Destino tantas vezes premiado, a Madeira é um microcosmos com muito de especial. A Essential foi à procura das razões para este sucesso
Há quem diga que a Madeira já era um destino turístico antes mesmo de a própria palavra turismo ter sido inventada. Exagero de expressão ou realidade, o facto é que este destino tem mais de dois séculos de fama e prestígio e acumula prémios e reconhecimentos internacionais, dos quais os World Travel Awards são apenas um exemplo dos últimos anos (várias vezes melhor Destino Insular da Europa e do Mundo).
Para muitos o reconhecimento não é surpresa. Mas vale a pena tentar perceber o que tem a Madeira de especial? O que torna a paisagem única e o que faz este lugar ficar na memória de quem o visita?
Para Eduardo Jesus, Secretário Regional do Turismo e da Cultura, a resposta ao reconhecimento
internacional encontra-se na autenticidade do destino, alicerçada na aliança entre as ilhas e quem as visita.
Para além do facto de ser autêntico, o Destino Madeira destaca-se pela sua pluralidade, transversalidade e ousadia.
Sim, só assim se explica o mundo de possibilidades, entre o azul e o verde, que o arquipélago tem para oferecer.
Quem visita a Madeira, sabe que tem de estar preparado para enfrentar vários microclimas e, por vezes, passar pelas quatro estações num dia. Este é também um desafio para os amantes da fotografia.
Francisco Correia, fotógrafo, explica que em cada recanto da Madeira e de Porto Santo há sempre a possibilidade de um novo olhar.
“O maior exemplo que dou é o Fanal, que para além de ser um local mágico, pode ser fotografado de maneiras diferentes, tendo em conta as condições do tempo e a hora do dia. A luz aqui muda rapidamente dando a possibilidade de obter vários tipos de fotografia”, afirma.
Ainda no campo da fotografia, há também quem destaque os planos acentuados das serras da Madeira e locais como a Ponta de São Lourenço, no Caniçal, “onde é possível obter uma perspetiva de norte e sul”, refere Miguel Nóbrega, também ele fotógrafo.
O arquipélago é feito de antíteses, de extremos que se tocam e complementam, formando casais perfeitos. Como é o caso da serra e do mar. Tanto na Madeira como em Porto Santo, é possível aventurar-se numa caminhada pela manhã e terminar o dia com um mergulho em águas cristalinas. Há uma pluralidade de opções que permitem combinar os gostos mesmos dos grupos com opiniões mais contrárias.
Gonçalo Vieira, guia de montanha, refere que apesar da área reduzida o arquipélago tem uma oferta transversal a diferentes faixas etárias e motivações dos visitantes. “Numa semana é possível visitar ou realizar atividades diferentes todos os dias”, justifica.
Para o guia, entre as atividades obrigatórias encontra-se caminhar por um dos 33 percursos pedestres recomendados, pois só assim é possível constatar o porquê de a Madeira ser reconhecida pelo seu património natural.
“Com uma simples caminhada é possível entrar numa floresta densa repleta de cheiros e cores. Noutro momento podemos deparar-nos com uma cascata lindíssima que aparece de repente no meio do nevoeiro. Caminhando pela costa podemos ficar maravilhados com as encostas que o mar formou e nas altitudes mais altas entramos numa paisagem quase alpina onde, apesar de altitudes não serem as mais elevadas, a imensidão do relevo acentuado e as suas formações geológicas, fazem-nos sentir pequenos e impotentes”, explica Gonçalo Vieira.
O verde das serras e das florestas do arquipélago contrasta com o azul do oceano Atlântico. Pedro Mendes Gomes, responsável de uma empresa de animação turística que realiza viagens de iate, destaca a qualidade e a temperatura da água em torno das ilhas.
“Temos baías com águas cristalinas e um azul único do nosso oceano. Numa viagem de barco, tanto podemos estar numa zona que possui 2.500 metros de profundidade, com um azul e transparência únicos, como podemos estar numa baía com águas cristalinas, onde é possível ver todo o nosso fundo”, afirma Pedro Mendes Gomes.
Ao lema do seu iate, Pedro Mendes Gomes vende também sonhos, numa atividade em crescimento na ilha, como a observação de golfinhos e baleias. “Sabemos que muitos dos nossos clientes têm o sonho de ver animais selvagens no seu habitat natural, daí ser sempre uma viagem inesquecível”, explica.
À bênção da natureza, o calendário turístico da Madeira destaca-se de o de outros destinos pela consistência da sua programação. Devido à sua área profissional, Dino Gonçalves, arquiteto e designer de interiores, viaja um pouco por todo o mundo e não hesita em destacar onde é que a Madeira se sobressai quando comparada a outros destinos.
Olhando para locais como as ilhas Baleares, por exemplo, Dino Gonçalves nota que a grande diferença entre a Madeira e as ilhas do Mediterrâneo, é que a Madeira consegue superar o desafio da sazonalidade, oferecendo aos seus visitantes uma panóplia de eventos e atividades durante todo o ano.
O arquiteto e designer de interiores refere que na Madeira há sempre algo a acontecer e destaca o Fim-do-Ano, o Carnaval, a Festa daFlor,
as festas de verão e a festa do vinho Madeira. “É uma ilha com 365 dias de animação”, afirma.
A uma beleza natural que se destaca do mar à montanha, o Destino Madeira tem sabido adaptar-se, com um turismo focado em várias taxas etárias e gostos. Um dos maiores exemplos recentes, é o aumento do número de jovens a chegar à ilha, após o sucesso do projeto Digital Nomads. Autenticidade, consistência e adaptação aos tempos são as palavras-chave do sucesso do destino.