Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Nickel “É crucial construir pontes para um futuro financeiro mais acessível”
Com mais de 3,8 milhões de contas abertas na Europa e uma rede composta por 10 500 comerciantes, a francesa Nickel quer continuar a eliminar barreiras no setor bancário, transformando a inovação em inclusão.
Nasceu há dez anos com uma missão: levar a inovação ao setor financeiro, apresentando a consumidores e comerciantes uma nova forma de acesso aos serviços bancários. De lá para cá, a fintech francesa Nickel expandiu-se para vários mercados europeus, conquistando a confiança de milhões de clientes. Em Portugal, onde está há mais de um ano, o balanço não poderia ser mais positivo. Quem o diz é a sua CEO, Marie Degrand Guillaud.
Passou-se uma década desde o lançamento da Nickel. Como descreve esta jornada e quais os resultados alcançados?
Celebrar o décimo aniversário da Nickel é um momento de orgulho para todos aqueles que têm feito parte desta aventura e é uma oportunidade para projetarmos novos desafios e objetivos cada vez mais ambiciosos. Até à data, estamos presentes em alguns dos principais países da Europa, nomeadamente em França – onde a empresa foi fundada, em 2014 –, Portugal, Espanha, Bélgica e Alemanha, tendo sido abertas cerca de 3,8 milhões de contas, com uma rede de distribuição de mais de 10 500 pontos de venda, o que é, sem dúvida, um cenário muito positivo e que comprova que estamos a caminhar no sentido certo.
Estrearam-se em Portugal há cerca de um ano e meio. O balanço vai ao encontro do planeado?
O interesse na Nickel tem vindo a crescer e entendemos que esta evolução só é possível pelas características que nos distinguem. Atualmente, contamos com mais de 600 agentes em Portugal e somos, em termos de prestação de serviços financeiros essenciais, a segunda maior rede de pontos de contacto aos clientes. A equipa continua também a crescer: dos mais de 800 colaboradores, cerca de 30 estão localizados no país. A operação portuguesa é um caso de sucesso que em muito contribui para o fortalecimento do nosso negócio à escala europeia. Em termos de clientes, fazendo uma comparação com mercados de dimensões semelhantes ou até superiores como é o caso de Bélgica e Espanha –, e considerando o mesmo período desde o lançamento, estamos em linha com as metas e até acima dos nossos congéneres.
Há pontos a destacar?
Sim, apesar de termos chegado recentemente ao mercado, em apenas um ano, integramos no nosso produto algumas das necessidades do dia-a-dia dos consumidores e adicionámos vários serviços à nossa oferta – como os cartões My Nickel, Premium e Metal (personalizáveis, com seguros mais abrangentes e atrativos para viajantes); uma parceria para transferências internacionais, bem como as transferências imediatas; o serviço Apple Pay; o carregamento da conta Top-up by Card; e a opção True Name, dando a possibilidade a pessoas transgénero ou não-binárias de personalizar o cartão com o nome com o qual se identificam.
A Nickel diferencia-se por disponibilizar uma conta de pagamento, através de uma rede de agentes. Quais foram os desafios ao introduzir este conceito no setor financeiro?
Ao disponibilizarmos um produto acessível e sem complicações no mercado local, queríamos mostrar as diferenças que tínhamos para oferecer e os benefícios que as mesmas podem trazer. Este processo implicou uma reformulação e um desafiar dos pressupostos tradicionais, e foi essa capacidade de repor o essencial e de modernizar, adaptando aos nossos dias o que a banca tradicional tem de positivo, que fez de nós um verdadeiro
Sete em cada dez clientes da Nickel já utilizam o serviço como conta principal. Maioria das operações são pagamentos do dia-a-dia.
A conta de serviços mínimos bancários tem um custo anual mais reduzido do que a da Nickel (20,8 euros). Ainda assim, há vantagem em aderir aos vossos serviços?
As contas Nickel e as de serviços mínimos são distintas, tanto na acessibilidade como na liberdade de utilização. Aquela opção acaba por ser uma conta bancária tradicional, mas sujeita a algumas limitações, restrições de utilização e necessidade de comprovação por parte do candidato de um conjunto de requisitos. Já a conta Nickel é inovadora em termos de modelo de negócio e assente na simplicidade, sem requisitos mínimos ou condições, e com a característica de ser uma conta acessível a todos, independentemente do rendimento ou origem do cliente. Como é que os comerciantes podem disponibilizar este serviço nos seus estabelecimentos?
Os comerciantes interessados em tornarem-se agentes Nickel poderão iniciar o processo no nosso site, o qual, após a recolha da documentação necessária, será alvo de um processo de avaliação e de aprovação pelo banco central. Terão formação não só para estarem aptos a ajudar os clientes a abrir contas, realizar as respetivas operações e responder a questões essenciais, como também no âmbito prevenção ao branqueamento de capitais e de conhecimento da nota euro.
E o interesse dos comerciantes portugueses tem sido crescente?
Em Portugal, a adesão do comércio local aos nossos serviços revela uma aceitação muito positiva e consideramos que este é um excelente indicador para os resultados que podemos vir a alcançar no futuro com a abertura de mais pontos de venda.
Como está distribuída esta mesma rede em território nacional? A nossa rede de pontos de contacto está presente de norte a sul, em todos os distritos de Portugal continental. A distribuição acaba, acima de tudo, por seguir naturalmente a densidade populacional de cada distrito, de forma a responder adequadamente às necessidades da população.
Qual o perfil dos clientes da Nickel em Portugal?
Atualmente, 35% dos clientes Nickel residem fora das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, o que demonstra a importância do fator físico do nosso serviço através dos pontos de venda. Além disso, 70% já utilizam o nosso serviço como a sua conta principal, com 76% das operações realizadas a serem pagamentos do dia-a-dia. Em termos de perfis, hábitos e comportamentos, não vemos grandes diferenças em Portugal face a outros mercados.
Como planeiam crescer, especialmente com a concorrência de outras fintechs e instituições financeiras tradicionais? Queremos fazer parte da criação de um futuro transformador, onde complementamos a banca tradicional. O nosso foco é na inovação e na experiência do cliente, contribuindo não só para a inclusão financeira de toda a população, mas também para uma reaproximação a regiões onde o acesso a serviços financeiros físicos é limitado. Enquanto fortalecemos o comércio local, contribuímos também para o desenvolvimento da economia digital e cashless. Não esquecemos, no entanto, que a concorrência é muito salutar para a evolução do setor.
Com a expansão internacional em curso, quais são os principais objetivos da Nickel?
Olhamos para o futuro com grande confiança, uma vez que somos rentáveis desde 2018 e a nossa rentabilidade está a aumentar todos os anos. Até ao final de 2025, pretendemos atingir os 5,5 milhões de clientes (e Portugal será essencial para a concretização desse objetivo) e tornarmo-nos na maior rede de distribuição de contas correntes na Europa. Ambicionamos evoluir da democratização do acesso a uma conta de pagamentos para a democratização do acesso aos serviços financeiros universais, sempre baseada naquilo que são os princípios e valores da Nickel, como a oferta de produtos simples, úteis e acessíveis a todos. Tendo em conta o rápido avanço da tecnologia financeira, como olha para o futuro do setor e qual o papel que acredita que a Nickel desempenhará?
Com o avanço da tecnologia financeira, e graças à evolução de tecnologias como a inteligência artificial, a big data e a blockchain, estamos a assistir também a uma inovação no setor bancário e é muito importante estimular a concorrência e permitir o natural aparecimento e estabelecimento de fintechs, de forma a aumentar a inovação no país. É crucial continuarmos a construir pontes para um futuro financeiro mais acessível, eliminando barreiras como as da desertificação bancária e a iliteracia financeira. Ao ser universal, a Nickel é de extrema relevância na vida das pessoas – ao aumentar a sua base de clientes, também amplia o seu impacto positivo na vida das pessoas, fornecendo-lhes acesso a serviços financeiros essenciais.