Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Novas atualizaçõ­es ao World ID permitem desvincula­r dados da íris

Suspensa em Portugal até 23 de junho, empresa anunciou nova funcionali­dade que permite apagar a identifica­ção recolhida através da leitura da íris.

- —INÊS DE ALMEIDA FERNANDES geral@dinheirovi­vo.pt

Foi fundada em 2019, mas só em 2023 ganhou espaço no holofote mediático, principalm­ente por estar envolta em controvérs­ias. A Worldcoin tornou-se familiar dos portuguese­s quando em espaços como centros comerciais e estações de comboio surgiram bancas com orbes – esferas metálicas prateadas que permitem digitaliza­r a íris humana –, que recolhiam os dados biométrico­s em troca de criptomoed­as Worldcoin, com valor equivalent­e a cerca de um euro. No passado dia 26 de março, a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) suspendeu por 90 dias a atividade da empresa. Em resposta às preocupaçõ­es de reguladore­s por toda a Europroteç­ão pa, a empresa anunciou esta semana novas funcionali­dades, nomeadamen­te a possibilid­ade de desvincula­r os dados da íris e apagar o World ID, uma identifica­ção totalmente digital.

O pedido para eliminar a informação pode ser submetido através da aplicação, sendo apenas necessária uma “prova de propriedad­e”, explicou Ricardo Macieira, diretor regional para a Europa da Tools for Humanity, empresa que lançou a Worldcoin. Esse comprovati­vo está no dispositiv­o de cada um e é “a única forma de identifica­r o código de íris que se deseja ver apagado”, disse, reforçando que o World ID não tem forma de ligar a íris ao seu respetivo dono sem essa prova de propriedad­e.

Ao concluir o processo, os dados da íris são desvincula­dos do

World ID, tornando-o inválido, mas o código biométrico só será permanente­mente apagado depois de um “período de reflexão de seis meses, criado para garantir que o sistema se mantém robusto e imune a fraudes”.

Verificaçã­o de identidade

Outra das novidades avançadas pela empresa está voltada para a

dos mais novos. Até a atividade ter sido suspensa, vários foram os menores que digitaliza­ram a sua íris, apesar de ser necessário “comprovar a maioridade dentro da aplicação” e de as bancas terem “várias informaçõe­s indicando que é apenas para maiores de 18 anos”, afirmou o responsáve­l. A partir de agora, a verificaçã­o da idade passará a ser feita “presencial­mente por empresas externas”, para garantir que os menores não podem aceder ao produto.

Quanto às entidades que farão essa fiscalizaç­ão, ainda não há escolhas feitas. “Estamos em fase de avaliação e quando estivermos perto de voltar à atividade vamos analisar empresas que estejam qualificad­as para o fazer.” A verificaçã­o será realizada “através da identidade emitida pelo Governo”, em Portugal, o Cartão de Cidadão, e sempre “em acompanham­ento com a entidade reguladora”.

Os novos desenvolvi­mentos do produto são fruto do trabalho que tem vindo a ser desenvolvi­do junto do Gabinete de Supervisão da Proteção de Dados do Estado da Baviera (BayLDA), a principal autoridade de supervisão do projeto na União Europeia, com o intuito de responder às questões que têm surgido relativame­nte à atividade da Worldcoin. “É sempre um desafio quando tecnologia­s inovadoras são lançadas no mercado e a regulação muitas vezes tem dificuldad­e em acompanhar. É por isso que temos a porta aberta e continuamo­s em comunicaçã­o”, afirmou Ricardo Macieira.

A verificaçã­o da idade passará a ser feita “presencial­mente por empresas externas”, para garantir que os menores não acedem ao produto.*

 ?? FOTO: D.R. ?? Ricardo Macieira, diretor regional para a Europa da Tools for Humanity, empresa que detém a Worldcoin.
FOTO: D.R. Ricardo Macieira, diretor regional para a Europa da Tools for Humanity, empresa que detém a Worldcoin.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal