CRIANÇAS TEIMOSAS
Crianças menos obedientes tendem a ter mais sucesso na vida adulta
Talvez não seja socialmente correcto dizê-lo, mas as crianças teimosas parece terem
mais probabilidades de sucesso na vida do que as crianças mais obedientes.
Um estudo recente defende que as crianças que têm mais sucesso quando chegam à idade adulta, ao longo de toda a sua vida, não são as crianças que seguem obedientemente as regras que lhes são transmitidas e impostas, sem barafustar, mas sim as crianças que resistem, que são teimosas, que protestam, que tentam aqui e ali fazer valer a sua posição.
Um artigo publicado na revista ‘Developmental Psychology’ apresenta os resultados de uma investigação realizada junto de 700 pessoas, desde o tempo em que tinham 9 anos de idade até depois dos 40 anos. Entre as conclusões, os investigadores mostram que os adultos, que nos seus 40 anos ganhavam salários mais elevados e que, de acordo com outros parâmetros usuais, como a progressão na carreira, a independência económica, etc., tinham atingido maior sucesso profissional e social, eram aqueles que em criança tinham sido mais teimosos, que recorrentemente resistiam às ordens dos pais, dos professores e dos adultos em geral.
Mas esta investigação chama ainda a atenção para um outro aspecto. O sucesso profissional tem uma relação directa com a capacidade de estudo da criança. E tem também uma relação directa, mas em sentido inverso, com qualquer tipo de sentimento de inferioridade ou de baixa auto-estima. Por isso, alguma resistência à autoridade parental, a teimosia das crianças, deve ser vista pelos adultos com calma e inteligência. A par disso, a criança deve ser ajudada e incentivada a ter confiança nela própria, a valorizar o seu esforço e o seu estudo e a relacionar o seu sucesso com a forma como se preparou, com a determinação e seriedade com que estudou e não com o facto de o exame ter sido assim ou assado, ter sido fácil ou difícil.
Os pais preocupam-se com a educação dos filhos, com as classificações que eles obtêm, com as línguas que aprendem, com as actividades complementares, como a prática musical ou desportiva, etc. E isso está bem. Mas dar espaço aos filhos para alguma teimosia pode ser também uma forma inteligente de educação. A teimosia nas crianças, segundo esta investigação, incentiva a capacidade de a criança desenvolver a sua própria vontade e de a afirmar em diversos e variados contextos na idade adulta. Por isso, com razoabilidade, alguma teimosia nas crianças deve ser bem aceite. Não faz mal a ninguém, antes pelo contrário.