Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Taxa turística rende recorde de 13 milhões de euros às autarquias no primeiro trimestre

Receitas dos municípios do país com a tributação das dormidas subiram 7% até março, um novo máximo. A Câmara de Lisboa foi a que arrecadou mais, com quase oito milhões de euros. O Executivo de Carlos Moedas está a estudar o aumento do valor cobrado aos tu

- —RUTE SIMÃO rute.simao@dinheirovi­vo.pt

As câmaras municipais encaixaram um novo recorde de 12,7 milhões de euros no primeiro trimestre do ano com a taxa turística, de acordo com o levantamen­to realizado pelo Dinheiro Vivo. As receitas com o imposto cobrado sobre as dormidas nos alojamento­s turísticos do país subiram 7% face aos três primeiros meses de 2023, que foi, até agora, o melhor ano de sempre para o setor no país.

Apesar de as contas finais dos primeiros três meses do ano de alguns dos municípios inquiridos ainda estarem a ser fechadas, os dados já apurados não deixam margem para dúvidas e apontam para um novo resultado histórico.

A procura por Portugal continuou em trajetória ascendente no arranque de 2024, ultrapassa­ndo os números do ano passado. Os últimos dados disponívei­s do Instituto Nacional de Estatístic­a (INE) indicam que, até fevereiro, as dormidas cresceram 3,3% em comparação com o período homólogo, para 7,7 milhões, 23% acima dos resultados de 2019. Os estrangeir­os foram os responsáve­is pela maior fatia das dormidas, 5,2 milhões (+4,9%) tendo o mercado interno realizado 2,5 milhões de dormidas (+0,3%).

A aceleração da atividade turística entre janeiro e março valeu, desta forma, um novo resultado recorde para as tesouraria­s das autarquias que cobram este imposto. No período em análise, houve 15 câmaras municipais a tributar as dormidas aos turistas: Braga, Cascais, Faro, Lisboa, Mafra, Óbidos, Porto, Santa Cruz (Madeira), Sintra, Vila Nova de Gaia, Vila Real de Santo António, Olhão, Coimbra, Figueira da Foz e Póvoa de Varzim.

Lisboa lidera e prepara-se para aumentar taxa

O Executivo camarário gerido por Carlos Moedas continua a liderar o ranking nacional de receitas. Até março, a Câmara Mu

nicipal de Lisboa amealhou 7,8 milhões de euros com a taxa turística, um avanço de 6% face a 2023. A autarquia, que tributa as dormidas desde 2016, cobra atualmente um valor de dois euros por noite, mas está a estudar a subida da taxa. Carlos Moedas reiterou recentemen­te, na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), a intenção de aumentar este imposto com o intuito de melhorar “a qualidade do turismo” na capital, reforçando a higiene e limpeza urbana. Ao Dinheiro Vivo a autarquia adianta que “o Executivo está a estudar a atualizaçã­o da taxa turística não tendo, neste momento, qualquer anúncio a fazer quanto a esta matéria”. Para já, não se sabe qual será o novo valor a aplicar nem quando deverá entrar em vigor. Desde o início do mês, o município começou também a cobrar taxa turística aos passageiro­s dos navios de cruzeiros que chegam à cidade.

No mapa nacional, o segundo lugar do pódio é ocupado pelo Porto que viu as receitas com a taxa turística avançar 8%, para os 3,5 milhões de euros. A câmara liderada por Rui Moreira, que taxa as dormidas em dois euros por noite desde 2018, está também a estudar a alteração do regulament­o da taxa municipal turística. Os valores podem chegar aos três euros por noite.

Em Vila Nova de Gaia, os valores do primeiro trimestre estão ainda a ser apurados. Até à data, a autarquia contabiliz­ou uma receita de 109 mil euros, montante que deverá estar fechado no final de abril. Esta câmara municipal atualizou o regulament­o da Taxa da Cidade no passado mês de dezembro, fixando o valor cobrado por noite em 2,5 euros ao longo de todo o ano. Até ao final de 2023, as dormidas eram tributadas a um euro, entre 1 de outubro e 31 de março, e a dois euros entre abril e setembro.

A sul, Sintra foi o município onde as receitas mais cresceram. Até março, os dados provisório­s disponibil­izados pela autarquia apontam para uma receita de 313 mil euros, uma subida de 144% face a 2023. O aumento deve-se não só ao cresciment­o das dormidas, mas à atualizaçã­o da taxa turística que, desde março de 2023, passou para dois euros por noite.

Em Cascais, este imposto rendeu 462 mil euros (+5%), sendo que cerca de 78% da receita foi cobrada aos estabeleci­mentos hoteleiros e os restantes 22% a alojamento­s locais.

Em Óbidos, as receitas correspond­entes aos meses de janeiro e fevereiro totalizam os 25 mil euros (+19%) e no Algarve, Vila Real de Santo António amealhou 128 mil euros (+19%). Na Madeira, Santa Cruz arrecadou 398 mil euros (+8).

Já a Figueira da Foz encaixou 82 mil euros no primeiro trimestre do ano. A autarquia só começou a aplicar a taxa turística em julho de 2023, pelo que não é possível fazer uma comparação homóloga e, desta forma, os valores apurados da autarquia também não entraram nos cálculos finais do Dinheiro Vivo. Coimbra só tributa as dormidas entre março e outubro, pelo que também não entrou na contabiliz­ação do primeiro trimestre do ano.

A lista de autarquias a cobrar a taxa turística vai voltar a aumentar este ano. Amarante começou a aplicar o imposto este mês, no valor de um euro em época baixa e de dois euros na época alta, e no Funchal a tributação das dormidas entrará em vigor em outubro. No Algarve, Portimão avançou com o imposto em março e, em maio, será a vez de Albufeira.

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FOTO: REINALDO RODRIGUES/GI Nos primeiros dois meses deste ano, as dormidas no país estavam 23% acima de igual período de 2019, antes da pandemia.
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