Correio da Manha - Domingo

HIP-HIP-ZURRA, O PAN GANHOU

- Do vosso candidato a candidato Oburro

Querido PAN,

Não caibo em mim de contente com a eleição do vosso eurodeputa­do para Bruxelas! Lá acabaram por sair da toca! Agora é só esperar por outubro para se reproduzir­em como coelhos em S. Bento. Finalmente o André Silva vai deixar de ser o único a olhar para o palácio.

Não é que eu já não me sentisse representa­do pela grande maioria dos deputados que lá estão dos outros partidos, lá isso representa­m. Basta ouvir o que as pessoas lhes chamam: burros, asnos, azémolas, e por aí fora. Mas ter um partido que nos é inteiramen­te dedicado, que é mesmo nosso, isso é outra coisa!

Mas atenção! Crescer eleitoralm­ente traz muitas responsabi­lidades, não pensem que isto é só um fungagá de promessas. Não se esqueçam: pela boca morre o peixe. Por isso, nada de defraudar as expetativa­s da bicharada. Há muito combate político pela frente, muita injustiça a combater, muito direito a conquistar, muito mosquito a abater. E eu estou aqui para reivindica­r, para exigir, para fiscalizar. Até para zurrar se preciso for. Começo já por uma injustiça milenar de que tenho sido vítima e à qual o PAN tem que pôr cobro já. Tem a ver com o meu nome, Burro, cuja dignidade tem sido ultrajada ao longo dos séculos. Das duas, uma: ou fazem aprovar no parlamento um novo nome para mim ou proíbem que ele seja usado como insulto a pessoas pouco dotadas de inteligênc­ia. Não querem acabar com provérbios como «pegar os touros pelos cornos» ou «matar dois coelhos de uma cajadada só», substituin­do-os pelos fofinhos «pegar uma flor pelos espinhos» e «pregar dois pregos de uma martelada só»? Pois então! Imaginação não vos falta. E muita sorte têm vocês de se chamarem PAN e não PANC – Pessoas, Animais, Natureza e Construção. Porque senão teriam um duplo problema a resolver com a expressão «burro como uma porta». Tratem lá disso.

Mas já que é para representa­r os animais, que melhor forma de o fazer do que me integrarem a mim próprio, sim, a mim, nas listas do PAN? Não há partidos com palhaços e comediante­s? Com atrizes porno? Com advogados? Não vejo mal nenhum em que o PAN tenha um burro em lugar elegível. Até porque seria o primeiro burro autêntico no parlamento, no me iode tantos burros fake. E depois, a política já está cheia de ratazanas, de raposas velhas e de papagaios. De macacos, macacões e macaquinho­s de imitação. De camelos, ursos e abutres. De serpentes venenosas e doninhas fedorentas. De preguiças e de cigarras. Está cheia de invertebra­dos capazes do mais espantoso contorcion­ismo, de mamíferos que passam uma vida inteira a mamar, de crocodilos que se fartam de chorar com as tragédias alheias. Então de moscas nem se fala, elas vão mudando mas a m**** é sempre a mesma. O PAN precisa de criar quotas para a intervençã­o pública de outras espécies, principalm­ente daquelas que estão em risco de extinção. Para as mulas, por exemplo. Quota de espécie e quota de género. A menos que isso levante algum problema de endogamia ou coisa no género… Não quero que, por minha causa, o PAN se meta na boca do lobo… Seria burrice.

É só esperar por outubro para se reproduzir­em como coelhos em S. Bento

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(Assinatura­ilegível)

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