Um recorde robótico
H“Há um nome português nos recordes do mergulho subterrâneo”
á sítios onde é muito difícil, senão mesmo impossível, a exploração humana. Nesses casos, como grutas ou minas inundadas, é necessário recorrer a robôs. O recorde mundial de profundidade em águas doces foi alcançado em 1 de Agosto passado no abismo de Hranice, na República Checa, a maior gruta submersa do mundo, por um robô subaquático, capaz de movimento autónomo. O robô – o UX-1NEO – foi construído por uma equipa internacional, onde pontificam investigadores do INESC-TEC, no Porto.
A marca é impressionante: o UX-1NEO desceu até à profundidade de 450 metros, alargando a topografia da caverna por meio de ultrassons e medindo parâmetros da água. Dados de prospecção geofísica indicam que a gruta, aberta num maciço calcário, deve atingir cerca de um quilómetro na vertical, ainda que as galerias mais profundas estejam repletas de sedimentos. O abismo começa por um largo poço de 70 metros no fundo do qual se abre um pequeno lago que não dá ideia nenhuma do mundo que está por baixo. Um mergulhador polaco só tinha conseguido descer até 225 metros.
Há um nome português na lista dos recordes no assaz perigoso mergulho subterrâneo: Nuno Gomes, engenheiro nascido em Lisboa, emigrado para a África do Sul e hoje residente nos Estados Unidos, desceu, em 1996, até 283 metros na gruta de Boesmansgat, na África do Sul. Ele estabeleceu também o recorde de mergulho no mar, ao descer, em 2005, até 318 metros no Mar Vermelho. O facto de estes dois recordes terem sido batidos, o primeiro pelo francês Xavier Miniscus em 2019 (286 metros na Fonte de Estramar em França) e o segundo pelo egípcio Ahmed Gabr em 2014 (332 metros no Mar Vermelho), não diminui em nada o mérito do português.
O recorde nacional de mergulho em gruta – 215 metros – foi registado em 2020 nos Olhos de Água do Alviela por Armando Ribeiro. Sem conseguir ver o fundo…