AÇORDA COMO DEVE SER
A propósito da grande sopa alentejana, aqui se conta uma história que só podia ter ocorrido no Alentejo
A mais genial sopa alentejana dá para fazer, de acordo com o chefe António Nobre, do restaurante Degust’ar Lisboa, 30 preparações diferentes. Haja imaginação para tanta combinação, mas a realidade é que na açorda podem entrar carnes, peixes, azeitonas e até frutas. E nós até conhecemos uma que não desejamos sequer provar. Certo dia juntaram-se para petiscar Gabriel Fialho (do mítico Fialho) e os amigos. A dada altura, os convivas obrigaram Gabriel a fazer uma açorda, aí por volta das 3 da manhã. O cozinheiro, a contragosto, lá foi para a cozinha de uma casa que não era a sua, onde não havia coentros. Pensou, pensou, olhou para o jardim e, zás, não há coentros, mas há escalracho (ou erva gramão). Consta que ninguém protestou. As coisas que o álcool faz.
PREPARAÇÃO
A mais genial das sopas alentejanas segue a matriz de todas as comidas do Alentejo: poucos produtos, mas equilibrados de forma perfeita. O que significa que tudo funcionará bem se os ingredientes forem de qualidade.
Todos. É que não vale a pena caprichar no bacalhau para depois deitar tudo a perder com um azeite rançoso ou com tulha. Pela sua saúde e bom gosto, certifique-se que é azeite Virgem Extra.
Lave os coentros, corte-os e coloque-os num almofariz com sal e os dentes de alho.
Pise os ingredientes até formar uma massa homogénea e de seguida adicione o azeite. No Alentejo, este preparado chama-se piso.
Entretanto, coloque um tacho ao lume com água e os lombos de bacalhau. Quando estes estiverem cozidos, retire-os e reserve.
Nessa água escalfe os ovos e reserve.
Coloque a massa homogénea numa terrina e adicione a água a ferver onde o bacalhau e os ovos cozeram.
Mexa com uma colher e retifique o tempero.
Sirva de imediato com o pão cortado em fatias finas ou em cubos.