...E DE MOÇAMBIQUE EM LISBOA
LISBOA O primeiro restaurante de comida portuguesa com influências moçambicanas da cidade abriu há dez anos, mas sabe renovar-se a cada estação. Da cozinha para mesa, as memórias do chef João Pedro Pedrosa.
OTejo está tão próximo que quase se consegue tocar-lhe, sentados na esplanada ou mesmo na sala branca com amplas janelas de alto a baixo. Em segundo plano, os cacilheiros rumo à estação do Cais do Sodré inspiram uma sensação de viagem, e é isso também que se encontra à mesa, centrando as atenções na nova carta de outono do Ibo.
Aberto há dez anos pela mão de João Pedro Pedrosa - rosto da quarta geração de uma família portuguesa com fortes ligações a Moçambique -, a casa ainda hoje se mantém uma referência e um porto seguro para quem procura recuperar memórias daquele território, através da comida.
«Temos clientes que não nos deixam tirar certos pratos, que já se tornaram de tal forma a cara do Ibo [...]. Mesmo assim, há sempre espaço para novas criações e novos sabores», explica. As entradas são compostas vieiras em beurreblanc de lima e tártaro de maçã e um ceviche de peixe branco em lima, limão e coentros.
Nos principais de peixe, a garoupa é protagonista: serve-se o lombo, com molho de curcuma e coentros e arroz basmati, e também em arroz com amêijoas e coentros.«sãosaboresque se comiam em casa dos amigos», classifica o chef.
Nas carnes, estreiam-se por sua vez o rib-eye maturado com legumes assados e puré de batata trufado e a costeleta tomahawk maturada com migas de cogumelos e espinafres.
A fusão Portugal-moçambique ganha novo fôlego no ato final, com um novo carpaccio de ananás com mel e lima a transmitir uma certa tropicalidade e um folhado de abóboraconfitadacomgeladodecocoamarcaradualidadequente e frio. Os pratos já emblemáticos, como o caril de caranguejo ou o chacuti de cabrito, mantêm lugar cativo na carta. Moçambique sempre presente.