Igualdade de género “É mais fácil mudar a lei do que as mentalidades”
QUATRO MULHERES COM PROFISSÕES DE TOPO CONTAM A SUA EXPERIÊNCIA EM TEMAS DE IGUALDADE DE GÉNERO. FORA DA FÁBRICA E EM CONTEXTOS DE MAIOR PRIVILÉGIO SOCIAL TAMBÉM OCORREM SITUAÇÕES DE PRECONCEITO E DE POUCA PARIDADE ENTRE HOMEM E MULHER
Em2017entrouemvigoralei das quotas de género nas empresas públicas e priva- das,impondoque,nosseus órgãosdechefiaefiscaliza- ção, pelo menos 33,3% se- jam mulheres. Nas escolas, na política e na vida pública a participação feminina é real - percorreu-se um longo caminho desde 1974. Mas na Europa a 27 ocupamos o meio da tabela em termos de igualdade de género - segundooíndicequeavaliaaspetos como saúde, trabalho, dinheiro, conhecimento, uso do tempo e poder. Desa- fiámos Laurentina Pedroso, Helena Canhão, Margarida Lima Rego e Anabela Jorge para uma entrevista con- junta sobre estas questões que se prendem com aquilo que, à mesa, imediatamente se definiu como “a possibilidade de qualquer pessoa poder ser o que quiser, sem estar restringida por estereótipos ou qualquer outro tipo de restrições - e também de orientação sexual”, conforme disse Margarida Lima Rego. As estatísticas mostram que as mulheres em Portugal têm mais dificuldade em arranjar trabalho e chegam a ganhar 78% do salário dos homens em empregos com as mesmas qualificações, revela um relatório da OCDE de 2021 - nenhuma das entrevistadas conta para esta estatística, mas mesmo elas têm o que contar.
“Um professor fez uma brincadeira de mau gosto: “O Dr. Pedroso [o meu sobrenome] não pôde vir e mandou a secretária” Laurentina Pedroso Médica veterinária
Igualdadedegénerojánão é propriamente a luta das sufragistas?... Helenacanhão - Subjacente está a necessidade de ainda hoje termos de chamar a atenção para a necessidade de igualdade de género, so- bretudo quando estamos a falar de lideranças ou de áreas mais específicas. Anabela Jorge - Basta olhar para o panorama político. Ainda há um longo caminho.
Helena Canhão - Há coisas que estão a mudar, nomeadamente na Academia. Nesta mesa temos três diretoras de escolas - há dez anos isso era impossível.
Laurentinapedroso - Eu fui a primeira diretora de uma entidade de ensino no âmbito da Medicina Veterinária, a primeira bastonária da minha Ordem, entre 2010 e 2015, quando fiz dois mandatos... A medicina veterinária sempre foi liderada por homens.
Margaridalimarego- E, se calhar, somos pioneiras em muitas coisas diferentes. Eu sou subdiretora [da NOVA School of Law] e candidata a diretora, sendo eleita serei a terceira mulher no cargo, o que é invulgar no país. Na lei, os direitos já lá estão, mas na sociedade nem sempre acontece como deveria. Todas já devemos ter passado por isto: que é chegar a um local acompanha