Correio da Manha - Domingo

O sexo forte

- CARLOS FIOLHAIS, FÍSICO TEXTO ESCRITO COM A ANTIGA GRAFIA

Ébem sabido que, em média, as mulheres vivem mais do que os homens. No mundo, a esperança média de vida é 75 anos para as mulheres e 71 anos para os homens. Em Portugal, essa diferença entre os sexos é maior: 84 anos para as mulheres e 78 anos para os homens. Um espantoso indicador da longevidad­e feminina é o facto de as mulheres perfazerem 95% dos supercente­nários no mundo – as pessoas com mais de 110 anos. O ser humano que viveu mais tempo foi a francesa Jeanne Calment, falecida em 1997 com 122 anos. Actualment­e, a ‘decana’ da Humanidade é outra francesa, com 118 anos (em 2008, foi a portuguesa Maria de Jesus, que morreu com uns admiráveis 115 anos).

Por que razão as mulheres vivem mais do que os homens? O tema continua hoje a ser investigad­o, mas há claramente razões genéticas (as mulheres tem dois cromossoma­s X enquanto os homens tem um X e um Y), fisiológic­as (designadam­ente hormonais: as mulheres produzem progestero­na e estrogénio ao passo que os homens produzem testostero­na) e compor

“Elas estão mais bem preparadas para lidar com as doenças”

tamentais (as mulheres morrem menos de crimes e acidentes, comem e bebem menos e melhor, e têm mais cuidado com a saúde). O médico canadiano Shäron Moalem, no seu livro ‘A Melhor Metade’ (Temas e Debates, 2021), defende a superiorid­ade genética das mulheres. Logo à partida, elas estão mais bem preparadas para lidar com as doenças. De certo modo, é como se a função maternal exigisse que se defendesse­m das enfermidad­es, protegendo os seus bebés. A pandemia de Covid-19 confirmou o melhor funcioname­nto do sistema imunitário feminino: sendo a infecção paritária, as mulheres tiveram menos doenças graves e mortes (na União Europeia 47% dos óbitos de Covid-19 foram femininos). Moalem não tem dúvidas de que o sexo dito fraco afinal é o forte: “No que diz respeito à maratona da vida, há definitiva­mente um sexo que continua a dominar.”

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