A secretária-geral da AHRESP, Ana Jacinto, faz o balanço
do último confinamento numa altura em que as esplanadas voltam a abrir. O quadro é aterrador: “Cada vez mais empresas serão forçadas a encerrar”
ESTÁ SATISFEITA COM O ARRANQUE DA SEGUNDA FASE DO DESCONFINAMENTO?
Apesar das muitas limitações e de muitos estabelecimentos não terem esplanada, a reabertura representa já um sinal de esperança. Contudo, e uma vez mais, as regras não foram conhecidas de forma atempada. A regulamentação foi publicada no dia 3 de abril para entrar em vigor dia 5 do mesmo mês e, apesar de a AHRESP se ter antecipado a colocar várias questões à tutela, a verdade é que ainda subsistem dúvidas.
QUANTOS RESTAURANTES E CAFÉS NÃO VÃO REABRIR DEVIDO À CRISE PROVOCADA PELA PANDEMIA?
Desde o início da crise que temos monitorizado o setor através de um inquérito mensal. Os dados mais recentes, que dizem respeito a fevereiro, revelam que na Restauração e Similares, 52% das empresas estavam com a atividade totalmente encerrada e que 34% das empresas ponderavam mesmo avançar para insolvência, porque as receitas realizadas e previstas não permitem suportar todos os encargos. Obviamente que com o passar do tempo estes números podem crescer.
DOS QUE REABREM, ALGUNS ESTÃO COM `A CORDA AO PESCOÇO'?
Claro que sim. O inquérito que referi revelou uma quebra de faturação de mais de 60% para 83% das empresas inquiridas, o que é avassalador. Isto para não falar de atividades que desde março de 2020 estão encerradas por determinação legal, com faturação zero. A manter-se este cenário, cada vez mais empresas serão forçadas a encerrar.
QUANTOS EMPRESÁRIOS AINDA ESTÃO À ESPERA DAS AJUDAS DO GOVERNO?
Não sabemos exatamente o número mas sabemos que todos os dias temos notícia de casos desesperantes . A AHRESP tem estado em contacto com as diferentes tutelas, e também com a Segurança Social, para tentar resolver os casos dos empresários que têm tido dificuldade em aceder aos apoios.
O GOVERNO TEM SIDO SOLIDÁRIO COM O SETOR?
O Governo entende a situação dramática que lhe temos transmitido, mas o que as empresas precisam não é de solidariedade, mas de medidas ágeis, descomplicadas e robustas que deem resposta às suas necessidades. A verdade é que não se conseguiu ainda chegar a um equilíbrio, entre as medidas sanitárias essenciais para controlar a pandemia e as medidas económicas, que consiga salvar as nossas empresas e os seus trabalhadores.
“52% da restauração e similares encerraram totalmente