Convento histórico à espera de ser um novo hotel
O ANTIGO MOSTEIRO JESUÍTA DE ARROIOS AJUDA A CONTAR ALGUNS DOS MOMENTOS MARCANTES DA HISTÓRIA DA CAPITAL, MAS HÁ MAIS DE 30 ANOS QUE ESTÁ DEVOLUTO
Fundado em 1705, com o apoio mecenático da rainha D. Catarina de Bragança, viúva de Carlos II de Inglaterra,
o antigo Hospital de Arroios foi um importante convento do Colégio dos Jesuítas Missionários da Índia. Resistiu ao terramoto de 1755 e a várias mudanças de funções, sucumbindo apenas ao abandono que teima em deixá-lo ‘ad aeternum’ em condição de mamarracho no centro de Lisboa.
Padres expulsos
O gigantesco edifício tem uma longa história para contar. O espaço funcionou como Colégio dos Jesuítas até 1756, ano em que o Marquês de Pombal de- terminou a sua ocupação pelas freiras Concepcio- nistas Franciscanas, vin- das do destruído Conven- to de Nossa Senhora da Luz, em Carnide, rece- bendo a denominação de Convento de Nossa Se- nhora da Conceição da Luz de Arroios. A extinção das ordens religiosas em Por- tugal, recorde-se, tem raízes no reinado de D. Jo- sé I de Portugal e na go- vernação do Marquês de
Pombal. Este último sofreria de um especial ‘azedume’ no que toca ao convento de Arroios e aos jesuítas, por causa da sua estreita relação com os Távoras, em particular com D. Leonor, que tinha como guia espiritual o padre italiano Gabriel Malagrida, que veio a ser condenado como herege num processo inquisitorial paralelo ao que culminou na execução da família (e daqueles que lhe eram mais próximos) pela alegada tentativa de assassinato do rei.
Devoluto desde 1890, ano em que morreu a última freira, passou alguns anos a funcionar como hospital de isolamento para doentes tuberculosos. A partir de 1898 chamou-se Hospital Rainha D. Amélia, e, em 1911, Hospital de Arroios. Foi definitivamente desativado em 1992 e mais recentemente vendido a um grande grupo económico que supostamente terá planos para o transformar em hotel.
Pouco antes do dealbar do séc. XX passou a funcionar como hospital para tuberculosos