Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Mudança de software na Worten abre ibéria à Randtech
Tecnológica portuense focou-se desde a sua criação em Angola, mas projeto em Portugal pode abrir portas nacionais e em Espanha.
A Randtech Computing é uma tecnológica nacional orientada para o desenvolvimento de software no setor dos seguros que, desde a fundação, em 2015, opera numa lógica de internacionalização. Com sede no Porto, tem trabalhado, sobretudo, o mercado angolano e, agora, com um projeto em mãos que envolve a Worten, aposta no mercado português para encontrar o caminho para Espanha e – num objetivo alargado – a América Latina.
O plano para o futuro é ambicioso e levará tempo – depreende-se da conversa que o Dinheiro Vivo teve com Jorge Oliveira, chief operations officer (COO) da tecnológica –, mas, embora laborioso, não é inalcançável.
Vamos por partes. A Randtech foi contratada pela MDS, uma das maiores corretoras de seguros a operar em Portugal, para fazer a mudança de um software numa plataforma da Worten.
“Eles [MDS] fazem a gestão do projeto, mas quem o executa somos nós”, conta Jorge Oliveira. O gestor revela que o projeto está em marcha desde 1 de abril. O papel da Randtech visa acautelar a migração de ferramentas aplicacionais relacionadas com a gestão interna de contratos para reparação de produtos. “Não está relacionado com a venda de seguros, mas há algumas semelhanças” na aplicação do software. “Por exemplo, um frigorífico adquirido por um cliente, e com garantia, pode ser tratado como se tivesse ocorrido um sinistro”, afirma.
Sendo a MDS “o principal player na mediação da venda de seguros”, que desde 2022 é detida pelo grupo britânico Ardonagh – negócio que rendeu ao grupo Sonae, dono da Worten, uma mais-valia de 79 milhões de euros por 50% da MDS –, haverá, neste projeto, uma oportunidade a não desperdiçar pela Randtech, segundo Jorge Oliveira.
“O objetivo é que nos vejam como potencial parceiro para o futuro”. E, assim, “eventualmente”, “venham a adjudicar à Randtech outros serviços” – esses sim – na área dos seguros.
Jorge Oliveira acredita que a qualidade do trabalho da Randtech poderá fixar um parceiro relevante, afirmar o nome da empresa em Portugal e, futuramente, abrir portas, em Espanha – o gestor considera ser um mercado onde só se entra se houver “um grande parceiro”.
Depois, o ideal seria chegar à América do Sul, “um mercado que tem um potencial enorme”, sendo “difícil lá chegar sem passar por Espanha”.
O plano, que o gestor admite ser algo realizável num período de dez anos, é, nos próximos tempos, “consolidar dois ou três projetos em Portugal, passar para Espanha e chegar à América Latina”.
Moçambique e Cabo Verde também estão no horizonte
A Randtech foi fundada há nove anos – Jorge Oliveira é um dos fundadores. Pode ser entendida como uma insurtech, mas é, sim, uma software house vocacionada para a área dos seguros. Como o setor em Portugal é saturado, caracterizando-se por vínculos de longa duração, a Randtech optou desde o início por apostar em Angola.
Segundo o COO da Randtech, o mercado angolano foi uma oportunidade, desde o início, porque as soluções tecnológicas apresentadas às seguradoras “eram desenvolvidas da mesma forma” e com base nas necessidades identificadas na Europa. Ora, em Angola, a maturidade tecnológica “era diferente”, além da dinâmica do mercado também ser outra.
“A realidade não é a mesma, é bem diferente. Não basta pôr o computador à frente das pessoas se não souberem o que utilizar. Vi que era necessário trabalhar o mercado de forma diferente ao que se via na Europa, e em Portugal”, comenta o gestor. A partir daí, a tecnológica apresentou-se, desenvolvendo produtos “abrangentes” e “transversais às necessidades” e, segundo Jorge Oliveira, os negócios foram aparecendo.
Com o foco em Angola, 2023 foi o melhor ano da Randtech, registando uma faturação de dois milhões de euros, “uma duplicação face ao ano anterior”. Conta com uma equipa de cerca de 25 pessoas em Portugal, duas em Angola, trabalhando para um total de 14 empresas-cliente (seis foram angariados no último ano). Com o sucesso em Angola, Jorge Oliveira afirma haver já “contactos” para levar a tecnológica para Moçambique e Cabo Verde.