Correio da Manha - Domingo

LUSÍADAS (VERSÃO CURTA E ATUALIZADA)

- Luísdecamõ­es

As armas dos ladrões diplomados São hoje os votos na urna lusitana

Por esquemas nunca antes inventados Passaram muito além da gatunada Em leis e decretos cozinhados

À boa maneira republican­a

Entre gente atónita anunciaram

Novo Reino, que tanto geringonça­ram

E também as memórias gloriosas

Dos bancos que foram delapidand­o

Com desvios, favores e maroscas viciosas Um país inteiro andaram desvastand­o E aqueles, que por obras valerosas

Se vão das malhas da justiça libertando Cantando, lá vai Berardo a toda a parte Se a tanto o ajudar a lata e a arte

Aprendam do sábio Sócrates o plano Enriquecer enquanto os outros empobrecer­am O pior é quando vai tudo pelo cano

E se descobre as trafulhice­s que se fizeram Que nem o brando costume Lusitano Perdoa aqueles que as mãos meteram Na massa que não é sua e nem adianta

Dizer que outro valor mais alto se alevanta.

E vós, contribuin­tes, muito obrigado Diz o Centeno a rir, mostrando o dente Cada imposto e cada euro arrecadado Já tem o destino traçado mais à frente Há-de acabar, pois então, bem cativado Que o dinheiro nãoép ar agastar comest agente Não vale a pena dizer que o povo sofre Ele não se comove nem abre o cofre

Dai-me uma razão grande e sonorosa Para ter perdido um olho, se nada ajuda Nesta terra de gente boa mas medrosa Quem tem um olho é rei, quem tem dois deve ser muda

Dizei-me para onde foi a gloriosa

Coragem desta grei outrora tão tesuda Desculpem lá o desabafo e o calão

Mas ninguém vos mandou tirar-me do caixão

“E vós, contribuin­tes, muito obrigado. Diz o Centeno a rir, mostrando o dente

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