Correio da Manha - Domingo

Desejo, frustração e violência

-

O `CRIME DE BIOMÉDICAS' QUE CHOCOU O PORTO E O PAÍS NOS ANOS 90 INSPIROU `URSAMAIOR', ROMANCE COM UMA CARGA ERÓTICA EXPLOSIVA

Rui Manuel Pinto Barbot Costa (n. 1941), conhecido pelo pseudónimo Mário Cláudio, é um escritor cuja obra é caracteriz­ada pela diversidad­e da narra- tiva, que vai da biografia – seja de personagen­s reais, como na ‘Trilogia da Mão’ (ed. Dom Quixote), sobre o pintor Amadeo de Sou- za-cardoso, a violonceli­s- ta Guilhermin­a Suggia e a ceramista Rosa Ramalho, ou fictícias, como o poeta Tiago Veiga ou heróis da banda desenhada – à “psi- correporta­gem”. É assim que o autor classifica ‘Ur- samaior’, inspirado num caso real ocorrido em 1994: o homicídio de uma estudante por um colega e ex-namorado, que ficou conhecido como “o crime de Biomédicas”, por ter acontecido no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto. No romance, Mário Cláudio cria uma atmosfera de erotismo e violência sexual recalcada até ao momento da explosão.

Agorafobia

Mário Cláudio começou pela poesia (‘Ciclo de Cypris’) antes de se dedicar à ficção. Desde ‘Um Verão Assim’ (ed. Quetzal), publicado originalme­nte em 1974, ganhou a apreciação da crítica e do público – embora goste de sublinhar que nunca foi autor de ‘bestseller­s’. Ganhou por três vezes o Grande Prémio de Novela e Romance da Associação Portuguesa de Escritores, a última das quais por ‘Tríptico de Salvação’ (ed. D. Quixote), e por duas o Pen-clube (a primeira por ‘Pórtico da Glória’, ed. D. Quixote). Em 2004, recebeu o Prémio Pessoa pelo conjunto da obra, que é vasta porque, confessou numa entrevista ao ‘Diário de Notícias’, sofre de agorafobia: tem medo de sair, por isso passa muito tempo em casa a escrever.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal