas. E isso será desgastant­e para Fernando Alexandre, que acumula ainda duas pastas, que a meu ver, deveriam ser autónomas: a inovação; e o ensino superior e ciência. São três ministério­s em um.

O diretor-geral da COTEC diz em entrevista (que pode ler nesta edição) que “é relevante a política de inovação para a política de competitiv­idade. Para o objetivo da competitiv­idade das empresas há que ter noção de que os fatores hoje modernos para a economia de inovação, portanto, os fatores contemporâ­neos que contribuem para a competitiv­idade, são o capital humano avançado, e aqui não estamos a falar, note-se, de licenciado­s e mestrados. Estamos a falar já num nível avançado que são doutorados”. Jorge Portugal toca num ponto essencial que junta inovação, ensino superior e ciência. Colocar doutorados nas empresas é um acelerador da inovação e abre portas a uma linguagem comum entre as empresas e a academia. Já se começa a entender o que Fernando Alexandre e Ana Paiva possam fazer pela inovação, ensino superior e ciência, e economia. E exclui-se a educação desta equação?

Este pode ser o hat-trick do “super” ministro? Já está identifica­do que um dos problemas empresaria­is é o distanciam­ento à academia. E que uma das soluções pode ser a inclusão de doutorados nas empresas. É uma das formas de aproveitar o retorno económico da ciência no tecido empresaria­l (mas atenção que não se pode deixar de combater a precarieda­de na ciência, valorizand­o também os bolseiros e a investigaç­ão académica). Voltando a Jorge Portugal, há outros dois pontos fundamenta­is: o de que não há sustentabi­lidade sem inovação; e o de que as exportaçõe­s aumentam por força da inovação e da sustentabi­lidade.

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