A MATÉRIA-PRIMA DE BERTÍLIO GOMES
As lulas do nosso mar são o produto-estrela para mais uma receita do chef natural do Algarve.
LULA São parecidas com o polvo em quase tudo, incluindo os oito tentáculos e o sistema de propulsão por bombagem da água que acumulam. Mas no sabor e na textura as lulas são únicas e exprimem diretamente o habitat em que medram. No prato desta semana, o chef Bertílio Gomes propõe o cefalópode na forma mais imaculada, de anzol.
Omar português é gerador de uma fauna diversificada de peixes, mariscos e moluscos e é todo ele agitado, frio e profundo. O que cresce nos nossos mares esforça-se mais e luta mais pela sobrevivência do que, por exemplo, o que provém das latitudes tropicais e subtropicais. A proporção pode atingir quatro para um na dimensão generosa de um crustáceo criado em águas marroquinas quando comparado com o que temos na nossa costa. Rende mais, diz-se, e é verdade, alimenta mais bocas. Mas o sabor do nosso é incomparável, o mais pequeno é, no caso muito, mais saboroso. E as lulas saem do mar com uma fibra firme que se oferece ao corte na boca com textura única. Requer cuidado na cozedura, é certo, mas está praticamente pronta a comer desde o primeiro instante.
O chef Bertílio Gomes venera o produto atlântico e chama a si com particular carinho as
espécies a que, sem querer, damos menos importância. Conhecemos os seus trabalhos com o polvo e a batata-doce, familiares para um algarvio como ele, mas hoje dá um passo em frente propondo a lula pescada a anzol e a raiz de funcho como base de um prato simples mas muito saboroso. Como sempre, fácil de executar. Boas experiências.