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Dortmund chega à final mesmo vendendo mais do que compra

Rival do Real Madrid negociou Haaland e Bellingham, hoje os jogadores mais valiosos do mundo, e não desperdiço­u no mercado de transferên­cias. Modelo serviu para ir a Wembley.

- —JOÃO ALMEIDA MOREIRA geral@dinheirovi­vo.pt

Erling Haaland e Jude Bellingham têm duas coisas em comum, além da profissão: estão ambos avaliados em 180 milhões de euros, o que os torna, ao lado de Kylian Mbappé, os jogadores mais valiosos do planeta e, os dois, chegaram a Manchester City e a Real Madrid, respetivam­ente, depois de brilharem no Borussia

Dortmund. O clube alemão, entretanto, mesmo sem as duas estrelas, está na final da Champions League, marcada para 1 de junho, em Wembley.

O modelo do clube alemão vem sendo estudado nos últimos dias, depois de Mats Hummels, veterano central de 35 anos, ter calado o Parque dos Príncipes e carimbado a presença naquela final, adicionand­o um 1-0 na casa do PSG ao 1-0 no Signal Iduna Park, com golo de Niklas

Füllkrug, da semana anterior, diante da famosa “muralha amarela”.

Distinto do trio de outros semifinali­stas, o Real Madrid, o PSG e o Bayern, respetivam­ente o terceiro, o quarto e o quinto clubes com os plantéis mais valiosos do planeta futebol, os dois primeiros acima dos mil milhões de euros, e o último no limiar dessa marca, o Dortmund, 21 desta lista, avaliado em “meros” 463,7 milhões, prefere vender a comprar.

Por essa razão, desde 2012/13 teve um lucro líquido no mercado de transferên­cias de 130,09 milhões de euros, ao contrário dos clubes de Madrid, Paris e Munique – os franceses, com um prejuízo líquido de mais de mil milhões lideram mesmo a lista de esbanjador­es do último decénio, uma lista em que o Dortmund aparece apenas no 220. lugar, segundo o site Transferma­rkt.

E qual é o segredo então para conseguir juntar duas palavras – vender e vencer – tão parecidas no papel, mas considerad­as tão antagónica­s no futebol. Os Schwarzgel­ben [pretos e amarelos] apostam, conforme lista do jornal The Guardian, em jogadores em baixa no mercado. Sim, apostam, não há outra forma de o dizer, em rejeitados.

Como, por exemplo, Jadon Sancho, desprezado pelo Manchester United, Ian Maatsen, dispensado pelo Chelsea, Emre Can, visto como estorvo na Juventus, Marcel Sabitzer, que o Bayern fez questão de negociar, Mats Hummels, outro já sem espaço em Munique, e Niklas Füllkrug, ponta-de-lança esquecido nos porões da Bundesliga até aos 30 anos. Estes dois últimos os autores dos tais golos nas meias-finais que levaram o clube a Wembley.

O trio de atletas mais valiosos do clube, o guarda-redes Kobel, o extremo Donyell Malen e o médio ofensivo Julian Brandt custam 40 milhões, menos de um terço do valor de Mbappé, a estrela francesa vergada à força dos alemães na própria casa.

Além de optar pelo caminho financeiro mais difícil para chegar à final, o Dortmund ainda trilhou um pedregoso percurso desportivo ao cair, na fase de grupos, no chamado “grupo da morte” com o tradiciona­l Milan, o milionário Newcastle, ambos eliminados, e o citado PSG.

Na fase dos play off, os Schwarzgel­ben superaram o virtual campeão holandês PSV, o temido Atlético Madrid e o PSG outra vez. Falta o rei da champions Real Madrid.

Mas o pedregoso percurso começou ainda em 2022/23 quando equipa e fãs terminaram, devastados, a Bundesliga ao empatarem um jogo que lhes bastava vencer para serem campeões enquanto no último minuto, o Bayern, noutro campo, marcava o golo do título aos 89’. “Estávamos em dívida para com os fãs”, disse Edin Terzic, o treinador, após o triunfo de Paris. É, então, a única dívida que o clube tem.

 ?? FOTO: FRANCK FIFE/AFP ?? Mats Hummels, do Dortmund, e Mbappé, do PSG, na segunda partida da semifinal da Liga dos Campeões.
FOTO: FRANCK FIFE/AFP Mats Hummels, do Dortmund, e Mbappé, do PSG, na segunda partida da semifinal da Liga dos Campeões.

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