Correio da Manha - Domingo

A secretária-geral da AHRESP, Ana Jacinto, faz o balanço

do último confinamen­to numa altura em que as esplanadas voltam a abrir. O quadro é aterrador: “Cada vez mais empresas serão forçadas a encerrar”

- POR DANIELA POLÓNIA pivô CMTV

ESTÁ SATISFEITA COM O ARRANQUE DA SEGUNDA FASE DO DESCONFINA­MENTO?

Apesar das muitas limitações e de muitos estabeleci­mentos não terem esplanada, a reabertura representa já um sinal de esperança. Contudo, e uma vez mais, as regras não foram conhecidas de forma atempada. A regulament­ação foi publicada no dia 3 de abril para entrar em vigor dia 5 do mesmo mês e, apesar de a AHRESP se ter antecipado a colocar várias questões à tutela, a verdade é que ainda subsistem dúvidas.

QUANTOS RESTAURANT­ES E CAFÉS NÃO VÃO REABRIR DEVIDO À CRISE PROVOCADA PELA PANDEMIA?

Desde o início da crise que temos monitoriza­do o setor através de um inquérito mensal. Os dados mais recentes, que dizem respeito a fevereiro, revelam que na Restauraçã­o e Similares, 52% das empresas estavam com a atividade totalmente encerrada e que 34% das empresas ponderavam mesmo avançar para insolvênci­a, porque as receitas realizadas e previstas não permitem suportar todos os encargos. Obviamente que com o passar do tempo estes números podem crescer.

DOS QUE REABREM, ALGUNS ESTÃO COM `A CORDA AO PESCOÇO'?

Claro que sim. O inquérito que referi revelou uma quebra de faturação de mais de 60% para 83% das empresas inquiridas, o que é avassalado­r. Isto para não falar de atividades que desde março de 2020 estão encerradas por determinaç­ão legal, com faturação zero. A manter-se este cenário, cada vez mais empresas serão forçadas a encerrar.

QUANTOS EMPRESÁRIO­S AINDA ESTÃO À ESPERA DAS AJUDAS DO GOVERNO?

Não sabemos exatamente o número mas sabemos que todos os dias temos notícia de casos desesperan­tes . A AHRESP tem estado em contacto com as diferentes tutelas, e também com a Segurança Social, para tentar resolver os casos dos empresário­s que têm tido dificuldad­e em aceder aos apoios.

O GOVERNO TEM SIDO SOLIDÁRIO COM O SETOR?

O Governo entende a situação dramática que lhe temos transmitid­o, mas o que as empresas precisam não é de solidaried­ade, mas de medidas ágeis, descomplic­adas e robustas que deem resposta às suas necessidad­es. A verdade é que não se conseguiu ainda chegar a um equilíbrio, entre as medidas sanitárias essenciais para controlar a pandemia e as medidas económicas, que consiga salvar as nossas empresas e os seus trabalhado­res.

“52% da restauraçã­o e similares encerraram totalmente

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