ALBERTO GIACOMETTI E PETER LINDBERGH, MUSEU DA MISERICÓRDIA
No outro lado do rio Douro, Capturar o Invisível, patente no Museu da Misericórdia (MMIPO) é uma exposição sumptuosa de esculturas e desenhos de Alberto Giacometti com fotografias de Peter Lindbergh, uma visita que não posso recomendar o suficiente.
Giacometti nasceu na Suíça, em 1901, oito anos antes do nascimento de Bacon, em Dublin, tornando os dois artistas contemporâneos de certa forma. Enquanto Bacon fez uma série de longas estadas em Paris, Giacometti passou lá a maior parte da sua vida adulta. Durante alguns anos, no início da década de 1960, encontraram-se em Paris e tornaram-se amigos até à morte de Giacometti, em 1966.
Ambos os artistas eram obcecados com as possibilidades de expressão da cabeça e da figura humana. À semelhança de Bacon, Giacometti trabalhava com os seus amigos sofredores como modelos e, tal como Bacon, elevando constantemente a fasquia, Giacometti descartava muito do seu trabalho. Na obra Um Retrato de Giacometti, o autor estado-unidense James Lord relata a experiência intensa de posar para o artista durante 18 dias consecutivos. Todas as noites, Giacometti parecia ter alcançado a perfeição, e Lord era incapaz de imaginar como o seu retrato poderia vir a ser melhorado. Na manhã seguinte, quando o seu modelo regressava ao estúdio, Giacometti, sempre insatisfeito com o seu trabalho, anunciava que tinha destruído a produção do dia anterior. Assim, o artista acendia um cigarro, e dava início a mais um dia extenuante de poses.
Num tom diferente, o fotografo de moda alemão Peter Lindbergh foi fundamental na génese das supermodelos da década de 1990, os «rostos que lançaram mil perfumes». Embora estivesse longe de ser indiferente à beleza plástica, Lindbergh estava igualmente preocupado em retratar a personalidade de cada modelo. Muitos dos seus melhores trabalhas foram feitos a preto e branco, algo que considerava ser mais «generoso» para a modelo e mais sensível ao seu caráter.
Um dos últimos projetos de Lindbergh passou por fotografar o trabalho de Giacometti nos arquivos da Fondation Giacometti, em Paris. A exposição do MMIPO cria um diálogo extraordinário e intimo entre as esculturas originais de Giacometti em bronze e a percepção de Lindbergh desses trabalhos, vistos através da lente da sua máquina fotográfica e produzidos como impressões fotográficas de grande escala.
Patente até 24 de setembro, a exposição Capturar o Invisível é patrocinada pela Taylor’s Port, que oferece um copo de Vinho do Porto para ser apreciado no terraço do MMIPO, com vista para a cidade do Porto. Adrian Bridge, CEO da Taylor’s, explica que a marca planeia organizar exposições anuais de arte internacional no Porto, além das mostras permanentes nos vários museus do World of Wine, associadas à Taylor’s. www.mmipo.pt