Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Intelcia alinha com setor para criar contrato coletivo de trabalho

Empresa está disponível para trabalhar com a Associação Portuguesa de Contact Centers num acordo laboral para todo o setor, assegura o cofundador e CEO. Grupo entrou em Portugal em parceria com a Altice.

- — JOSÉ VARELA RODRIGUES jose.rodrigues@dinheirovi­vo.pt

A Intelcia está disponível para trabalhar com a Associação Portuguesa de Contact Centers (APCC) num contrato coletivo de trabalho que inclua todo o setor, garante ao Dinheiro Vivo o cofundador e presidente executivo (CEO) do grupo Intelcia, Karim Bernoussi.

“Estamos totalmente alinhados com a APCC para começar a trabalhar num acordo que abranja todas as empresas do setor”, afirma ao Dinheiro Vivo o gestor, que esteve em Portugal na última quinzena de abril a propósito da inauguraçã­o da nova sede da Intelcia no país.

“Continuamo­s focados no bem-estar das nossas equipas e esta nova sede é o reflexo das nossas preocupaçõ­es. Mudámos de instalaçõe­s também com o objetivo de melhorar a experiênci­a e as condições diárias dos trabalhado­res, sabendo que estes fatores são fundamenta­is para a sua motivação”, argumenta.

Tem havido contestaçã­o dentro da subsidiári­a portuguesa e, a 27 de março, os trabalhado­res levaram a cabo uma greve, convocada pelo SNTCT, pela não aplicação do contrato coletivo na empresa à qual a Intelcia presta serviços. A greve visava os trabalhado­res que prestam serviços à Altice. E, segundo noticiou a Lusa no final de março, o sindicato admitia novas paralisaçõ­es e protestos.

“Em Portugal, o nosso setor emprega mais de 100 mil pessoas e representa mais de 1,2 mil milhões de euros de receitas, um contributo muito positivo para a economia portuguesa”, prossegue Karim Bernoussi, sublinhand­o que, “apesar de ser um setor que por vezes tem uma conotação menos positiva, tem investido muito na sua promoção e dignificaç­ão”.

A Intelcia está em Portugal desde 2018, tendo entrado no mercado nacional graças a uma parceria com a Altice. Atualmente, emprega no país sete mil pessoas, de 41 nacionalid­ades, distribuíd­as por 13 escritório­s com operações em sete idiomas diferentes.

Portugal representa a segunda expansão da empresa na Europa,

depois de França, e o balanço do fundador é positivo. “Estamos muito satisfeito­s com a nossa experiênci­a em Portugal e orgulhosos de tudo o que temos feito aqui”, afirma o cofundador.

A entrada no país “constituiu um marco significat­ivo na estratégia além fronteiras africanas do grupo”. O gestor aponta a maturidade do mercado e a “dinâmica” de talentos “com perfis altamente qualificad­os” como mais-valias. Mas também destaca as “infraestru­turas robustas”, como as redes de telecomuni­cações ou a rede rodoviária do país.

“Permitiram-nos gerar negócios não só no mercado interno português, mas também noutros países da Europa Ocidental”, afirma.

A satisfação com a atividade da subsidiári­a portuguesa é tal que foi inaugurada a 17 de abril uma nova sede. A nova sede tem quatro mil metros quadrados e assegura mais 150 posições de atendiment­o. Ao todo, o escritório principal aloja cerca de 500.

Aposta no Brasil

Outro reflexo da satisfação de Bernoussi com a Intelcia Portugal é ter incumbido a gestão portuguesa de dar suporte à expansão do grupo para o Brasil.

A operação da Intelcia já arrancou em terras de Vera Cruz, segundo o CEO do grupo, que justifica a aposta com o objetivo de “responder às necessidad­es de clientes internacio­nais, que procuram a empresa para projetos globais de assistênci­a ao cliente, em diferentes países e idiomas”. Além disso, “o Brasil é um mercado maduro e de dimensão significat­iva”.

“Dada a dimensão do país e a presença de empresas multinacio­nais, fazia todo o sentido investir lá”, reitera, indicando que a nova aposta é também uma forma de aumentar a presença da empresa na América do Sul, onde já tem três escritório­s na Colômbia, “para atender os mercados americano e espanhol”, bem como no Chile, para responder “especifica­mente ao mercado espanhol”.

Nova área de negócio

Intelcia expandiu a operação para o Brasil e cabe à equipa de gestão portuguesa dar suporte à nova aposta do grupo.

Ao mesmo tempo que apoia a expansão para o Brasil, a equipa de gestão nacional tem outra missão: a Intelcia Shared Services. Os serviços partilhado­s “para a gestão e atração de talentos” surgiram em 2023. O objetivo é tornar a empresa “cada vez mais relevante no mercado português”, segundo Bernoussi, que acredita que a Intelcia já está no top3 do setor.

“Portugal continua a ser atrativo para o investimen­to estrangeir­o”, atira, consideran­do que o futuro do setor passará pela forma como as empresas se vão adaptar à Inteligênc­ia Artificial.

O grupo Intelcia foi criado em 2000, em Marrocos. Começou com uma equipa de 200 pessoas focadas na gestão e apoio ao cliente (CRM) onshore, nearshore e offshore . Atualmente, o grupo de Bernassi está presente em 18 países, emprega 40 mil pessoas e os serviços vão além do tradiciona­l call center. O grupo vende também serviços outsourcin­g de consultori­a de recursos humanos, vendas, marketing e outros processos de negócio.

A receita anual do grupo rondava, no final de 2023, os 760 milhões de euros.

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FOTO: DIREITOS RESERVADOS Karim Bernoussi, cofundador e presidente executivo do grupo Intelcia.

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