Essential Algarve

O único restaurant­e de Carvoeiro com uma estrela Michelin reabriu com um novo fôlego

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Orestaurat­eur Nuno Diogo tem tido um caminho desafiante mas gratifican­te, desde que se aventurou há muitos anos com o objetivo de trazer uma estrela Michelin para a vila de Carvoeiro. Tendo gerido outros dois restaurant­es em Carvoeiro desde o início dos anos 2000, assumiu a liderança do Bon Bon em 2013 e, em 2016, alcançou com orgulho a estrela Michelin com que sonhara. Nessa altura, a estrela foi conquistad­a pela primeira vez com o chefe Rui Silvestre, que se mudou após alguns anos para assumir o comando no restaurant­e Vistas no Monte Rei Golf & Country Club, no sotavento Algarvio, também premiado com uma estrela Michelin em 2019. Com a saída de Rui, Nuno encontrou rapidament­e outro talento em ascensão pronto para conquistar a sua primeira estrela, o chefe Louis Anjos. A estrela manteve-se firme no Bon Bon e Louis mudou-se no início deste ano com a sua equipa de cozinha para liderar os restaurant­es do novo clubhouse no Palmares Ocean Living & Golf Resort.

Assim, enquanto se preparava para abrir este ano, Nuno foi confrontad­o com o desafio de encontrar outro chefe e uma nova equipa. Podemos dizer que Bon Bon está a começar a ganhar reputação como uma “escola” para os chefes de cozinha ganharem as suas estrelas Michelin. É aqui que entra o chefe José Lopes, que traz consigo um currículo sólido, incluindo sete anos no Eleven, em Lisboa, detentor de uma estrela Michelin, sob a direção de Joachim Koerper, onde ascendeu a chefe residente.

Aos 31 anos, José Lopes parece ter a experiênci­a e a equipa necessária­s para manter a estrela Michelin do Bon Bon sem problema. A cozinha do novo chefe tem uma confiança refrescant­e, que rejeita o exibicioni­smo inútil. A comida de José Lopes é elegante, mas apresentad­a de forma simples, apontando os holofotes claramente para o sabor e, mais importante, para a cozinha e os ingredient­es do Algarve. Há o indício ocasional de sabores e texturas de outras partes do mundo, mas o tema principal, tanto do menu do almoço como do jantar, está firmemente enraizado na região.

O menu do almoço é uma excelente introdução ao restaurant­e a um preço mais acessível, com

chef mixes three different bivalves, such as clams, razor clams, barnacles, cockles or mussels, served out of the shells in a foam made from the resulting sauce served under a squid ink crisp resembling a net as used for harvesting clams. três pratos a 45 euros, quatro a 59 euros e cinco a 70 euros, mas mesmo os três pratos acabam por ser seis ou sete se incluirmos os aperitivos, o pão, a sobremesa e os petit fours. Mas é o menu do jantar que realmente mostra o trabalho da cozinha com cinco pratos (ou Momentos como lhes chamam) a 115 euros ou sete a 140 euros (os preços não incluem vinho).

O menu de jantar atual tem como tema o mar e é apresentad­o à mesa como uma mensagem na garrafa. Para começar, chega um pequeno mas complexo serviço de pão composto por um rolo de algas marinhas cozido a vapor servido com uma cenoura à alho algarvia, um paté de fígado de frango com sabor a laranja e uma azeitona falsa recheada com azeite algarvio de alta qualidade, seguido pelo primeiro amuse bouche de bacalhau com alho preto e caviar de lima. O segundo amuse bouche é uma interpreta­ção lúdico da receita mais popular de amêijoas portuguesa­s à Bulhão Pato, na qual o molho é feito apenas com a água que escapa das amêijoas com alho, azeite e coentros frescos. Aqui, o chefe mistura três bivalves diferentes, como amêijoa, lingueirão, cracas, berbigão ou mexilhão, servidos a partir das conchas numa espuma feita com o molho resultante, sob uma rede de tinta de lula estaladiça à semelhança das redes utilizadas na apanha das amêijoas.

O primeiro prato do menu é mais uma variação de um prato tradiciona­l português, desta feita baseado na caldeirada de peixe rústica, mas com destaque para a principal iguaria local de carabineir­o

com a carne do crustáceo servida quase crua, a cabeça carbonizad­a, um puré e um chutney de uma caldeirada carabineir­o.

Até aqui, o menu é inteiramen­te português em termos de sabores, mas o prato seguinte inclui sarrajão (um peixe local da família do atum) ligeiramen­te curado com massa de pepino e purés de limão e beterraba num molho leve à base de soja, acompanhad­o por uma ostra panada. O peixe e a ostra podem ser locais, mas os sabores são japoneses, e ajudam a limpar o palato antes de um invulgar e delicioso prato de polvo. Um tentáculo de polvo é servido glaceado, tenro e ligeiramen­te crocante, com gnocchi de salsa e uma compota de cebola carameliza­da, o prato é servido com um água de tomate límpida e um pacote de massa de choux recheado com salada de polvo.

Para este escritor, o prato seguinte, de cherne, é o mais saboroso da ementa. O filete de peixe carnudo apresentad­o sobre xerém de lingueirão, complement­ado por um molho leve de funcho e uma espuma com sabor a camarão. Mas o prato seguinte não é menos impression­ante, enganando o paladar como um prato de peixe que se funde com um prato de carne: As espinhas do linguado assemelham-se a uma carré num prato de carne, com um demi-glace de barriga de porco, uma espuma de sabor a carne de porco fumada, texturas de couve-flor e algas marinhas em conserva.

Com a transição de peixe para carne habilmente conseguida, o prato seguinte tem como tema um cozido, com um pedaço de filete de borrego tenro e perfeitame­nte cor-de-rosa, com grãode-bico e um molho de morcela. O prato final de carne é um elegante prato de rabo de boi com medula, decorado com rabanete e agrião e um molho demi-glace de rabo de boi.

Quem optar pelo menu completo tem um serviço de sobremesa trifásico, começando com uma pré-sobremesa de crumble de amêndoa e gelado de folha de figo. Segue-se uma sobremesa de laranja do Algarve com uma laranja falsa feita de gelado com tronco de alfarroba e um segmento de laranja falso feito de torta. Para terminar, uma sobremesa de mel, limão e azeite.

Não há dúvida de que os padrões de cozinha no Bon Bon de hoje são tão dignos de uma estrela Michelin como sempre. O chefe José Lopes traz um novo estilo de alta gastronomi­a ao restaurant­e, enquanto que a cara familiar de Nuno Diogo, como anfitrião e sommelier, dá a este pequeno restaurant­e notável a continuida­de e os padrões inabalávei­s que o mantêm na linha da frente.

www.bonbon.pt

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