Evasões

A MATÉRIA-PRIMA DE BERTÍLIO GOMES

- TEXTO DE FERNANDO MELO FOTOGRAFIA DE JORGE SIMÃO

As lulas do nosso mar são o produto-estrela para mais uma receita do chef natural do Algarve.

LULA São parecidas com o polvo em quase tudo, incluindo os oito tentáculos e o sistema de propulsão por bombagem da água que acumulam. Mas no sabor e na textura as lulas são únicas e exprimem diretament­e o habitat em que medram. No prato desta semana, o chef Bertílio Gomes propõe o cefalópode na forma mais imaculada, de anzol.

Omar português é gerador de uma fauna diversific­ada de peixes, mariscos e moluscos e é todo ele agitado, frio e profundo. O que cresce nos nossos mares esforça-se mais e luta mais pela sobrevivên­cia do que, por exemplo, o que provém das latitudes tropicais e subtropica­is. A proporção pode atingir quatro para um na dimensão generosa de um crustáceo criado em águas marroquina­s quando comparado com o que temos na nossa costa. Rende mais, diz-se, e é verdade, alimenta mais bocas. Mas o sabor do nosso é incomparáv­el, o mais pequeno é, no caso muito, mais saboroso. E as lulas saem do mar com uma fibra firme que se oferece ao corte na boca com textura única. Requer cuidado na cozedura, é certo, mas está praticamen­te pronta a comer desde o primeiro instante.

O chef Bertílio Gomes venera o produto atlântico e chama a si com particular carinho as

espécies a que, sem querer, damos menos importânci­a. Conhecemos os seus trabalhos com o polvo e a batata-doce, familiares para um algarvio como ele, mas hoje dá um passo em frente propondo a lula pescada a anzol e a raiz de funcho como base de um prato simples mas muito saboroso. Como sempre, fácil de executar. Boas experiênci­as.

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