Correio da Manha - Domingo

Tiago Norte, o produtor e DJ por trás do projeto Stereossau­ro,

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conta como foi mergulhar nos masteres originais de Amália e Carlos Paredes para dar vida ao seu novo disco, ‘Bairro da Ponte’

hama-se ‘Bairro da Ponte’ e dele já se ouviram os temas ‘Nunca Pares’ e ‘Flor de Maracujá’. O novo disco do projeto Stereossau­ro resultou da manipulaçã­o dos ‘masters’ (gravações originais) de Amália Rodrigues e Carlos Paredes, guardados nos arquivos da Valentim de Carvalho, e contou também com a preciosa ajuda de convidados como Ace, Ana Moura, Camané, Capicua, Dino d‘santiago, Dj Ride, Carlos do Carmo, Gisela João, Holly, NBC, Nerve, Papillon, Paulo de Carvalho, Plutónio, Razat, Ricardo Gordo, Rui

Que propósito deu origem a este disco?

Faço produções e remisturas com ‘samples’ de fado há algum tempo, e sempre com um feedback muito positivo. Esse percurso serviu de testemunho de credibilid­ade para pedir acesso aos arquivos da Valentim de Carvalho, aos ‘samples’ de que precisava para este disco.

Como surgiram tantas parcerias? Na grande maioria são artistas com quem já tinha trabalhado ou já nos tínhamos cruzado “na estrada” e partilhado palcos, e muitas vezes ficou no ar, no meio de conversas, a frase “um dia temos

Foi fácil trocar-lhes as voltas, isto é, pôr gente do fado dentro de uma canção com batida eletrónica e gente do ‘hip hop’ a cantar fado?

Pode parecer incrível... mas foi muito fácil. Senti que todos tinham a mesma vontade de fazer música nova, sem estar muito preocupado com as fronteiras habituais de cada estilo musical. Foi tudo muito natural e, apesar de termos todos vivências muito diferentes, falamos a mesma linguagem. Não podia ter ficado mais contente com o resultado. E houve surpresas: nunca imaginei, no início do projeto, que iria escrever uma letra para a Ana Moura e outra para a Gisela João. E as canções? Mergulhar nos arquivos da Valentim de Carvalho deve ser uma experiênci­a extraordin­ária para um produtor... Mete respeito. Muitas canções, só o repertório da Amália é mesmo muito extenso... foi como entrar numa loja de doces.

Que critérios usou para escolher o que queria usar desse espólio? Foram vários, para filtrar de alguma maneira o que eu já sabia que poderia funcionar, a começar pelo ano de gravação, a velocidade da música, o compositor. Neste processo inicial tive a ajuda preciosa do Fernando Rascão, que é quem melhor conhece esse espólio. Eu perguntava-lhe por algo específico e ele sabia logo o ano em que havia a melhor gravação desse

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