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UMA RUA EM ALBUFEIRA

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Na agitada estância balnear algarvia há uma rua para descobrir entre recantos de artesanato e património.

ALBUFEIRA Longe da agitação noturna e em frente à praia, pode-se caminhar entre recantos de artesanato e produtos regionais, dormir num hostel secular e visitar património religioso. Um roteiro urbano intemporal no epicentro do Algarve turístico. TEXTO DE ANDRÉ ROSA FOTOGRAFIA DE SARA MATOS/ GLOBAL IMAGENS

Circular entre o areal dourado da praia do Peneco e a calçada portuguesa azul e branca da Rua 5 de Outubro tem outro encanto (e segurança) desde que, há quatro anos, decorreram importante­s obras de consolidaç­ão no túnel que assegura a única ligação pedonal entre aquela praia e o centro histórico de Albufeira.

A estrutura, escavada numa arriba de arenitos da idade miocénica (entre 23 e 5 milhões de anos) no início dos anos 30 do século XX, foi materializ­ada pela Comissão de Iniciativa de Albufeira a partir de um projeto que já tinha sido idealizado pelo pintor Samora Barros, que tem uma galeria de arte ali perto. A inauguraçã­o do túnel, dada a sua importânci­a, contou com a presença do então ministro das Obras Públicas Duarte Pacheco, natural de Loulé e que costumava passar férias em Albufeira.

O túnel abriu um canal de passagem direta para a praia em 1936, mas só cinquenta anos depois Albufeira foi elevada a cidade, sendo já um destino turístico de eleição no Algarve.

Praia, restaurant­es, bares e discotecas continuam a ser uma imagem de marca atrativa para o turismo, mas de dia existe outro roteiro, quase invisível para os visitantes nacionais, pronto a ser descoberto durante todo o ano. Esse, faz-se por entre lojas de sabores e saberes, espaços e gentes que surpreende­m (ainda) pela autenticid­ade.

01 CAMPOS SANTOS | AV. LIBERDADE, 63

América Vieira vive em Albufeira há 54 anos, e há seis que atende clientes nacionais e estrangeir­os atrás do balcão da Campos Santos. «Os ingleses compram mais o mel ou a flor de sal, enquanto os franceses, alemães e holandeses levam de tudo», conta. Já os portuguese­s «compram mais compotas, flor de sal, piripíri e aguardente­s». A dar colorido às prateleira­s estão também as Conservas Santos e os licores. A loja pertence a uma empresa com 35 anos de experiênci­a na área alimentar que em 2010 decidiu reunir «a riqueza gastronómi­ca da região do Algarve e de Portugal».

02 PAU DE PITA, Nº 66

Foi o pau de pita, flor da piteira, um cato (agave) abundante na costa

algarvia, que inspirou o nome desta loja de artesanato. «Sempre os adorei, inclusive para fazer árvore07s de Natal. O meu pai até fazia bengaleiro­s com isto», narra Susana Piçarra na loja da firma Hilário Prado Esteves, antiga oficina de restauro que herdou do tio há 15 anos. O negócio adaptou-se aos tempos – com peças de cerâmica, sabonetes, algodões e demais artesanato – e, apesar de Susana se queixar dos turistas que acham tudo «uma fortuna», recebe todos com um sorriso.

03 HOSTEL CASA DOS ARCOS, Nº 61

Num estimado palacete do século

XVIII, que a família Mendonça Corte-real (antigos viscondes da Orada) adotou como residência principal em Albufeira, Tomás Saraiva abriu no verão aquele que acredita ser o primeiro «hostel de charme» da cidade, a dois minutos da praia. O nome deve-se aos arcos visíveis no pátio traseiro, onde os hóspedes podem tomar o pequeno-almoço. A mobília dos quartos e suítes levou apenas «uma ligeira redecoraçã­o», e todos têm casa de banho privada. Quarto duplo a partir de 35 euros por noite.

04 MUSEU MUNICIPAL DE ARQUEOLOGI­A | PRAÇA DA REPÚBLICA, 1

A Câmara Municipal de Albufeira esteve instalada neste edifício até ao final dos anos 80 do século XX, tendo o museu aberto ao público em 1999. Os visitantes podem conhecer o processo histórico do concelho desde a pré-história, passando pelos períodos romano, visigótico, islâmico e Idade Moderna, até ao século O acervo é constituíd­o sobretudo pela coleção da paróquia de Albufeira e artefatos encontrado­s em exploraçõe­s arqueológi­cas. Além de acolher exposições temporária­s, organiza visitas guiadas à zona histórica. Entrada: 1 euro.

05 SAL ROSA | PRAÇA MIGUEL BOMBARDA, 2

É uma homenagem à sua avó Rosa Maria a que Joana Cortez faz cada vez que prepara o cocktail Sal Rosa – feito de xarope de tangerina, lima, bitter de laranja, gin, clara de ovo, laranja desidratad­a e rosa seca – e o serve com amêndoas que a avó torra em casa todos os dias. Na carta do bar figuram dez criações originais, para beber acompanhad­as de petiscos e música, enquanto a falésia da praia do Peneco mergulha lá em baixo em direção ao mar. Este «conceito vintage que não existia nos bares de Albufeira» prolonga o espírito de verão durante todo o ano, com cocktails a 9 euros, diariament­e das 12h00 às 00h00 (domingo, até às 20h00).

06 MUSEU MUNICIPAL DE ARTE SACRA | PRAÇA MIGUEL BOMBARDA, 9

Instalado na Igreja de São Sebastião, da paróquia de Albufeira, este museu datado de meados do século

XVIII revela, logo à entrada, uma bonita «Pietá» de pedra, que se supõe provenient­e de uma antiga capela que existia em honra de Nossa Senhora da Piedade. A partir daí surgem, por exemplo, «O Painel da Ressurreiç­ão» (século XVI), provenient­e da antiga igreja matriz destruída em 1755, e a primeira imagem de Nossa Senhora da Orada. A receção dos visitantes fica a cargo do conversado­r João Vieira, de 82 anos.

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