Correio da Manha - Domingo

ALGUNS AMIGOS

- FERNANDO ILHARCO PROFESSOR UNIVERSITÁ­RIO ANTIGA ORTOGRAFIA

Nãoé possível ter muitos amigos, é uma questão biológica. a memória, o cérebro, a mobilidade e o relacionam­ento típico dos seres humanos favorecem te ruma mão cheia de grandes amigos, não mais. Talvez uns 15, no máximo, quando se fala em amigos próximos, cuja alegria e tristeza nos afectam. No entanto, em geral, as pessoas têm mais amigos. Têm uns 50 amigos, do género dos que convidaria­m para a sua festa de anos, no caso de darem mesmo uma grande festa, mas que não convidaria­m para um jantar lá em casa. O número de amigos pode ainda alargar-se a uns 150, o máximo para a maioria das pessoas. Talvez se trate mais de conhecidos do que de amigos, de gente que sabemos quem são e com quem nos damos bem, mas com quem não temos grande proximidad­e. Pessoas que encontramo­s em baptizados, casamentos e funerais ou nas reuniões de ex-alunos. Usualmente, neste grupo 150 um dos temas de conversa é combinar encontrare­m-sem ais vezes. Ma sé difícil. Quem refere estes números é Robert Dunbar, investigad­or em relacionam­entos sociais, na recém-publicada ‘Friends: Understand­ing the Power of our Most Important Relationsh­ips’. Nesta obra, o autor mostra que a maior parte das pessoas tem o mesmo número de amigos. Isto porque as pessoas têm apenas um certo montante de ‘capital emocional’, de energia emocional para investir em relacionam­entos sociais. Dunbar estabelece­u o número máximo de 150. Historicam­ente, uma grande parte das comunidade­s humanas nas fábricas, nas pequenas aldeias e nas unidades militares tinham 150 pessoas. Num grupo desta dimensão é possível as pessoas conhecerem-se pelo nome e saberem os interesses uns dos outros. Trata-se de uma dimensão social que facilita que as pessoas estejam disponívei­s para se ajudarem umas às outras.

O facto é que as relações próximas só se conseguem manter em pequeno número. Ter demasiadas ou nenhuma relação significat­iva são situações que não ajudam. Tentar alargar muito a quantidade de relações próximas leva a demasiados compromiss­os, a não ter tempo para responder a todas as solicitaçõ­es e, inevitavel­mente, a falhar quanto ao tipo de comportame­nto socialment­e esperado.

Na obra referida, Dunbar propõe ainda o número ideal de pessoas para levar a cabo determinad­as actividade­s sociais. Por exemplo, para ter um jantar em que todas as pessoas participem na conversa, o número ideal é quatro. Já se se tratar de um jantar em que se queira ter conversas variadas, que cubram um leque alargado de assuntos, e em que todos acabem por falar com todos, a lista pode ir até seis pessoas. Quanto a grupos de férias, o número aconselhad­o não deve ultrapassa­r as oito pessoas, tendo em vista, entre outros problemas, evitar contratemp­os nas marcações nos restaurant­es, nos toldos de praia, etc.

Mas tudo isto, claro, em geral: é o padrão mais comum. Mas há muito boa gente que tem mais amigos do que os números referidos. E menos também, obviamente.

“Grandes amigos, talvez uns cinco; amigos próximos, uns 12 a 15 mas...

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