MATOSINHOS O MAR NAS PAREDES
A tradição piscatória tem dado o mote para a consagração da arte urbana na cidade.
Já desde 2014 que nesta cidade, mais precisamente em Leça do Balio, se podia visitar o maior mural português, em frente ao centro empresarial da Lionesa, antiga fábrica de sedas. A iniciativa foi da própria Lionesa e da Unicer, duas empresas cidade, em parceria com a autarquia. Caos, Distopia, Draw, Mar, Mário Belém, Mr Dheo, Nomen, Ram, Third e Utopia ocuparam os 1400 metros quadrados do muro com referências à história da cidade, aos seus habitantes e à sua cultura.
Algumas das imagens mais marcantes remetem para a pesca, atividade icónica de Matosinhos. Nomem fez o retrato de um pescador e de um barco a enfrentar a noite: «São olhos que esperam o barco voltar…», pode ler-se na obra. Draw e Mr. Dheo também pintaram pescadores, enquanto Mário de Belém representou o sofrimen- to das mulheres destes, no seu Bai mas Bolta, cujas imagens fazem lembrar a densidade dramática da escultura de 1978 de José João Brito (na praia de Matosinhos), que por sua vez foi inspirada pelo quadro Tragédia do Mar, de mestre Augusto Gomes, que remete para o naufrágio de 1947 no qual morreram 152 pescadores.
A Lionesa voltou a estar envolvida na promoção da arte de graffiti com projeto Up There, no âmbito da Matosinhos Capital da Cultura do Eixo Atlântico, e que teve como curador Mr. Dheo. No ano passado inauguraram assim mais seis trabalhos, dois deles nos bairros sociais Carcavelos e Biquinha, obras do francês Katre e do ARM Collective. A rota de arte urbana fica ainda mais completa com obras concebidas para a Galeria P55, para a Escola Secundária Augusto Gomes e para a Escola do Estádio do Mar.